Problema com a torcida e carinho pelo clube que o ajudou deixam meia dividido no jogo desta quarta-feira
Elkeson enfrenta pela primeira vez o Vitória, seu ex-clube (Foto: Ruano Carneiro) |
Não há dúvidas de que vai passar um filme na cabeça
de Elkeson quando ele entrar em campo nesta quarta-feira contra o Vitória, seu
ex-time, às 21h50, no Barradão, pela oitava de final da Copa do Brasil, com
transmissão em tempo real pelo LANCENET!.
Não vai ser de comédia, ficção e muito menos terror.
Um drama para ele, difícil até para administrar os próprios sentimentos. Quando
deixou o Vitória em maio do ano passado, foi muito vaiado pela torcida. Mesmo
que seu destaque tenha despertado interesse de muitos clubes, ele não teve
sossego. Os últimos jogos pelo Rubro-Negro parecia o fim de um casamento.
Mesmo com essa marca negativa no passado, ele
prometeu que não vai comemorar gol caso marque contra o clube que o revelou:
- Nunca enfrentei o Vitória e tenho um carinho
imenso e muito respeito. Será uma experiência nova para mim. Até pelo respeito
eu não comemoro - explicou o meia.
Porém, a cautela na vibração caso balance a rede
não é pela torcida, mas pelo clube que apostou nele após dois problemas nas
categorias de base, que poderiam ter partida a relação ainda quando era garoto.
A diretoria do Vitória descobriu que Elkeson, com
15 anos, tinha adulterado a idade e atuava com jogadores dois anos mais novos.
Mesmo assim, regularizou o atleta e ficou com ele na sua categoria correta.
Logo depois do episódio do gato, uma lesão séria no tornozelo direito também
poderia ter tirado ele do Rubro-Negro, mas não aconteceu.
- Sempre acreditamos no Elkeson porque ele tinha
qualidade. Era aquele jogador que chamava a atenção. A lesão foi bem séria, mas
tivemos paciência porque sabíamos que a chance dele dar certo era muito grande
- disse João Paulo Sampaio, ex-técnico de Elkeson e coordenador das divisões de
base do Vitória.
Um ano que saiu do Vitória, Elkeson vai olhar para
todos os cantos da sua antiga casa. E como todo bom filme de drama, as emoções
estão garantidas até os minutos finais. Até porque, final feliz é só para um
lado.
Em barca de gatos, só ficou
Elkeson
Elkeson chegou ao Vitória em 2002, aos 13 anos, mas
sua identidade apontava que sua idade era 11. Com documento falso - nele dizia
que tinha nascido em 1991 em Maraba, no Pará, e não em 1989, em Coelho Neto, no
Maranhão -, o meia jogava com atletas dois anos mais novos, sendo destaque.
Porém, quando fez 15 anos, a diretoria do Vitória
descobriu a fralde no registro de Elkeson e mais oito atletas das divisões de
base do clube. Imediatamente a diretoria mandou todos embora, menos Elkeson,
que teve nova chance.
- Realmente foi complicado. Mandamos os oito pela
complicação que foi, mas ele foi o único que ficou - disse o ex-técnico João
Paulo Sampaio, lembrando do corpo franzino dele:
- Ele era pequeno para a idade real e grande para
os mais novos. Depois que se machucou, fizemos um trabalho para ganhar corpo.
Elkeson era tratado como fenômeno. Tanto que foi
destaque sempre nas divisões de base. Em 2009, na Copa São Paulo de Futebol
Junior, brilhou. Ele foi tão bem que o Benfica, que tinha uma quantia para
receber do Vitória, o escolheu para pegar 50% dos direitos federativos.
A dívida em questão era por conta da compra do meia
Zé Roberto, que passou pelo próprio Botafogo, além de Flamengo, onde foi
campeão brasileiro em 2009, Vasco e Internacional.
Nome marcado na cama
Muitos garotos já passaram pelo quarto onde Elkeson
dormia, no Barradão, na época que ainda era uma promessa. Porém, hoje, quem
dorme na mesma cama que o meia passou noites sonhando em ser jogador
profissional é o atacante Junior, de 18 anos, que chegou ao clube no último
sábado em busca do mesmo sonho de Elkeson.
O garoto recém-chegado às dependências do clube é
de Vitória da Conquista, cidade que fica 500 quilômetros da capital baiana.
Elkeson dormia em uma beliche, mas na cama debaixo. Em um das noites, assinou
na madeira que prende a cama de cima seu nome, quando pensava em seu futuro.
Agora, é Junior que vê o nome de Elkeson, se
espelha e espera um dia também deixar seu nome como exemplo para outros que
passarem pelas dependências do Barradão:
- É um exemplo para mim. Tento me inspirar nele
para chegar onde ele chegou. Quero ter minha própria carreira e vou tentar
vencer no futebol, como ele fez - disse o jovem, que tem outro jogador também
como admirador, formado nas divisões de base do Vitória, o seu conterrâneo
Leandro Domingues:
- Ele é da minha cidade e venceu nesta vida. É
outro jogador que admiro muito e me espelho também.
Amizade com ex-técnico
Um dos grandes responsáveis pelo sucesso da
carreira de Elkeson foi seu ex-técnico João Paulo Sampaio, nas divisões de base
do clube. Além de treinador, ele foi coordenador ainda com o apoiador no
Vitória.
Mesmo com Elkeson jogando no futebol carioca há um
ano, a amizade continua intensa. Tanto que no fim do ano passado, Sampaio
inaugurou um campo em Jacobina, cidade no interior da Bahia que fica a 300
quilômetros da capital:
- Chamei o Elkeson para ir lá e ficou três dias lá
em casa. Jogamos uma pelada, rimos muito e foi bom vê-lo novamente - lembrou.
Em entrevista ao LANCE!, o próprio meia recordou o
carinho pelo amigo de longa data:
- O João Paulo foi um cara que me ajudou muito, deu
apoio em momentos muito importantes. Tenho muito a agradecer a ele - recordou o
meia, que fez questão de lembrar dos funcionários do clube:
- No Vitória, tenho a agradecer para tanta gente...
Dos diretores até as tias. Meu carinho pelo pessoal é muito grande. Se eu
ficasse falando nome por nome, passaria o dia todo fazendo isso.
Veja chegada de Elkeson em Salvador para o jogo de hoje, contra o Vitória, no Barradão, às 21:30h.
Veja chegada de Elkeson em Salvador para o jogo de hoje, contra o Vitória, no Barradão, às 21:30h.
Raphael Bózeo
Leia mais no LANCENET! http://www.lancenet.com.br/minuto/Elkeson-sentimento-dividido-jogo-Vitoria_0_692930705.html#ixzz1tiYqOrrK
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