Não sei dizer. O acordo é para esse ano. Mas tudo vai depender do sucesso da Arena. Acredito que tem tudo para dar certo. Mas vai depender se a nossa torcida vai aceitar o estádio. Acho que essa resposta só podemos dar mais para o final do ano. Mas a tendência é voltar a ter o Nilton Santos como nossa casa. Mas é claro que temos que analisar a possibilidade de mandar jogos na Arena. Mas é fato que nesse ano era a melhor opção. O Vasco nem sempre pode alugar São Januário. Não podemos depender dos outros. Tivemos que buscar uma solução nossa. Volta Redonda e Juiz de Fora têm suas complicações, com vantagens e desvantagens.
Acredito que não. Só em casos excepcionais. Mas a princípio os jogos serão sempre na Arena. Não faria sentido. Apenas uma oportunidade muito boa. Talvez um clássico. Mas o estádio está preparado para receber esses jogos. Tem a área de visitantes, e não é um estádio de difícil acesso, no sentido de garantir a segurança dos torcedores.
Existe um planejamento e um orçamento. É claro que nesse momento que estamos vivendo existe pressão para gastarmos mais. É um fato que temos que conviver. Mas posso garantir que isso é feito de comum acordo, e há uma preocupação grande de não cometer loucuras. Não podemos fugir daquilo que podemos gastar. Se gastar um pouco mais aqui, certamente haverá um corte de gasto em outro lugar para compensar. Esse equilíbrio é uma coisa a ser perseguida. Não tem como. Mas há o consenso de que precisamos investir e reforçar o time. Eventualmente poderemos dispensar outros jogadores para reduzir a folha. São manobras do dia a dia. É um trabalho conjunto entre o futebol e a parte financeira.
Não, esse é trabalho do Antônio Lopes e do Cacá (Azeredo) com a comissão técnica. Obviamente, nessas reuniões do Conselho Diretor (todas as segundas à noite), todos dão palpites, afinal somos todos botafoguenses (risos). Mas nossa responsabilidade é saber o custo das contratações. Quanto vai ser, se cabe no orçamento... Aí somos envolvidos.
O Botafogo estava tentando contratar o Alex, com uma proposta na casa de R$ 300 mil mensais. Então ainda há um dinheiro reservado para trazer um camisa 10?
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Orçamento 2016 não prevê vendas da base: Ribamar é alvo na França (Foto: Vítor Silva/SSPress/Botafogo) |
O Botafogo realmente tinha o interesse no Alex, mas ele prefere continuar no Inter. Vida que segue. É possível que ainda surja um camisa 10. A qualquer momento pode aparecer. Não há nada fechado. Mas há uma margem ainda para investir.
Em muitos clubes brasileiros está previsto no orçamento a venda de jogadores? O Botafogo trabalha com essa meta de vender alguma promessa nesse ano?
Sem dúvida, um dos caminhos para o equilíbrio financeiro do Botafogo, a médio e longo prazo, é nas categorias de base. Se eu pudesse revelar um Neymar por ano, certamente estaríamos em uma situação tranquila. Aproveitamos os jogadores, mas chega uma hora que fica muito difícil rejeitar ofertas. Hoje é consenso que o trabalho nas categorias de base, coordenador pelo Manoel Renha, é muito bom. Acho que em um curto espaço de tempo começaremos a ter receitas mais significativas de venda de jogadores. Temos uma safra muito boa. Mas para esse ano não colocamos no orçamento a meta de vender algum jogador. Mas é claro que se surgir uma proposta... Isso acontece em qualquer grande clube brasileiro.
Voltando um pouco ao passado, Seedorf foi um luxo que o Botafogo não poderia bancar?
Eu, particularmente, concordo com a tese do nosso presidente. É óbvio que o Seedorf trouxe vantagens para o Botafogo e o colocou na mídia internacional. Mas o planejamento não foi até o final. Chegou a um ponto que ele se esgotou rapidamente. Aproveitamos muito pouco o que o Seedorf poderia ter trazido para o clube em termos de projeção e marca de receita. A ideia foi boa, mas a execução foi curta. Poderia ter sido muito melhor. Tivemos um gasto significativo, mas não houve uma contrapartida, com receitas. É uma ideia boa, arrojada, e acho que o Botafogo tem que pensar grande em outra oportunidade, se houver. Mas tem que ser um trabalho com um prazo maior para ter o retorno no investimento.
