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quarta-feira, 6 de maio de 2020

Fundo árabe que comprou Newcastle tem interesse na Botafogo S/A, afirma dirigente


Fundo de Investimento Público da Arábia Saudita, envolvido diretamente na compra do clube inglês, conversou com a diretoria do Alvinegro, de acordo com Ricardo Rotenberg




Botafogo tem um projeto de formação de clube-empresa (Foto: Vítor Silva/Botafogo)


Os clubes-empresa continuam chamando a atenção do mercado. Na semana passada, o Newcastle, uma das equipes mais tradicionais da Inglaterra e atualmente na Premier League, foi comprada por um fundo árabe. Depois da Terra da Rainha, esses investidores podem estar chegando ao Brasil - mais precisamente, para a Botafogo S/A. Pelo menos é o que garante Ricardo Rotenberg, membro do Comitê Executivo de Futebol do Glorioso.


- Conversamos com interessados em comprar o Newcastle e o Bordeaux. Teve um grupo árabe que se interessou bastante. Além disso, tem o Montenegro interessado e outros torcedores do Botafogo. Eu gostaria de ser um investidor, mas se tiver que colocar R$ 1 milhão vou ter que esperar um pouco. Se tiver 100 interessados para pôr R$ 100 mil, estou dentro - afirmou em entrevista ao "Canal do TF".


O clube inglês foi adquirido pelo Fundo de Investimento Público da Arábia Saudita, comandado por Mohammad bin Salman, príncipe herdeiro do país, por 300 milhões de libras (R$ 2 bilhões, na cotação atual). A riqueza total dos investidores é avaliada em 320 bilhões de dólares (R$ 1,8 trilhão).


O projeto da Botafogo S/A, portanto, está evoluindo mesmo com a pandemia. Ricardo Rotenberg, contudo, afirma que a COVID-19 vai desacelerar o processo de profissionalização do departamento de futebol do Alvinegro. Desta forma, a equipe disputará o Brasileirão com a atual formatação social/econômica.


- A coisa estava caminhando, começou o ano meio confusa, mas a partir de fevereiro começou a caminhar muito bem essa história da S.A. Ser ou não ser esse ano depende de quando irá se normalizar a situação mundial (em relação à pandemia), no Brasil também. Se conseguirmos retomar a normalidade em julho, acho que há uma chance muito grande de em dezembro já sermos empresa. Isso significa que esse Campeonato Brasileiro seremos nós mesmos que vamos tocar - analisou.



Fonte: LANCE! Rio de Janeiro (RJ)

Botafogo ainda não iniciou conversas por renovação de Fernando


Depois de estender vínculos de três jogadores no último mês, diretoria do Alvinegro não possui negociações com o lateral-direito, cujo contrato vence em dezembro



Fernando é criado nas categorias de base do Botafogo (Foto: Vítor Silva/Botafogo)


Com exceção de Marcinho, o Botafogo encontrou caminhos positivos nas renovações dos jogadores criados na base até aqui. Em abril, a diretoria chegou a acordos com Marcelo Benevenuto, Kanu e Caio Alexandre, que tinham vínculo expirando em dezembro. O lateral, por sua vez, não parou para conversar com os dirigentes do Alvinegro, que começam a "jogar a toalha" na situação.


Outro jogador nesta mesma condição contratual é Fernando, mas o Comitê Executivo de Futebol ainda não iniciou nenhum tipo de negociação com o lateral-direito. O defensor, assim como os outros quatro companheiros de elenco, também tem o vínculo acabando em dezembro.


Isto não quer dizer que o Botafogo não vai buscar a renovação de Fernando. Pelo contrário, já que o lateral-direito é visto com potencial pelas pessoas da comissão técnica e diretoria. Ao LANCE!, Carlos Augusto Montenegro, membro do Comitê Executivo de Futebol, explicou o motivo da falta de negociações com o lateral-direito.


- Ainda não (procuramos o Fernando). Fizemos primeiro o que a gente achava que era prioridade. O Marcinho nunca procurou a gente para falar disso. Se ele quiser continuar no clube, tudo bem, a gente senta para falar. O Fernando também. Está tudo parado. Não vou ficar ligando para eles em férias para falar de renovação - afirmou.


Na atual temporada, Fernando fez cinco jogos pelo Botafogo. O jogador de 21 anos estreou na equipe principal do Glorioso no ano passado, quando somou 24 aparições.



Fonte: LANCE! Sergio Santana/Rio de Janeiro (RJ)

Presidente do Botafogo explica demissões e diz que volta de treinos em maio é "desumana"


Ao GloboEsporte.com, Nelson Mufarrej detalha medidas para diminuir prejuízo financeiro, prevê suspensão de contratos de trabalho e cogita reduzir salários de jogadores a partir de junho




Para o presidente do Botafogo, Nelson Mufarrej, as demissões de mais de 40 funcionários que aconteceram nesta semana, apesar de medida impopular, já eram necessárias antes da crise causada pela pandemia do novo coronavírus. Foi o que afirmou o dirigente em entrevista ao GloboEsporte.com.


Mufarrej recebeu e respondeu as dúvidas da reportagem sobre a gestão e as dificuldades financeiras que se agravaram com a pausa forçada no calendário, momento em que campo e bola ficam em segundo plano. A começar pelo corte severo no quadro de funcionários.


