Olha, foi um pedido do Ricardo. Surpresa, surpresa, eu digo que no futebol a gente nunca deve estar desarmado, ser apanhado de surpresa. Não foi o caso, a gente sabia que o Henrique tinha algumas demandas, o silêncio dele ao longo de todo o período em que nós fizemos a convocação do elenco acendeu uma luz amarela da parte do Botafogo. E eu estou muito confiante que a gente vá superar isso porque o Botafogo ainda não foi notificado, e quando o juiz puxar o levantamento das coisas vai ver que o Botafogo não deve nada ao Henrique. Então, da parte do Henrique acho que foi uma atitude decepcionante, mas vai sair um tiro pela culatra.
Hoje não. Está tudo quitado.
Se o Botafogo conseguir evitar a rescisão, ainda teria clima para ele no clube?
Não. Aí vamos procurar um negócio, mas um negócio do qual o Botafogo participe.
Tenho muita confiança nisso. O Ricardo acredita muito nele, é um jogador de enorme talento, acho que essa pré-temporada lá no Espírito Santo, que é o estado dele de nascimento, vai ser muito bacana, a gente confia muito nele.
Apesar do grande potencial dele, não seria importante ter um jogador mais experiente para a disputar a posição?
Sem dúvida. Acho que até para transmitir a ele qualidade, experiência... Como a vinda do Carli ali na defesa e do Emerson (Silva), são dois jogadores muito experientes, o nosso Emerson (base) e o Renan Fonseca vão poder crescer com a vinda deles.
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Gustavo Canales, da La U, foi mais um gringo que o Botafogo tentou contratador em 2016 (Foto: Reuters) |
Canales foi cogitado, muito caro. Impossível. Se ele aceitasse a nossa proposta teria vindo, mas não aceitou. Foi bem recente (contato). A gente vem mantendo contato há algum tempo, é um artilheiro, jogador de qualidade, mas muito caro. Está muito bem instalado lá, grande clube, com a vida dele toda direcionada para isso e jogando bem, fazendo gols, então é muito caro. Para você tirar um jogador que está bem para, vamos dizer, uma aventura entre aspas em outro país, para sensibilizar você tem que subir muito o patamar.
E quanto ao Luis Ricardo e o Larrea, está otimista para acertar as pendências? Acha que eles vão para Domingos Martins essa semana ainda?
Espero que sim, a previsão é essa. Esperamos eles resolverem aspectos burocráticos. O Luis Ricardo viria para completar o lado direito, e o Larrea a hora que tiver a liberação da federação equatoriana dizendo que ele está livre para assinar contrato ele vem.
Esse elenco está pronto para o Carioca?
Está quase. A hora que a gente trouxer o Luis Ricardo, chegando o Pedro Larrea, chegando mais um lateral-esquerdo e os atacantes, acho que aí vai ficar pronto.
Com a perspectiva de patrocínio e uma maior cota de TV, é possível sonhar com reforços de impacto para o Campeonato Brasileiro?
O mercado está muito difícil. Os grandes concorrentes hoje são de fora, os chineses. Acabaram com o Corinthians agora, não é? Então mexeram com a estrutura do futebol brasileiro de forma decisiva, baixaram o nível do Campeonato Brasileiro porque o campeão que vinha folgado na frente praticamente se desfez. E as opções no mercado não são muitas. Então às vezes eles (Corinthians) com o dinheiro na mão não vão conseguir ter facilidade em reforço. Então eu acho que vai ser um ano bastante equilibrado.
E por falar em patrocínio, há outros interessados em patrocinar o Botafogo além da Caixa?
A crise nos atropelou, não é? Algumas empresas que já estavam bem cotadas pediram para esperar. É claro que a situação do país vai influenciar diretamente, não só na quantidade de patrocinadores, mas também na qualidade dos recursos disponíveis. Tudo que a gente conseguir colocar na camisa a mais será mais dinheiro para a gente investir no departamento de futebol.
Vocês tem uma expectativa de valor anual da camisa em 2016?
Com certeza. Todas as nossas propriedades estão precificadas e distribuídas aí no mercado para as grandes empresas. Então com isso a empresa pode exatamente saber quanto que ela pode dispor e o tipo de visibilidade que ela vai ter. A partir daí é que você desenvolve as negociações.
Acho que se a gente arrecadar de R$ 10 a R$ 15 milhões é um bom número. Sem contar a Caixa. (...) E no Rio de Janeiro a gente pode repetir a possibilidade de patrocínios pontuais que funcionaram muito bem"
Carlos Eduardo Pereira,
sobre patrocínios da camisa
Mas quanto vocês esperam arrecadar com a camisa?