Então um novo investimento, do tamanha feito com o Seedorf, não está descartado?
Não está descartado. Mas se vier, vamos fazer um trabalho que não foi feita na época do Maurício Assumpção. Com uma garantia de que vamos usufruir mais das receitas que um jogador desse porte pode trazer. Se tivéssemos ganho uma Libertadores com ele, seria diferente. Mas não ganhamos. Ganhamos um Carioca. Foi legal e tudo, mas não fecha a conta.
A atual gestão sempre falou que encontrou o Botafogo em uma situação trágica financeiramente. Após um ano e meio, como você avalia o momento atual?
Apesar de eu só ter chegado ao Conselho Executivo agora, os primeiros meses da gestão do Carlos Eduardo Pereira foram muito difíceis. Contas totalmente bloqueadas, sem recursos em caixa... O grande trabalho foi exatamente desbloquear os poucos recursos que estavam presos. Foi um ano realmente muito difícil. Eu diria que nesse segundo ano de gestão não estamos em uma situação tranquila, todos sabem que temos seríssimas limitações, mas pelo menos vivemos melhor. Hoje temos uma perspectiva. Hoje sabemos o que vai acontecer até o final do mês. No início da gestão, não sabíamos o que aconteceria no dia seguinte. Hoje temos uma visão maior do que podemos ter, do que podemos gastar. A melhoria foi significativa. Deu para dar uma respirada.
Aproveitamos muito pouco o que o Seedorf poderia ter trazido para o clube em termos de projeção e marca de receita. A ideia foi boa, mas a execução foi curta. Poderia ter sido muito melhor. Tivemos um gasto significativo, mas não houve uma contrapartida, com receitas. É uma ideia boa, arrojada, e acho que o Botafogo tem que pensar grande em outra oportunidade, se houver. Mas tem que ser um trabalho com um prazo maior para ter o retorno no investimento"
Luiz Felipe Novis, vice de finanças do Bota
E nessa perspectiva, quando você acredita que o Botafogo voltará a ter condições de brigar por contratações no mercado com outros grandes clubes do Brasil?
Vai levar um tempo. Mas esse é o caminho. Teremos que manter essa atual política, independentemente da próxima gestão. Isso é algo a ser perseguido. Não podemos voltar a ser administrados sem responsabilidade. Isso eu falo do Botafogo, mas serve para todos os clubes. Hoje em dia não é mais possível administrar um clube de futebol como se administrava a maioria dos clubes. Tem que existir essa responsabilidade de seus atos. Não se pode deixar bombas armadas para a gestão seguinte. Trabalhamos em cima de um planejamento sério e de um orçamento realista e executável. O caminho é esse. Consequentemente, vamos recuperar a credibilidade no mercado. No caso do Botafogo, para se normalizar a dívida, acredito que serão necessárias três ou quatro gestões.
E conte um pouco sobre você, qual sua formação e desde quando está no Botafogo?
Sou engenheiro de sistemas, já tive empresa na área de informática. Atualmente trabalho na área de controle de espaço aéreo. Trabalho em uma fundação que tem projetos e presta serviços para o departamento de espaço aéreo da Aeronáutica. Minhas especialidades são gestão e orçamento, tenho essa visão organizacional de projetos. Isso realmente ajuda. Temos no clube o pessoal da parte financeira, os gerentes remunerados, que nos dão esse apoio do dia a dia. Fui pela primeira vez do Conselho Deliberativo na época do Montenegro (Carlos Augusto Montenegro, presidente do clube entre 1994 e 1996). Depois fui conselheiro na gestão do Bebeto (de Freitas, presidente alvinegro entre 2003 e 2008). Voltei na gestão passada no conselho como parte da oposição. E agora. Sou sócio desde 1989.
Fonte: GE/Por Marcelo Baltar e Thiago Lima/Rio de Janeiro