- Seria muito conveniente da minha parte empurrar para o clube-empresa ou para o sucessor, já que estou na reta final do mandato. Por responsabilidade como gestor do clube, infelizmente certas medidas precisam ser enfrentadas. A folha salarial dos funcionários já era elevada por acúmulo de diversas gestões. Estava em um patamar de valores de incompatibilidade financeira. A otimização desse quadro era um projeto em desenvolvimento pelo RH há meses e se tornou inadiável com os efeitos perversos da pandemia. Reunimos os gestores das áreas, vice-presidentes e cargos de gerência, que realizaram um estudo técnico criterioso que culminou na saída de profissionais de diversas faixas salariais - disse.



Nelson Mufarrej, presidente do Botafogo — Foto: Vitor Silva/SSPress/Botafogo


O presidente confirmou, ainda, que o clube fará uso da Medida Provisória 936, que traz novas regras sobre redução de jornadas e salários e suspensão de contratos de trabalho no período de calamidade pública.


- Temos muitos profissionais cuja continuidade é de nosso pleno interesse, mas que por diversas razões a produtividade está comprometida em razão dos efeitos da pandemia, com fechamentos das sedes e interrupção de diversas atividades. Por isso a MP é importante e vamos utilizar o mecanismo da suspensão de contratos, mantendo empregos - completou.


Sobre a redução dos salários dos jogadores, a medida pode ser necessária se o cenário de crise persistir para além deste mês. Nelson Mufarrej também respondeu sobre condições para volta aos treinos, andamento do projeto clube-empresa, revisão do orçamento de 2020 e fez elogio à torcida: "É um alento nesses tempos difíceis".



Leia as respostas


Por que o Botafogo ainda não optou pela redução de salários dos jogadores?

O Comitê Executivo de Futebol tem se reunido frequentemente e esse é um assunto de especial atenção. Temos uma relação muito franca com os atletas e eles têm a noção do descomunal esforço que estamos fazendo ao não reduzir os salários pelo menos até maio. Esse assunto foi abordado pelo Vice-Presidente de Futebol Marco Agostini na reapresentação virtual de segunda-feira (04/05). Não temos como precisar até quando vai perdurar essa paralisação, portanto a nossa linha de trabalho é de constante reavaliação sobre essa questão de redução. É um gesto de enorme confiança e eles sabem disso. Pelo menos até maio, sem alterações.



Elenco não se reúne desde o dia 15 de março — Foto: Vitor Silva/Botafogo


Com quais recursos o clube sobrevive nesse momento?

Essencialmente, com os recursos oriundos dos direitos de transmissão. Mas há recebíveis muito importantes, oriundos dos associados, sócio-torcedores, patrocinadores e de contratos de marketing, da área de licenciamento.


Com quais condições o clube se sentiria confortável para voltar a campo?

Não existe hipótese de colocar nossos atletas em campo, seja para treino ou jogo, sem garantia de saúde. Passamos tanto tempo parados para voltar a ter contato presencial nos treinos justamente no pico, no auge das mortes, no momento que o sistema de saúde está ficando asfixiado? Do que adiantou todo esse período parado? Vamos jogar fora? Além de ilógico e de total desconexão com a realidade, é desumano. Estamos há quase dois meses parados. Retornar agora é insano. Aguentamos dois meses. Aguentaremos mais tempo.


Não consigo nem prever para você quando vai retornar, tudo depende da evolução. Vai depender do que autoridades sanitárias vão nos relatar e, principalmente, do que o próprio Botafogo vai decidir. Se nós do Clube acharmos que não há condições, por mais que todos digam o contrário, não forçaremos nada. No momento eu te afirmo: sem chances.


Como essa pandemia está afetando o projeto do clube-empresa? Há conversas com quantos potenciais investidores?

Mesmo com toda essa paralisação, semanalmente as reuniões com a equipe de trabalho que coordena o projeto Botafogo S/A têm sido realizadas. Não temos tempo a perder. Penso que a crise sempre abre janelas de oportunidade, então é importante acompanhar a dinâmica do mercado e direcionar o trabalho considerando esse novo contexto.


Já sabem o tamanho do prejuízo com a pandemia? O orçamento será revisto?


O vice-presidente de finanças Luiz Felipe Novis está em processo de replanejamento do orçamento de 2020 em função desse novo cenário. As áreas impactadas estão municiando com as informações que dispõem. Certamente, ao final do estudo, expectativas de receitas serão reavaliadas.


O balanço de 2019 publicado nos últimos dias aponta déficit de R$ 20 milhões e menos R$ 60 milhões de arrecadação. Como avaliar a última temporada partindo desses números?


Por uma série de fatores, os números não foram alcançados. O momento atual pede especial dedicação de todos para que o Botafogo consiga ter a melhor performance esportiva e, ao mesmo tempo, lidar com seus problemas econômico-financeiros.


Se o cenário é difícil, o engajamento do torcedor é um alento? Os alvinegros não deixaram cair muito o número de sócios-torcedores, por exemplo.


A torcida do Botafogo tem um poder de engajamento incrível e esse apoio com o sócio-torcedor tem sido de fundamental importância. A compreensão com o momento mundial e a mentalidade de cada um de buscar preservar o Clube têm prevalecido. Aproveito para reforçar esse pedido também aos sócios-proprietários, que são outra importante fonte de receita. São entradas que fazem o clube girar, e mais que um alento, como você disse, nesses tempos difíceis.


Fonte: GE/Por Emanuelle Ribeiro e Thayuan Leiras — Rio de Janeiro