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domingo, 10 de maio de 2015

Afeto, pressão e vitória: primeiro capítulo na saga alvinegra pela Série A


Jogo contra o Paysandu é marcado por tensão em viagem, carinho do público e hostilidade de torcida adversária




Ao analisar a vitória, René Simões evitou associar o termo “tirar o peso” à estreia na Série B. Mas a partida contra o Paysandu, no último sábado, e a viagem a Belém foram uma espécie de resumo de tudo o que espera o Botafogo ao longo do Campeonato Brasileiro. Condições ruins de treino, trajetos longos de avião, pressão da torcida adversária, gramados em condições longe das ideais e botafoguenses apaixonados, carentes por um contato próximo com os ídolos: o Alvinegro viveu de tudo um pouco em sua primeira experiência na busca pela volta à elite.

A aventura começou na noite da última quinta-feira, quando levantou voo o avião que levou a delegação até Belém. Foram quase três mil quilômetros percorridos em três horas e meia de uma viagem que começou tensa. Uma forte turbulência logo no início do trajeto, que deixou alguns com medo. Como há poucos voos diretos disponíveis, a equipe desembarcou na capital do Pará por volta das 1h30 de sexta, recebendo o carinho de torcedores no aeroporto.

Primeira rodada da Série B foi uma aventura para o Botafogo (Foto: Satiro Sodre/SSPress)
O assédio do público seguiu no hotel onde a delegação ficou hospedada. Foi constante a movimentação de torcedores no saguão com pedidos de autógrafos e fotos. O mais requisitado foi Jefferson, que atendeu a todos com paciência, assim como os demais jogadores, o técnico René Simões e até o diretor de futebol Antônio Lopes.

Mas assim como houve carinho, houve dificuldades. Sem a permissão para fazer o treino de reconhecimento no Mangueirão, vetado pela Secretaria de Esportes – que alegou a necessidade de preservar o gramado –, o Botafogo realizou a atividade de sexta-feira no Baenão. O estádio, que pertence ao Remo, ofereceu um gramado em condições precárias, e foi claro o temor por lesões na véspera da estreia. No jogo contra o Paysandu, o Alvinegro precisou rapidamente se adaptar à grama alta e pesada pelas chuvas que caíram naquela tarde, além da umidade do clima local. Ao fim da partida foi claro o desgaste físico de alguns jogadores. Carleto, Rodrigo Pimpão e Bill, por exemplo, se jogaram no campo tão logo soou o apito final.

Alvinegro enfrentou gramado longe do ideal na estreia (Foto: Gustavo Rotstein)
Mas os problemas no Mangueirão não se resumiram ao piso ou ao adversário. Ao chegar ao estádio, o ônibus do Botafogo foi cercado por torcedores do Paysandu, que bateram no veículo. Foi clara a apreensão de jogadores e integrantes da comissão técnica, que temeram o arremesso de objetos que pudessem quebrar as janelas. Internamente houve a queixa por uma aparente deficiência na escolta da Polícia Militar local.

Mas mesmo com as adversidades – incluindo a pressão de quase 20 mil torcedores que literalmente fizeram o Mangueirão balançar –, o Botafogo se impôs e venceu por 1 a 0 o Paysandu, gol de Rodrigo Pimpão aos 41 minutos do segundo tempo. Em seguida, poucas horas de descanso para os jogadores, que por volta de 4h30 deste domingo deixaram o hotel rumo ao aeroporto para o retorno ao Rio de Janeiro. Foi o primeiro capítulo da saga alvinegra na tentativa de recuperar seu lugar na Série A.

Por Gustavo Rotstein Belém, PA/GE

Três jogos, uma certeza: Daniel Carvalho entra firme na disputa


Após atuação de destaque no segundo tempo de vitória sobre o Paysandu, René Simões enaltece comprometimento e talento do meia




Daniel Carvalho vem se destacando
(Foto: Satiro Sodré)
Durante dois meses Daniel Carvalho treinou no Botafogo sem qualquer compromisso. Seu objetivo era recuperar a forma para voltar a atuar no futebol profissional de campo, atendendo, principalmente, ao pedido do filho João Paulo, de 7 anos. Mas bastaram três partidas depois de oficializada sua contratação – sempre entrando no segundo tempo – para que o meia se mostrasse muito forte na disputa por uma vaga de titular. E a atuação na vitória por 1 a 0 sobre o Paysandu, no último sábado, pela primeira rodada da Série B do Brasileiro, ratificou o status do jogador de 32 anos.

Lançado por René Simões no lugar de Diego Jardel aos 17 minutos do segundo tempo no Mangueirão, Daniel Carvalho criou a primeira clara chance de gol do Botafogo na partida, num chute cruzado que obrigou o goleiro do Paysandu a fazer grande defesa. A partir de então, o meia foi preciso da distribuição de jogo e o principal nome das jogadas de bola parada.

Daniel Carvalho já havia chamado a atenção nos treinamentos, mas começou a mostrar sua importância logo em sua estreia, quando entrou no segundo tempo e marcou o gol da vitória do Botafogo por 2 a 1 sobre o Capivariano, pela Copa do Brasil. Depois de atuar novamente na etapa complementar no jogo de volta, no Estádio Nilton Santos, o meia foi pela primeira vez relacionado com o grupo principal na estreia da Série B e mostrou a René Simões que está firme no objetivo de retomar sua carreira em alto nível. O treinador, entretanto, evitou levar a análise para o lado da disputa pela vaga de titular.




