A situação do Botafogo para o próximo ano é trágica. As palavras são de quem entende do assunto. Em um evento do candidato à presidência do Botafogo pela Chapa Azul, Thiago Alvim, o ex-presidente do clube Carlos Augusto Montenegro falou sobre o momento atual do Alvinegro e da gestão de Maurício Assumpção, além de fazer projeções para o próximo ano. Na visão de Montenegro, o Bota, hoje, está mais perto de cair para a Série C no ano que vem do que conseguir o acesso para a Série A, uma vez que o rebaixamento em 2014 é iminente, apesar de ainda existir chances matemáticas de permanência na primeira divisão.
- Acho que o Botafogo, do jeito que o Maurício está deixando, está mais para Série C do que voltar para Série A. O Maurício conseguiu, neste último ano, com os amigos dele da praia, implodir o Botafogo - afirmou, completando: - Ele conseguiu levar o Botafogo a uma humilhação tamanha. Porque você não pagar ato trabalhista, não pagar imposto, não pagar salário, demitir pessoas e continuar pagando elas... Isso daí não é digno de Botafogo.
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Carlos Augusto Montenegro, ex-presidente do Botafogo (Foto: Jessica Mello) |
Para Montenegro, o rebaixamento do Botafogo foi decretado no momento em que o atual presidente rescindiu o contrato de quatro jogadores do elenco: Emerson Sheik, Bolívar, Edilson e Julio Cesar. O caso ocorreu no início de outubro.
- Ele (Maurício Assumpção) decretou a queda para a Série B quando mandou os quatro jogadores embora. Desses, dois vão disputar Libertadores ano que vem, o Emerson e o Edilson, pelo Corinthians. Aí você vê o quilate dos jogadores que foram mandados embora. Até hoje, não sei qual foi o motivo que ele mandou os quatro embora. Tem gente que diz que foi uma festa, tem gente que diz que foi deboche, tem gente que diz que é irresponsabilidade, mas tudo isso é esquisito - disse.
O presidente do clube entre 1994 e 1995 ainda opinou sobre a situação do futebol carioca em geral, de maneira a exemplificar que o caso do Botafogo não é isolado. Campeão brasileiro em 95, Montenegro diz ainda temer que a equipe comece a Série B, em 2015, com seis pontos a menos na tabela, em virtude do não pagamento de R$ 150 mil que complementariam uma primeira parcela do pagamento relativo à transferência de
Elkeson, em 2012. Os valores seriam repassados ao Vitória, clube formador do atleta, na venda realizada ao Guangzhou Evergrande, da China.
- O Flamengo, independente de não cair, é um time horroroso. Estão priorizando pagar a dívida, até acho que com razão. Mas mesmo pagando dívida, não precisa contratar tanta gente ruim. O Vasco está mais na Série B que na Série A. O Fluminense caiu ano passado e o Botafogo tá caindo agora. A situação do Botafogo é tão lastimável que não tem nem dinheiro para contratar os advogados do Fluminense. O ideal era contratar os advogados do Fluminense. Era a nossa única chance. Já que não tem Portuguesa, tem de contratar os advogados do Fluminense. Mas o Botafogo não tem esse dinheiro. Não tem dinheiro para nada. Meu medo, hoje em dia, é começar a Série B com menos seis pontos por causa do caso Elkeson - completou.
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Thiago Alvim, Carlos Augusto Montenegro e Durcesio Mello, da Chapa Azul das eleições do Botafogo (Foto: Jessica Mello) |
Um dos principais apoiadores da Chapa Azul, Montenegro garante que não quer ocupar cargo na gestão, caso Thiago Alvim seja eleito nesta terça. Quer usar a sua influência e conhecimento na área para ajudar os futuros presidentes e diretores. Um dos pontos que quer explorar e ajudar a avançar no Botafogo é a questão das categorias de base. A ambição é tornar a estrutura alvinegra do setor em uma das três melhores do país.
Por fim, o ex-presidente ainda garante que não quer interferir no dia a dia do clube e faz questão de rechaçar qualquer pensamento de que quer voltar a comandar o Botafogo no momento. Apesar de afirmar que "nunca mais" se candidatar ao cargo seria uma expressão "forte demais".
- Pretendo fazer coisas que não fiz na minha administração e que eu me arrependo. Quero deixar o Botafogo com as divisões de base, a nível de campo de treinamento, concentração, instalações e profissionais, entre as três melhores do Brasil. Quero estar a frente disso, mas sem cargo - expôs, completando:
- Tenho na minha cabeça o seguinte, a partir do momento em que eu não quero ser presidente... Eu poderia estar como presidente do Botafogo há 15 anos, não é vaidade, não é orgulho... Eu sei o carinho que a torcida do Botafogo tem por mim. Ando na rua e as pessoas dizem "Montenegro, só você para salvar o Botafogo", escuto isso todo dia. Mas a partir do momento em que não aceito voltar, porque acho que já dei a minha contribuição maior, não posso interferir no dia a dia do clube. Se eu quisesse tocar o dia a dia, eu tinha voltado. Posso ajudar o Thiago e o Durcecio em projetos políticos grandes, posso ajudar a resolver o problema do centro de treinamento, posso ajudar a dar prioridade à base, posso ajudar a buscar determinados investimentos, buscar patrocínios, posso dar um telefonema, tentar fazer uma vaquinha para pagar o Refis de sexta-feira. Mas trabalhar no dia a dia, não tenho esse direito. Se quisesse, seria candidato - finalizou.
Eleições no BotafogoApós dois mandatos consecutivos, totalizando seis anos, Maurício Assumpção deixa a presidência do Botafogo, que, assim, conhecerá um novo mandatário. Nesta terça-feira, os sócios votarão naquele que comandará o clube no triênio 2015/2016/2017.
São 1.785 sócios aptos a votar das 9h às 21h, na sede de General Severiano. Quatro candidatos estão na disputa: Vinicius Assumpção, da Chapa Alvinegra "Vinicius Presidente", Thiago Cesario Alvim, da Chapa Azul "Por Amor ao Botafogo", Carlos Eduardo Pereira, da Chapa Ouro "Oposição Unida", e Marcelo Guimarães, da Chapa Cinza "Grande Salto".
As eleições do Botafogo são diretas, e o vencedor assumirá o posto já no dia seguinte. A chapa vencedora terá o presidente, o vice e 140 nomes no Conselho Deliberativo. Se a chapa que ficar em segundo lugar tiver mais de 20% dos votos, indica 14 nomes ao Conselho. Se houver empate entre as duas chapas que ficaram em segundo lugar e com mais de 20% dos votos, cada uma indica sete nomes ao Conselho.
Por Jessica MelloRio de Janeiro