GloboEsporte.com entrevista repórteres que acompanharam de perto o novo reforço do Botafogo e apostam em sucesso do atacante no Brasil. Profissional italiana também analisa período na Udinese
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Maior contratação do Botafogo para a temporada, Aguirre encheu os alvinegros de expectativas com sua chegada. E pode-se dizer também que causou o mesmo nos uruguaios, otimistas para verem como uma joia que foi comparada a Suárez no início de carreira vai se sair no futebol brasileiro depois de não conseguir se firmar na Europa. Aos 23 anos, o atacante vem por empréstimo da Udinese, da Itália, até junho de 2019. O clube vai pagar cerca de R$ 800 mil pela contratação.
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Para saber mais sobre o oitavo reforço alvinegro para a temporada – caso ele seja aprovado nos exames médicos –, o GloboEsporte.com entrevistou quatro jornalistas uruguaios: Sebastián Amaya, do jornal "El Observador"; Rafael Castillo, da "Rádio Universal"; e Pablo Londinski e Nadia Fumeiro, da "TV Tenfield". Além disso, colheu um depoimento de uma repórter italiana, Sabrina Uccello, do site "Mondo Futbol", para saber detalhes da passagem pela Udinese.
"Estilo brasileiro"; "jogador de potência"; "explosivo"; "faz diferença"; "não perdoa"; "chance ideal para decolar" e comparação com Suárez e Adriano Imperador. Confira abaixo o que cada um disse sobre Aguirre:
GloboEsporte.com: Quais são os pontos fortes do Aguirre?
Sebastián Amaya: Ele tem vários pontos fortes: boa capacidade de condução de bola em velocidade, quando arranca desde o meio de campo é muito difícil pará-lo; bom no um contra um e eficiente na hora de definir a jogada. É oportunista: se sobra uma bola, ele não perdoa. Geralmente com força, tem bom chute de longa distância. Creio que é um atacante uruguaio com estilo brasileiro (risos).
Rafael Castillo: É um atacante com muita potência, com chute de média distância. Tem a capacidade de jogar tanto como centroavante quanto como ponta. Mas acho que ele se dá melhor recorrendo às bolas que outro atacante em seu lado pode lhe servir. É muito mais explosivo nessa função. É um jogador interessante nesse aspecto.
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Aguirre tem boa finalização de média e longa distância, segundo jornalistas (Foto: getty images)
Nadia Fumeiro: É um jogador potente, que se sente mais cômodo jogando livre no ataque. Tem o gol, velocidade, sabe se desmarcar e acompanha bem os contra-ataques. Com sua velocidade e posicionamento, coloca-se de maneira certeira para receber a bola e finalizar a jogada. Estando bem fisicamente, é um jogador que faz a diferença.
Pablo Londinski: É um atacante eficaz, com boa referência dentro da área. Sabe como se mexer entre os zagueiros rivais. Deu bom resultado ao Nacional-URU. Não sei como chega fisicamente, porque vem de uma lesão, mas tem muitas condições. É rápido e habilidoso com a bola nos pés. Se chegar bem, pode desequilibrar.
Ele é comparado ao Suárez no Uruguai?
Sebastián Amaya: Guardadas as devidas proporções, ele tem algumas coisas do Suárez em sua luta constante com os defensores adversários. Com muita garra, às vezes cometendo o erro de fazer faltas e receber cartão amarelo.
Rafael Castillo: É parecido pelo temperamento dentro de campo, que não dá a bola por perdida, quer sempre ganhar... Nesse sentido sim. Não tanto em condições futebolísticas, se bem que tem a capacidade de tirar dois, três marcadores, mas não é sempre. Mas não é do calibre do Suárez. Quando era da seleção sub-20, quando o vimos aparecer, pensamos que iria ser um atacante similar ao que Suárez é hoje. Mas nunca atingiu esse nível. Ficou fora do Mundial (Sub-20 em 2013, o Uruguai foi vice-campeão) por um problema de coração e perdeu a chance de mostrar mais.
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Joia fez parte das seleções sub-17 e sub-20 do Uruguai e foi comparado a Suárez (Foto: Reprodução / SporTV)
Nadia Fumeiro: Creio que tem grandes condições e lhe faltou continuidade em algum time para poder explodir. Algumas pessoas o compararam a Suárez em seu início de carreira.
Pablo Londinski: Suárez não tem comparação. Não há sentido de colocá-lo em um patamar tão elevado.
Por que acha que ele não se firmou na Itália?
Sebastián Amaya: Não saberia dizer as causas de sua passagem vazia pela Itália. Quem sabe porque foi muito jovem (19 anos) e não conseguiu se adaptar.
Rafael Castillo: Na Itália nunca encontrou seu lugar. Teve poucas oportunidades, e a Udinese não aproveitou a possibilidade de demonstrar o jogador em campo. Acho que o clube tinha preferência por outros jogadores, não era do gosto dos técnicos. Podemos dizer que ele também não se adaptou bem, teve alguns problemas para estar bem consigo mesmo. A ponto de que, quando veio para o Nacional-URU, queria ficar aqui porque o receberam muito bem.
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Vendido ainda jovem para a Itália, não se firmou na Udinese (Foto: getty)
Nadia Fumeiro: Acredito que ele não se adaptou ao futebol italiano porque, nas oportunidades que o utilizaram, o fizeram fora de sua posição. É um jogador que, guardadas as proporções, mais parecido com Adriano. Não tem o estilo de Abreu (Loco), por exemplo. É um goleador, mas tende a voltar ao meio para buscar o jogo. Já foi utilizado pelas pontas, mas não é onde se sente mais cômodo.
Pablo Londinski: O futebol sul-americano e o europeu são muito distintos. Talvez lhe faltou adaptar às condições do futebol italiano.
Acha que vai se dar bem no futebol brasileiro?
Sebastián Amaya: Creio que pode ir muito bem. É um atacante ágil, rápido, habilidoso e moderno. Com um bom perfil para o Brasil. Se tiver oportunidades e se adaptar, vai se dar bem.
Rafael Castillo: Acho que vai dar muito resultado no futebol brasileiro porque é um jogador que sabe o que significa estar em um time aguerrido, que briga muito. Não é time com características de jogar bonito, como São Paulo, Santos, Palmeiras. Joga um futebol forte, bem jogado, que pode dar muito ao Aguirre, e ele também pode dar muito ao Botafogo. Uma boa contratação.
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Voltou para o Nacional-URU e se destacou em 2017, inclusive na Libertadores (Foto: Getty)
Nadia Fumeiro: Acredito que tem condições ideais para se sair bem no futebol brasileiro, que é muito dinâmico e competitivo.
Pablo Londinski: O mercado brasileiro é muito competitivo, muito exigente. Pode estar à altura deste desafio, inclusive pensando em um retorno à Europa. É a chance ideal para decolar.
Qual a visão italiana sobre Aguirre?
Sabrina Uccello: Não posso dar nenhuma opinião completamente positiva ou negativa a respeito dele porque não deixou a sua marca. Foi "um objeto misterioso". Nunca esteve no centro do corpo técnico, do treinador e de todos. Não podemos dizer se é bom ou mau jogador, nunca tivemos a oportunidade de observá-lo de maneira definitiva. Simplesmente não explodiu. Isso acontece muitas vezes aqui porque, se você não aproveita a primeira ou a segunda chance, depois é complicado. Esteve emprestado por várias temporadas, por isso não o vimos tanto na Udinese.
Fonte: GE/Por Felippe Costa, Fred Gomes e Thiago Lima, Rio de Janeiro