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quinta-feira, 9 de outubro de 2014

Esperança, aflição, desespero e clima hostil: novo drama da torcida do Bota


Início da partida mistura apoio e apreensão, mas gol do Palmeiras é senha para a arquibancada do Maracanã virar palco de protestos. Alvinegros criticam dispensas




O silêncio nunca fez parte da noite da torcida do Botafogo no Maracanã. O início do jogo contra o Palmeiras foi de incentivo, mesmo que tímido, e esperança em meio à apreensão de como o time se comportaria na primeira vez em casa após a bombástica dispensa de quatro titulares anunciada na última sexta-feira – Emerson Sheik, Bolívar, Edilson e Julio Cesar tiveram seus contratos rescindidos, e o goleiro e capitão Jefferson escapou da demissão graças à condição de ídolo. No entanto, os erros foram minando a paciência dos alvinegros, e o gol de Henrique virou o estopim para uma série de xingamentos e momentos de desespero com a lanterna do Campeonato Brasileiro a 11 rodadas do fim.




O horário das 19h30 costuma atrair mais o público, mas também faz com que a maioria chegue em cima da hora. Por isso, havia filas nas bilheterias do Setor Sul faltando 30 minutos para a bola rolar – o número de pagantes foi de 9.123, com cerca de 2.500 alviverdes presentes. O primeiro tempo irregular em campo ensaiou a irritação que viria a tomar conta do estádio mais tarde. O rival na luta contra o rebaixamento abriu o placar e gerou reações diversas: uma organizada não parou de cantar, mas outros se calaram e se sentaram, desolados.

Havia centenas de botafoguenses solitários na arquibancada. Questionado sobre o motivo, um deles respondeu que "os amigos já desistiram". O cenário foi motivado pela crise fora das quatro linhas, com falta de pagamento, má relação entre jogadores e diretoria e a saída repentina dos quatro jogadores. A maioria dos torcedores pareceu ter reprovado a atitude do presidente Mauricio Assumpção.



– Jobson é um jogador polêmico, mas está requisitado para reforçar por um desespero de causa. Ele (Assumpção) acabou com o que restava do time, que está em frangalhos, e a torcida está revoltada – afirmou Carlos Possolo.

– Eram jogadores importantes para o time, e é difícil aceitar nos casos de Edilson e Sheik. Não era o momento, porque precisamos deles. Entendo que saísse um, se fosse por indisciplina, mas os quatro... Aí quem sai prejudicado é o Botafogo – acredita Mateus Marques, acompanhado do colega de trabalho Renan Lima.

Outros alvinegros, ainda no intervalo, ressaltaram que não se sabe ao certo o que houve nos bastidores e preferem esperar para descobrir se a medida terá efeito positivo.
Torcedor enrolado à bandeira diz que não
abandonará o time (Foto: André Casado)
O fato é que, perto do apito final, a torcida hostilizou o dirigente, aos gritos de "Assumpção, vá se f..., o Botafogo não precisa de você!". Mas a lista de eleitos foi longa. Sobrou para Ramírez, pelo desempenho ruim; Carlos Alberto, cuja volta para o Vasco foi pedida; para o técnico Vagner Mancini, chamado de burro; e para Zeballos, vaiado de forma unânime ao ser substituído por Yuri Mamute. O nome de Bolívar, em meio à revolta, foi lembrado como o "general". Mas, quando o coro por Edilson foi puxado, houve vaias e contestação.

Até um princípio de confusão aconteceu. Depois de reclamar várias vezes que o bandeirão estava atrapalhando sua visão, um torcedor gritou para o responsável:

– O time vai cair e vai voltar, e você não vai abaixar essa bandeira! – ironizou, recebendo uma encarada que foi o estopim para uma discussão de baixo nível.

Já o alvinegro Fernando Salina, enrolado numa bandeira, deixou a revolta de lado para garantir seu lugar nas próximas partidas. Na alegria e na tristeza.

– Não importa a situação. Eu venho até o fim.





Por André Casado e Felippe Costa Rio de Janeiro/GE

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