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sexta-feira, 10 de maio de 2019

Mineiro apaixonado pelo Rio, Gabriel se reconstrói no Botafogo: "Vim com o coração aberto"


Jogador alvinegro com mais passes certos no Brasileirão, zagueiro fala sobre adaptação à capital carioca, relação com colegas e torcida e diz que só pensa em "fazer um grande ano"



Vitor Silva/SSPress/Botafogo



Jeitinho de mineiro, alegria de carioca. Há cinco meses no Botafogo, Gabriel se reencontrou no Rio de Janeiro, cidade que já diz amar. Carismático e brincalhão, o zagueiro de Matozinhos-MG conquistou os colegas de clube, a comissão técnica e o torcedor alvinegro. Para trás, deixou a família e os lugares onde passou a infância e a adolescência. A mudança valeu a pena.


"Toda a vida fui criado com meus pais, ao lado da minha mãe, então foi uma mudança radical. Ter que vir, não ter mais o colo do pai, o colo da mãe, ter uma responsabilidade maior".


- Fiquei receoso de como seria isso, mas depois vi que foi uma das melhores escolhas que fiz, e minha adaptação ao Rio e ao clube foi muito fácil. Aqui eu fui muito bem recebido, isso me deixou em casa. Tenho que agradecer ao Botafogo e aos meus companheiros de trabalho, que me acolheram muito bem - disse o zagueiro em entrevista ao GloboEsporte.com.


Gabriel chegou para substituir Igor Rabello, xodó alvinegro negociado com o Atlético-MG. Só não participou do primeiro jogo de 2019. Logo na segunda rodada da Taça Guanabara assumiu a titularidade e não largou mais. A autoconfiança, abalada na temporada 2018, foi recuperada no Botafogo, e o mineiro se tornou um dos principais jogadores do elenco.


- Sempre acreditar no trabalho, porque nossa vida é uma escada, vamos de degrau em degrau até chegar no topo. E às vezes tem altos e baixos, que é coisa normal da carreira. No Botafogo, a torcida, os companheiros e a comissão técnica me abraçaram de uma tal forma que me deu confiança para desfrutar e ser feliz sabendo da imensa responsabilidade que é vestir a camisa do Botafogo. Todo mundo acreditou no meu trabalho, sou muito grato.


- Espero fazer um grande trabalho no Botafogo, vim com uma expectativa muito grande de que seria um ano diferente, um ano de reconstrução para a minha carreira. Vim com o coração muito aberto para aquilo que o Botafogo tem para me proporcionar. Só penso em fazer um grande ano, não só individual mas coletivamente. Botafogo tem um grande elenco e tem tudo para fazer grandes competições e brigar por títulos.




Gabriel concedeu entrevista ao GloboEsporte.com nesta quinta — Foto: Emanuelle Ribeiro


Aos 24 anos, Gabriel fez a base toda no Galo. Estreou pelo profissional em 2014, mas subiu de vez em 2016, quando assumiu a titularidade. Terminou o ano muito bem e manteve a condição de titular em 2017, quando teve o melhor desempenho com a camisa do Atlético: fez 56 jogos e marcou dois gols. Perdeu espaço em 2018 e foi negociado com o Botafogo, onde tem vivido bom momento na atual temporada: é o jogador com mais passes certos do time no Brasileirão.


- Isso é trabalho, não somente meu, mas de toda a equipe e do Barroca. Ele cobra muito a opção de linha de passe, então você tendo várias opções, você consegue sucesso no passe. Isso não é só mérito meu.



Veja como foi o papo com Gabriel:

GloboEsporte.com: Você fez boa temporada pelo Atlético em 2017, despertou interesse de outros times, mas em 2018 perdeu espaço. Como foi esse momento?


Gabriel: Futebol é assim, às vezes você está bem, às vezes tem aquele momento em que as coisas não dão certo. Mas você tem que continuar acreditando em você, no seu trabalho. Infelizmente, as coisas começaram a não ocorrer muito bem, como o esperado, mas Deus sabe de tudo. Agora estou passando por um momento maravilhoso no Botafogo, tive um momento difícil lá, mas de muito aprendizado para poder estar aqui no Botafogo vivendo um momento maravilhoso.




Gabriel foi apresentado no Botafogo no dia 9 de janeiro — Foto: Vitor Silva/SSPress/Botafogo



Aquele futebol de 2017 no Galo você reencontrou no Botafogo e conquistou o torcedor alvinegro...

Muito importante ter a confiança do torcedor e dos colegas, porque eu não entro em campo com esse peso. Infelizmente, no Atlético eu estava com esse peso, se errasse a torcida começaria a xingar. Aqui está sendo diferente, a torcida entende que errar é normal. Isso deixa a cabeça tranquila. Ninguém quer errar, mas são coisas que acontecem. A torcida me abraçou de um jeito que nem eu esperava. Fico muito feliz com isso.


Você chegou para substituir um xodó da torcida, o Igor. Como encarou?

