Atacante do Botafogo fala sobre luta contra o racismo pela primeira vez e se defende sobre investigações de apostas: "Não me preocupa"
Aos 7 min do 2º tempo - gol de fora da área de Luiz Henrique do Botafogo contra o Flamengo (https://ge.globo.com/futebol/video/aos-7-min-do-2o-tempo-gol-de-fora-da-area-de-luiz-henrique-do-botafogo-contra-o-flamengo-12554373.ghtml)
Em "A vida é desafio", música da banda Racionais MC's, Mano Brown reflete: "Desde cedo a mãe da gente fala assim: filho, por ser preto, você tem ser duas vezes melhor". A questão racial é enraizada em praticamente todos os pontos da sociedade brasileira - e isto inclui o futebol.
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Destaque do Botafogo, Luiz Henrique tenta dar uma resposta às situações do cotidiano com uma comemoração. Contra o Flamengo, no Brasileirão, ele marcou um gol de rara felicidade ao acertar um chute de primeira após jogada ensaiada em escanteio. O marcante, porém, ficou por um ato que veio após a bola na rede: ele foi até no banco, colocou a máscara do Pantera Negra e cruzou o braço em 'X', movimento tradicional do super-herói.
- É o primeiro personagem negro (protagonista) da história, eu quis trazer para mim essa comemoração. Sou um jovem negro. Queria ficar marcado, passa uma mensagem de luta. A gente luta diariamente contra o racismo - afirmou o camisa 7 do Alvinegro em entrevista ao ge.
Outros super-heróis negros foram criados antes do Pantera Negra, mas ele foi o primeiro a ser protagonista de uma história em quadrinhos - posteriormente, estrelou filmes no cinema.
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Com máscara da comemoração, Luiz Henrique comemora vitória do Botafogo sobre o Flamengo — Foto: Vitor Silva / Botafogo
Uma comemoração pode parecer simples, mas Luiz aprendeu que o ato representa muito mais do que vibrar por um gol marcado - em 2024, inclusive, não foram poucos: é o ano mais artilheiro do atacante, já com 12 bolas na rede.
- Significa muito. Eu fiz no primeiro gol depois eu parei, aí uns torcedores me viram e falaram para continuar fazendo a comemoração. É algo histórico, as crianças gostam muito. É por isso que eu continuo fazendo, sei que as crianças curtem - contou.
- Conscientiza muito porque é o primeiro personagem negro em vir com destaque no filme. Espero que todos continuem me apoiando - completou.
Luiz Henrique comemora gol do Botafogo contra o Corinthians — Foto: André Durão
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Inspirações
Uma das maiores bandeiras antirracistas no esporte mundial atualmente é Vini Jr., atacante do Real Madrid e Seleção. O brasileiro sofre com ataques pela cor da pele há anos e virou uma referência na luta contra o racismo no mundo.
O atacante perdeu a Bola de Ouro, prêmio dado ao melhor jogador do mundo dado pela revista France Football, no começo da semana. Alguns dos jornalistas que participaram da votaram justificaram o camisa 7 fora do topo pela "postura fora do campo". Rodri, do Manchester City, levou o troféu.
- Ele (Vini) merecia ganhar essa Bola de Ouro e ser o melhor do mundo. Ele veio de uma temporada excelente no Real Madrid, não tenho nada contra o Rodri, mas o Vini luta contra o racismo, faz muita coisa, ele deveria ter ganho. É um trabalho excelente que ele fez, os números falam. Eu tenho certeza que ele merecia. Eu sei que ele é um moleque humilde, não vai desistir, vai continuar trabalhando para ganhar um dia, veio do baixo como eu, é um jovem negro que luta contra o racismo. Ele tem muita cabeça. Sei que vai persistir e vai ganhar - opinou Luiz.
O atacante do Botafogo foi convocado para a Seleção ao lado de Vini Jr. para os jogos contra Venezuela e Uruguai nos dias 14 e 19 de novembro, respectivamente, pelas Eliminatórias.
Aos 28 min do 2º tempo - Gol do Brasil com Luiz Henrique (https://ge.globo.com/futebol/video/aos-28-min-do-2o-tempo-gol-do-brasil-com-luiz-henrique-13016351.ghtml)
Denúncias de apostas
O momento dentro de campo é bom, mas Luiz Henrique convive com uma investigação em possível envolvimento com manipulação de resultados e apostas. Autoridades espanholas querem um depoimento do jogador, suspeito de levar cartões para beneficiar apostadores quando defendia o Betis. Ele se defende.
- Sou um cara muito tranquilo com essas coisas. Tento me blindar ao máximo para que nada me afete dentro de campo. Faço mentoria em todos os jogos, um dia antes do jogo eu mentalizo para que eu esteja tranquilo em campo. Eu não levo meus problemas para o gramado. Mesmo com algumas pessoas tentando me atrapalhar e apagar meu brilho, sou um cara que consigo colocar na minha mente que isso não vai tirar meu foco. Sei que essas pessoas só querem me atrapalhar e atrapalhar e o Botafogo. Estamos em um momento crucial e só querem nos tirar do foco. Estou vivendo um momento de muita felicidade, tem gente que me ajuda, minha assessoria, as pessoas do Botafogo falam comigo diariamente para eu não me abalar. Estou vivendo coisas grandes e sei que essas pessoas que estão tentando me atrapalhar não vão conseguir - explicou.
- Isso não me preocupa, estou de boa. Estou vivendo o meu momento e quero desfrutar disso - finalizou.
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Fonte: Por Edson Viana e Sergio Santana — Rio de Janeiro