É difícil dizer porque antes você tinha uma determinada perspectiva e hoje você tem um país em restrição. Acho que se a gente arrecadar de R$ 10 a R$ 15 milhões é um bom número. Sem contar a Caixa (nota da redação: o GloboEsporte.com apurou que o valor do patrocínio será de R$ 17 milhões). É difícil especular, não se chegou a esse detalhamento de valor. Ainda tem coisas para se conversar, negociações iniciais, e não se falou em valores ainda. E fornecedor a gente não conta como patrocinador porque é uma relação diferente, envolve material esportivo, uma quantidade grande de peças, royalties, lojas... Então a gente não coloca o material esportivo como patrocínio. Patrocínio é camisa, frente, costas, calção, omoplata, tudo o que diz respeito à apresentação do uniforme. Quanto mais a gente tiver de visibilidade na televisão, mais chance a gente tem de conseguir patrocinadores. E no Rio de Janeiro a gente pode repetir a possibilidade de patrocínios pontuais que funcionaram muito bem.
Então daria para a gente calcular uma média de R$ 30 milhões da camisa, somando os patrocínios?
Seria um número muito bom, mas acho difícil de a gente conseguir. Estamos negociando, trabalhando da melhor maneira possível.
O contrato da Puma acaba em abril, a situação está mais para uma renovação ou para a troca por um novo fornecedor?
Estamos analisando, é uma análise delicada porque você tem que equalizar as propostas. Tem pelo menos quatro grandes empresas, e aí você tem prazo de contrato, número de peças, tipos de distribuição das peças, formas de venda, royalties... Tem que equalizar tudo isso para chegar em valores adequados e poder tomar a decisão.
A Penalty e Fila são duas dessas quatro opções?
Tem quatro grandes empresas, não gostaria de citar nomes.
O primeiro mando de campo no Carioca, contra a Portuguesa, será no Caio Martins?
É uma possibilidade. Depende de horário, da vistoria dos bombeiros para saber que tipo de exigência eles vão fazer. Se nós pudermos atender, ótimo, senão a gente vai ter que arrumar outra alternativa.
Em relação ao Nilton Santos, vocês esperaram uma resposta da prefeitura essa semana?
Nada, a gente entregou o estádio para a prefeitura e a responsabilidade é da prefeitura agora. Só vamos pegar ele em 2017 se tudo correr bem. Nós ainda temos dois pedidos de reembolso não pagos pela prefeitura, um de abril e outro de maio, por incrível que pareça. Nós estamos em janeiro de 2016, isso é relativo a 2015, e a prefeitura ainda não pagou. É engraçado isso porque quando o clube não paga, vira um drama. O poder público se dá ao luxo de simplesmente dizer "não vou pagar" e não acontece nada. É impressionante, tipo "se vira". Não há um equilíbrio entre as coisas.
Vocês consultaram a Ferj para saber do limite de estrangeiros, passar de quatro para cinco, igual faz a CBF?
Tem um arbitral na terça-feira e eu vou aproveitar para consultar sobre isso.
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Bota busca indenização por saída de Willian Arão na Justiça (Foto: Alexandre Durão / GloboEsporte.com) |
Em relação à situação judicial do Willian Arão, alguma novidade?
Não. Agora a juíza que vai ter que julgar, principalmente as condições do contrato que previam uma indenização ao Botafogo, e isso a juíza não entrou no mérito. A expectativa é essa. Ela deu a ele o direito de trabalhar, mas não tirou da gente o direito da indenização. E é o que a gente busca, não queremos o jogador de volta, mas sim sermos indenizados.
O julgamento já tem data?
Não está marcado ainda, não. Deve levar uns seis meses no mínimo.
O senhor explicou que o motivo da demissão do Ademar Braga foi uma "reorganização" do departamento de futebol. Vai ter mais mudanças então?
Em princípio não, foi mais essa mexida. As outras mexidas serão normais, pequenos ajustes que temos que fazer para enfrentar a nova situação da vinda dos treinos para General Severiano, com um quadro (de pessoas) diferente do que tinha o Botafogo lá no Estádio Nilton Santos
Procura alguém para o lugar do Ademar?
Não, o cargo (supervisor) foi extinto.
Até onde o Botafogo pode chegar neste ano?
Espero que ele consiga o melhor possível. O ano começa com muito mais otimismo, um ano em que a gente tem boas expectativas, estou gostando de ver essa equipe, acho que a gente está partindo de um outro patamar. Passa de um clube que subiu para a Série A como campeão, mas não um campeão qualquer, um que tem camisa, torcida, muita tradição. Os estrangeiros que estão vindo jogar no Botafogo estão orgulhosos, conhecem a história do Botafogo lá na Argentina, Bolívia, em toda a América do Sul. Então eu estou muito otimista, acho que o Botafogo vai entrar como um grande competidor. A gente quer esse Botafogo competitivo, se nós vamos ganhar é outra história porque só ganha um, mas nós vamos entrar com muita disposição e força para fazer um ano de 2016 ainda melhor do que 2015.
Por Thiago Lima/Rio de Janeiro/GE