Vim para cá com isso na cabeça, o Igor é um grande zagueiro, é um cara que merece o sucesso que está vivendo. Mas vim para fazer a minha história, assim como ele deixou a história maravilhosa dele aqui. Graças a Deus estou conseguindo construir a minha e só penso em dar sequência ao trabalho que vem sendo muito bem feito.


Você estava atuando ao lado do Marcelo Benevenuto, que também vinha numa crescente, e agora o Carli voltou. Como está sendo essa parceria?

O Carli é um jogador que dispensa comentários. Ele é um líder dentro e fora de campo. Ele está cuidando muito bem da galera, é um paizão, sempre pergunta se estamos precisando de ajuda. Estou muito feliz por formar dupla com ele, mas logicamente o Marcelo também entrou num momento delicado, no jogo com o Defensa y Justicia, e foi muito feliz. Alguns ficaram com dúvida, mas nós sabíamos do potencial dele. Agora o Barroca tem uma dor de cabeça boa que todos treinadores querem.



Por que o Botafogo não conseguiu ir bem no início da temporada, saindo precocemente do Campeonato Carioca e da Copa do Brasil?

O Botafogo vem numa reformulação muito grande. Perdeu vários jogadores, muitos deles titulares. A gente quer um resultado imediato, mas muitas vezes no futebol não é assim. Demanda tempo, paciência. Essa reformulação fez com que deixássemos a desejar, não conseguimos encontrar o equilíbrio naquele momento.




Gabriel em partida contra o Juventude, pela Copa do Brasil — Foto: Vitor Silva/BFR


E por que o início de Brasileirão animador? É o efeito Barroca?

O Barroca tem umas ideias de jogo muito legais, claras. É um time que pressiona muito e, ao mesmo tempo, fica muito tempo com a bola. Creio que essa ideia dele é diferente do que acontece no futebol brasileiro. O que nós fazemos poucos times fazem. É apenas o início, temos muito a crescer. Ele assumiu tem três jogos e a gente está em evolução, agora é continuar.


Muito bom. Ele sempre manda vídeo para os jogadores falando o que temos que melhorar, aprimorar e o que está sendo bem feito. Nosso relacionamento é muito bom. Um cara humilde, que busca seu espaço, está aprendendo, buscando conhecimento. Um profissional muito dedicado, creio que tem tudo para dar certo.


O Botafogo definiu alguma competição como prioridade?

A gente vive cada jogo de uma vez. Temos um grande elenco, acreditamos que dá para buscar tanto o título da Sul-Americana quanto do Brasileiro. Esse é o nosso objetivo. Pensamos jogo a jogo para fazer nosso melhor, independentemente do campeonato.


Qual o ponto forte e qual o ponto fraco do Botafogo?

Nosso ponto forte hoje está sendo a posse de bola, a pressão na marcação, que exige muito dos jogadores de frente. No momento em que perdemos a bola, eles já reagem muito rápido para tentar recuperar e ter a posse de novo. Um ponto que podemos melhorar é ter intensidade durante mais tempo no jogo. Às vezes é mais difícil, a gente cansa, mas temos que aprimorar a constância.


Sábado tem clássico com o Fluminense. O que espera desse jogo?

Vai ser um duelo muito difícil, sabemos dessa maneira legal que o Fluminense joga, mas nós também procuramos propor o jogo. Vai ser um jogo difícil, Fluminense vai querer a bola, nós também. O Fluminense vai pressionar, e nós também vamos. Vai ser um jogo legal, que é decidido nos detalhes. Clássico é um jogo diferente, que mexe com os jogadores. Trabalhamos bem essa semana para buscar a vitória.




Gabriel ainda não venceu nenhum clássico pelo Botafogo — Foto: Vitor Silva/SSPress/Botafogo



Como está a vida no Rio de Janeiro, já conheceu muitos lugares? E a saudade de Minas?

Já conheci o Cristo Redentor, mas fico mais na Barra, aproveitando os restaurantes. Não vou muito à praia, mais para curtir a paisagem mesmo, que é maravilhosa.


Sinto um pouco de falta de Minas, deixei familiares e vários amigos, mas fui muito bem recebido. Os jogadores também, em dias de folga a gente junta todo mundo, sai para jantar, faz uma confraternização bacana. Isso me deixa muito à vontade. Estou me adaptando bem. Começando a acostumar com o sotaque, acho legal o jeito carioca, a alegria de viver.


Fonte: Ge/Por Emanuelle Ribeiro — Rio de Janeiro

Barroca minimiza posse de bola, característica de seu Botafogo: "Apenas uma ferramenta"


Treinador do Alvinegro afirma que trocar mais passes é somente uma forma que usa para ter mais chances de chegar ao gol do time adversário, mas que não tem tanta importância



O Botafogo de Eduardo Barroca tem se caracterizado pelo toque de bola e valorização da posse. Mas para o técnico do Alvinegro, ficar um tempo maior com o domínio da redonda não é algo tão determinante assim. Em coletiva na manhã desta sexta-feira, no Nilton Santos, o técnico disse que essa é somente uma forma de ter um controle maior das ações da partida.


