Time de Luís Castro teve grande atuação contra o Fluminense e mostrou as ideias que fazem o time reinar livre na liderança do Brasileirão
Não restam dúvidas: o Botafogo é candidato ao título do Campeonato Brasileiro de 2023.
A vitória de 1 a 0 no Fluminense, uma das melhores equipes do país, tratou de tirar qualquer dúvida. O Glorioso controlou o jogo, criou chances e poderia ter vencido até por mais.
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Luís Castro, Botafogo — Foto: Vítor Silva/Botafogo
A boa fase é fruto da manutenção do treinador mesmo nos momentos mais difíceis. Após vendas de jogadores importantes como Jeffinho e Jr. Santos, o Fogão sofreu com lesões e não fez um bom Campeonato Carioca. A derrota para a Portuguesa-RJ, o pior jogo do ano, tinha apenas quatro titulares de 2022.
Com estabilidade e tempo de trabalho, Luís Castro começou a repetir o time e encontrou uma espinha dorsal com Lucas Perri no gol, a solidez da dupla Adryelson e Cuesta e a eficiência de Tiquinho. Mas além do time titular, o Botafogo tem um modelo de jogo, um jeito de jogar, que é repetido em todos os jogos.
Vamos entender as ideias que foram o jeito de jogar do líder:
Construção ofensiva com largura máxima
Luís Castro gosta de ataques que explorem os lados do campo. Para isso, ele monta o Fogão com dois jogadores sempre abertos, colados na linha de fundo. É a chamada "largura máxima", que contra o Flu aconteceu com um lateral (Marçal) e um ponta (Júnior Santos). Desde sua chegada, o português gosta dessa ideia e varia: ora acontece com os dois laterais, ora com um ponta...
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Largura máxima do Botafogo: ideia que se repete há muito tempo — Foto: Reprodução
Já sabemos que o Fogão abre o campo. Mas por quê? Qual é o motivo? É apenas porque Luís Castro gosta? Não! A razão de jogar assim é fazer com que o Botafogo tenha sempre dois homens próximos da área.
Começa com o Tchê Tchê bscando a bola entre os zagueiros, o meio-campo se movimentando junto com Tiquinho. Tudo isso com os lados do campo prontos para receberem a bola. Assim, o passe que sai lá da defesa encontra esses jogadores com maior facilidade.
Outro motivo é permitir inversões de jogo: se fica complicado chegar num lado, há sempre um jogador esperando com mais espaço no outro.
Tiquinho sai da área, faz pivô e abre espaços
Outro ponto importante sobre a largura máxima é que ela dificulta para os adversários. Ao invés de marcarem só o centro, eles precisam cuidar de todos os pedaços de campo, como os lados, porque há chegada de todos os cantos. Tiquinho sabe disso e combina mobilidade com técnica para ser o destaque da equipe não apenas com gols, mas com trabalho tático.
O camisa 9 do Botafogo sai muito da área. Toda hora! Mas não sai da área pra pensar o jogo. Ele sai da área para abrir espaços pelos lados e faz o que Castro chama de "troca posicional": se ele ocupa a largura, quem estava aberto passa por dentro e surpreende o rival, chegando livre na área. É o que acontece na imagem abaixo.
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Tiquinho: pivô e abertura de espaços na defesa adversária — Foto: Reprodução
Com jogadores esperando a bola e um centroavante de muita mobilidade, o Botafogo joga um futebol direto e rápido. Poucos toques da defesa até o gol e pronto, finalização. Esse estilo casa com as características dos jogadores. Não adianta cobrar posse de bola quando o elenco pede mobilidade e chegada rápida.
Linha de defesa alta e combativa
Por passar menos tempo com a bola, o Botafogo muitas vezes prefere se fechar com duas linhas de quatro. Enquanto Tiquinho e o meio-campo vai pressionando e combatendo, a linha de defesa assume outro comportamento: fica alinhada e sobre, muitas vezes jogando perto do círculo central. O Botafogo joga com uma defesa bem alta, como na imagem.
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Linha de defesa alta: coordenação para não levar bolas nas costas — Foto: Reprodução
Veja que há um cuidado para não deixar essa defesa levar "bola nas costas". O meio pressiona muito (em amarelo) e a defesa sobe. Se Cuesta e Adryelson identificam que não há marcação, eles descem e vigiam suas costas, para não chegar ninguém de surpresa por lá. Cano mal tocou na bola com essa defesa.
Pressão alta com um volante subindo
A defesa alta pode ser arriscada, mas funciona quando todo o time pressiona e ajuda. Um componente que Luís Castro colocou para evitar que o toque de bola do "Dinizismo" pudesse fazer estrago é um volante combatido percorrendo todo o campo, dobrando os setores em que a bola estava. Gustavo fez bem esse papel e ajudou o Bota a ter sua melhor atuação defensiva no ano.
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Gustavo: mais um a pressionar — Foto: Reprodução
Com um elenco mais homogêneo que o ano passado - não há tanto desnível técnico entre quem é titular e reserva - e o cuidado de Luís Castro ao ir rodando a equipe para o cansaço não pesar, o Botafogo consegue jogar bem mesmo até quando não chega na vitória, como foi contra o Furacão na Copa do Brasil.
Um motivo a mais para o sofrido botafoguense voltar a sorrir após anos tenebrosos. E dizer, após dez anos, que seu time é líder do Campeonato Brasileiro.
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Fonte: GE/Por Leonardo Miranda/Jornalista, formado em análise de desempenho pela CBF e especialista em tática e estudo do futebol