 - O Daniel está provando que nossa aposta foi correta. Provando a ele e ao filho que ainda é capaz de jogar. É legal ver os sonhos e os objetivos que podem ser alcançados. Mas para isso é preciso trabalhar. É possível ver a satisfação dele nos treinamentos. Há anos ele não tinha o peso atual, mas agora está se tornando um atleta. Sempre foi um talento excelente, imagina se fosse sempre um atleta. Fica, então, a mensagem aos muitos talentos do futebol brasileiro - observou o treinador alvinegro.

Na análise de René Simões, Daniel Carvalho teve papel determinante na construção da vitória do Botafogo sobre o Paysandu.

- O Daniel Carvalho ajudou a deixar o time mais incisivo. Ele não volta muito à defesa ao lado do Marcelo Mattos e do Willian Arão, mas gosta de receber a bola na frente para distribuir o jogo - disse.

Por Gustavo Rotstein Belém/GE

Pimpão marca no fim, e garante vitória do Botafogo na estreia da Série B


Alvinegro venceu o Paysandu por 1 a 0 e larga na frente na primeira partida do Campeonato Brasileiro da segunda divisão. Pimpão não marcava desde março





O Botafogo, se não mudar de comportamento radicalmente, no transcorrer da Série B, pode se preparar para fortíssimas emoções até o fim do ano. Por precaução, caro alvinegro, é bom deixar em lugar de fácil acesso o número do telefone do cardiologista e o calmante. Aquela reza forte também pode ser uma boa. Para quem deseja retornar à elite, faltou muita coisa. A vontade até que deu as caras. Mas só isso não basta.

Felizmente que, em meio a tanta carência no Mangueirão, a vitória por 1 a 0 sobre o Paysandu, na noite deste sábado, no Mangueirão, serviu para atenuar a fraca estreia. Mesmo com a força máxima (?) em campo, o vice-campeão carioca não conseguiu se impor diante de um Paysandu que contava com cinco estreantes. Pelo contrário. Durante quase todo o tempo, foi presa fácil para o clube paraense.
Rodrigo Pimpão fez o primeiro do Botafogo na Série B (Foto: Ney Marcondes/ LANCE!Press)

Durante o primeiro tempo, então, a superioridade do Paysandu foi total. Embora a pontaria e a qualidade técnica do Papão deixassem muito a desejar. Mesmo tendo generosos espaços à disposição, o Botafogo foi incapaz de tramar jogadas. As parcas oportunidades que teve foram provenientes de erros adversários.

O miolo de zaga era um convite às investidas dos atacantes do Paysandu. Marcelo Mattos, que errara nos dois jogos da final do Carioca contra o Vasco, voltou a dar as costumeiras pixotadas. Um horror!

O Botafogo até voltou um pouco melhor (um pouquinho só) para o segundo tempo, mas sempre a esbarrar nos erros de passe, no mal posicionamento e na confusão tática. Mesmo com tantas deficiências, o Fogão chegou até a ameaçar.

Ciente de que o empate com um grande como o Botafogo seria um bom resultado, o Paysandu abusava dos contra-ataques. Tarefa facilitada pela lenta recomposição alvinegra, fruto da distância entre as linhas da equipe de René Simões.

Como o medo de perder tira a vontade de ganhar, o Papão foi castigado no fim, com o gol de Rodrigo Pimpão, que decretou a vitória alvinegra. Tudo bem que vale mesmo os três pontos, mas a atuação alvinegra deixou certa apreensão no ar. Por isso, é bom, como disse lá em cima, deixar o cardiologista de sobreaviso!

FICHA TÉCNICA
PAYSANDU 0 X 1 BOTAFOGO


Local: Mangueirão, Belém (PA)
Data/Hora: 9/5/2015 – 21h
Árbitro: Emerson Luiz Sobral (PE)
Auxiliares: Elan Vieira de Souza (PE) e Fernanda Colombo Uliana (PE)
Renda/Público: 18.356 pagantes / R$ 565.085,00
Cartões Amarelos: Gilberto e Carlero (Bot); Fahel e Yago Pikachu (Pay)
GOLS: Rodrigo Pimpão, 42'/2ºT (0-1)


PAYSANDU: Emerson; Yago Pikachu, Thiago Martins, Gualberto e João Lucas; Augusto Recife, Fahel (Ricardo Capanema, 20'/2ºT), Gilson e Rogerinho (Carlinhos, 11'/2ºT) ; Bruno Veiga e Souza (Leandro Cearense, 26'/2ºT).
Técnico: Dado Cavalcanti

BOTAFOGO: Jefferson; Gilberto (Luis Ricardo, 26'/2ºT), Renan Fonseca, Diego Giaretta e Carleto; Marcelo Mattos, Willian Arão, Fernandes (Sassá, 30'/2ºT) e Diego Jardel (Daniel Carvalho, 18'/2ºT); Rodrigo Pimpão e Bill. Técnico: René Simões

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