- Eu entendo que tentar ter o controle do jogo é uma ferramenta para ter mais chances para sua equipe e menos para o rival. Eu não entendo que a posse da bola tem uma importância tão grande como as pessoas falam, é apenas uma ferramenta dentro do jogo.



Eduardo Barroca vê semelhanças no jogo com Diniz e minimiza a importância da posse de bola — Foto: Edgard Maciel de Sá/GloboEsporte.com


No próximo sábado, o adversário é um time que tem o mesmo estilo de jogo: o Fluminense de Fernando Diniz. A partida marcada para as 16h no Maracanã terá um embate ideológico bem definido e que o próprio Barroca enxerga como semelhante entre os times.


- Me identifico muito com a forma como o Diniz pensa o mundo esportivo. Já tive oportunidades de pensar com ele. Me identifico quando ele fala que sofreu angustias como jogador. Procuro fazer minhas escolhas e tomar decisões pensando no lado do jogador, do indivíduo. Entendo que a forma dele de jogar e trabalhar assim como a minha tem uma conexão como pensamos o mundo esportivo e a vida em geral.



Outros tópicos da entrevista coletiva de Eduardo Barroca


Bom ambiente
Entendo que uma pessoa que não está feliz não consegue realizar nada em plenitude. Se eu não tiver com a família equilibrada, filhos com saúde, pais bem, não vou conseguir desenvolver meu trabalho da melhor forma. O atleta precisa se sentir feliz no treino, precisa crescer nos momentos de desconforto... É muito importante que ele se sinta feliz e entenda a lógica de tudo para realizar as coisas da melhor forma. Tento pautar sempre meu trabalho em critérios e coerência.



Importância de vencer clássico


Pensando na competição em especial, mais importante do que ganhar clássico é a chance da terceira vitória em quatro jogos. Quando começamos, deixamos claro que precisávamos dar o máximo até a pausa da Copa América. Para, aí sim, redesenhar e ganhar uma coletividade maior. Terceira vitória seria muito especial. Sabemos que é um jogo muito difícil, adversário que costuma se impor, treinador com ideia consolidada de trabalho, coletividade avançada. Temos condição de nos superar. A forma como os jogadores vem se dedicando me dá confiança.


Problemas na escalação

Gilson e João Paulo estão com desgaste muscular. Não vou conseguir dar a escalação, porque dependemos do processo de recuperação deles.


Dificuldades contra o Fluminense

Fluminense tem um time, apesar de jovens, com muita experiência. Alan e Caio Henrique jogaram comigo no Sul-Americano Sub-20 em 2017 no Equador... Pedro já com protagonismo nacional. Gilberto passou pela base do Botafogo. Tem aqueles formados no Fluminense que sempre foram referências a nível nacional como Calazans, Mascarenhas, Frazan, Daniel, atletas de nível de seleção na base. Vai ser um jogo difícil pelo nível dos jogadores e pela coletividade que o Flu tem já em nível avançado.


O que esperar do clássico

É possível controlar o jogo sem a bola, mas depende muito das situações da partida. As duas equipes vão tentar fazer um jogo de imposição, será um duelo muito interessante. Ambos vem tentando jogar de forma agressiva, para ganhar todos os seus jogos. Fluminense vem de uma vitória muito importante, o Botafogo também. A expectativa é que possamos fazer um grande duelo, grande jogo. Que as pessoas saiam satisfeitas com a qualidade do espetáculo.


Acho que as duas equipes se equivalem na forma, nas individualidades e nas ideias. Vai ser um duelo bom, um jogo de coragem, de equipes que querem buscar coisas grandes na competição. É a leitura que tenho. Botafogo e Fluminense podem brigar na parte de cima da competição



O que vislumbra no Bota

Meu objetivo é conquistar a torcida do Botafogo através de resultados, de bom futebol e mostrando que esses jogadores além da qualidade técnica estão querendo levar o Botafogo ao melhor lugar possível. Tenho cobrado muito, com nível de exigência beirando a plenitude mesmo sabendo os riscos na parte física. Cobro intensidade máxima e a resposta tem sido muito boa. Temos uma boa margem para crescimento. Com a sequência o crescimento será muito grande.


Primeiro clássico como treinador profissional

É um sentimento muito especial, sou um carioca de Del Castilho. Na minha infância isso sempre me estimulou muito e fez a diferença para eu seguir esse caminho profissional. Mas quando começar o jogo, isso fica de lado. Estou muito feliz de trabalhar no Botafogo, dessa oportunidade, mas muito concentrado na responsabilidade que assumi. Meu foco nesse momento está canalizado para tudo o que falei.


Fonte: GE/Por Edgard Maciel de Sá — Rio de Janeiro