Meia explica saída, elogia ex-companheiros e só se divide quando perguntado para quem vai torcer na Copa do Brasil: Botafogo ou Flamengo?
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Andrezinho está feliz na China (Foto: enorth.com.cn) |
O Botafogo é cada vez mais candidato ao título brasileiro, principalmente depois de três vitórias consecutivas, duas delas conquistadas de forma dramática. Mas houve muito botafoguense pensando em jogar a toalha depois das saídas de Fellype Gabriel, Andrezinho e Vitinho. A fé na conquista se renovou e ganha eco na China, onde um dos "desertores" alvinegros convoca os torcedores a carregarem o time rumo a um fim de ano fantástico. Agora no Tianjin Teda, Andrezinho aponta a sintonia entre jogadores e arquibancada como o caminho para o caneco.
- O Botafogo merece pelo grupo que tem, o trabalho que o Oswaldo e sua a comissão técnica estão fazendo é excelente. O Oswaldo é um cara que merece. Com toda a dificuldade que a diretoria está encontrando com o fechamento do Engenhão, isso tudo fez com que os jogadores e a torcida ficassem mais próximos, mais unidos, e espero que o Botafogo seja campeão. Estou aqui na China na torcida para que eles apoiem e que mantenham essa união com o grupo de jogadores e a comissão técnica. Podem confiar, porque eles são muito competentes e todos os jogadores que estão vestindo a camisa do Botafogo vão fazer de tudo para conquistar um título importante esse ano. Esse apoio deles é superimportante, com eles o grupo fica mais forte, o Botafogo fica mais forte. Que esse apoio seja incondicional - pregou.
Andrezinho foi muito bem-sucedido nas quatro temporadas em que defendeu o Internacional, mas não alcançou o status de protagonista nos dois anos de General Severiano. Em sua autoavaliação, não decepcionou, mas admite que poderia ter ido além caso não fossem as constantes lesões. Foram 60 jogos pelo Botafogo, apenas dez em 2013. Fez dez gols e foi campeão carioca.
- Não foi abaixo do que eu esperava, mas as contusões me atrapalharam. Em 13 anos de carreira, nunca tinha machucado da forma que eu machuquei. Comecei o ano passado com duas contusões que me atrapalharam, logo na minha chegada. Depois tive uma sequência no Brasileiro em que acabei como um dos artilheiros do time na competição, fazendo grandes jogos. No meu modo de ver terminei o ano bem, voltei da pré-temporada bem. Começou o Carioca, iniciei fazendo gols e grandes partidas, mas infelizmente sofri uma lesão que posso dizer que foi a mais grave da minha carreira até então (no púbis, que o tirou de ação por dois meses). Todo o departamento médico e o pessoal da fisioterapia sabem o quanto me empenhei para voltar 100%. Fiquei muito tempo para me recuperar, recuperei até antes do previsto, mas com limitações. Sempre quando estive 100% correspondi. Contusões fazem parte da vida do jogador. Se não fossem essas contusões teria tido mais sequência e teria ajudado mais meus companheiros - opina.
Como pouco jogou em 2013, Andrezinho não deveria ter adiado sua saída? Segundo o próprio, não. Ele garante ter recebido proposta irrecusável:
- Era o momento. Recebi uma proposta que não dava para recusar, foi uma coisa boa financeiramente naquele momento, optei por sair até porque sou um jogador que já tem 30 anos e tenho que pensar no futuro. Na minha saída, a diretoria e o Oswaldo deixaram bem claro que a decisão estava na minha mão. Pela dificuldade financeira pela qual o clube estava passando, pela proposta, que era muito boa para um jogador de 30 anos, sentei com a minha família e resolvi aceitar. Foi muito difícil deixar o Botafogo, que tem um grupo de jogadores excelentes, um clube onde fiz muitas amizades, que tem uma comissão muito competente.
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Andrezinho festeja seu último gol pelo Botafogo, na vitória sobre o CRB (Foto: Fernando Soutello / Agif)
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Andrezinho assinou contrato de dois anos com o Tianjin Teda e, aos 30 de idade, crê ser possível voltar para o Brasil e brilhar novamente. Imagina-se jogando em alto nível até os 36 anos, mas antes do retorno à terra natal ele pretende explorar o futebol chinês, para o qual lança um olhar bastante otimista em relação ao futuro. Vale lembrar que ele já passou pela Ásia: entre 2004 e 2007 defendeu o Pohang Steelers, da Coreia do Sul.
- Na Coreia o futebol é bem mais rápido do que aqui na China, a adaptação por eu já ter morado na Coreia quatro anos facilitou muito. A única dificuldade é a comida e o idioma, que é difícil, mas na Coreia o futebol é realmente bem diferente do futebol chinês. As equipes coreanas são mais profissionais, aqui na China o futebol chinês está evoluindo, com grandes contratações. Já trouxeram Drogba, agora o Vagner Love, Conca... Tem muitos jogadores de qualidade, de nome, para elevarem o nível do futebol chinês. A China daqui a alguns anos pode ser uma potência, sim. É um mercado escondido, mas que quando chega aqui você se surpreende, é uma surpresa boa - disse o atleta, que soma seis jogos e um gol pelo Tianjin.
Embora ainda cogite o futebol brasileiro, Andrezinho é um homem realizado. Garante não ter mais sonhos como jogador e usa como lema as seguintes palavras: "É só o rebobinar o filme da minha vida e ver onde estou, o que o futebol me proporcionou, e de onde saí". A frase é do ex-zagueiro Rondinelli, conhecido pela torcida do Flamengo como o Deus da Raça e responsável por ter levado Andrezinho para a base do Rubro-Negro. O Fla, aliás, é o único clube capaz de fazê-lo torcer contra o Botafogo em 2013. Mas, ele, bem dividido, garante que isso só acontecerá, com o coração bem apertado, na Copa do Brasil.
- Tenho amigos no Botafogo, como tenho no Flamengo. Pode ficar empate, não? (risos) Ou se não o Flamengo campeão da Copa do Brasil e o Botafogo campeão brasileiro, aí ficaria bom para todo mundo (risos) - encerrou Andrezinho, hoje um grande admirador Botafogo mas que também nunca escondeu o carinho pelo Fla.
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Andrezinho já usou cabelos diferentes em pouco mais de dois meses na China, onde já fez um gol em seis partidas disputadas (Foto: Reprodução / enorth.com.cn) |
Por Fred Gomes Rio de Janeiro