Para crer no título, jogadores alvinegros se apoiam em exemplos
recentes, como o gol de Antônio Carlos na final do Carioca de 2005
No futebol carioca, não há registros de viradas exatamente como a que o
Botafogo precisa para tirar o título do estadual-2012 do Fluminense, domingo,
às 16h, no Engenhão. Mas não faltam exemplos recentes de cenários semelhantes
em que uma ampla vantagem do adversário foi superada, e que fazem o clube
acreditar. A derrota por 4 a 1, que obriga o Alvinegro a, ao menos, repetir a
diferença de gols para levar a disputa para os pênaltis, reativou a memória do
zagueiro Antônio Carlos para o desafio mais emocionante de que já participou.
Em 2005, defendendo o Tricolor, ele marcou o gol de uma conquista
desacreditada.
Na finalíssima diante do Volta Redonda, era preciso construir um placar
de dois gols de diferença e seu time saiu atrás. Mesmo assim, o Flu não desistiu
e, com uma cabeçada aos 47 minutos do segundo tempo, o camisa 3, então com 21
anos, anotou 3 a 1 e entrou para história da competição. E esse não é o único
momento que o xerife alvinegro sabe de cor.
Jogadores alvinegros têm na união de titulares e reservas uma arma para reagir e conquistar o Carioca de 2012 (Foto: Fernando Soutello / Agif) |
- Já presenciei vários, mas não estive em muitos. Além do jogo contra o
Volta Redonda, em que participei diretamente, teve a virada do Vasco sobre o
Palmeiras, na Mercosul (de 2000, de 3 a 0 para 3 a 4), que ficou marcada e foi
em menos tempo ainda. O futebol está toda hora mostrando que é possível, sim, e
vamos fazer tudo para conseguir - afirmou, detalhando com carinho tudo o que
aquela tarde no Maracanã o proporcionou.
- Foi o gol (assista ao lado) que me projetou para o futebol, que me fez
ser mais conhecido e que começou a fama de zagueiro-artilheiro. Todo jogo
contra o Fluminense não tem jeito, o pessoal lembra disso. Nessa final mais
ainda pelo fato de o Abel estar novamente lá. Mas a história é outra e meu
objetivo é ter recordações inesquecíveis no futuro.
Do outro lado, Abel Braga revelou que gostaria de ter o zagueiro a seu
lado novamente.
- Tentei trazê-lo no inicio do ano. Encontrei com ele nas férias, somos
amigos, tenho admiração imensa, gostaria de voltar a trabalhar com ele, mas o
Antônio está muito bem no Botafogo, foi capitão, amadureceu muito de 2005 para
cá - ressaltou.
Para o volante Renato, uma Copa da Uefa trouxe a sua virada preferida. O
Sevilla contou com a ajuda de sua torcida para tirar a vantagem de dois gols do
Osasuna, em 2007, e avançar de fase. Além disso, goleada em clássico não é
novidade para o elenco alvinegro.
- Se o Fluminense fez os gols, também podemos fazer. Vencemos o Vasco
por 4 a 0 no ano passado, não é impossível. Precisamos errar pouco e procurar
um gol por vez. Com a vantagem diminuindo, vamos colocar pressão neles, mostrar
que temos a intenção de inveter a situação - ensinou, emendando sobre a
estratégia.
- Claro que vamos atacar, mas também não podemos sair como loucos para não dar
armas a eles - advertiu o camisa 8.
Relembre alguns jogos
históricos com contexto parecido:
- Em 1995, o Fluminense fez 4 a 1 no Santos, no Maracanã, pela semifinal
do Brasileirão. Na volta, no Pacaembu, deu 5 a 2 para o Peixe, que se
classificou sob a batuta do ídolo Giovanni.
- Em 1996, o Grêmio meteu 5 a 0 sobre o Palmeiras, no Olímpico, achou
que havia liquidado a fatura, pelas quartas da Libertadores. No Palestra
Itália, os paulistas devolveram os cinco, mas sofreram um e perderam a vaga.
- Em 1999, o Manchester era batido pelo Bayern de Munique por 1 a 0 até
os 46 do segundo tempo. A situação parecia irreversível, Sheringham e Solsjkaer
fizeram dois gols nos acréscimos e deram a Liga dos Campeões aos ingleses.
- Em 2000, o Vasco foi para o intervalo perdendo por 3 a 0 para o
Palmeiras. Em 45 minutos, marcou quatro vezes - com três gols de Romário - e
sagrou-se campeão da Copa Mercosul, em um milagre sempre exaltado.
- Em 2001, o Flamengo precisava vencer o Vasco por dois gols de
diferença, mas foi para o intervalo com o empate. Na etapa final, com Edílson e
Petkovic, de falta, aos 43 minutos, fez 3 a 1 e foi tricampeão estadual.
- Em 2005, o Liverpool levou um baile do Milan no primeiro tempo: 3 a 0.
Mas, na volta, marcou três vezes e forçou a disputa de pênaltis, da qual saiu
vencedor, conquistando outra Liga dos Campeões histórica.
- Em 2008, exemplo de título que ficou no quase após grande virada: o
Flu levou 4 a 2 da LDU, no Equador, e saiu atrás do placar no Maracanã, na
final da Libetadores. Fez três gols em 70 minutos, mas perdeu nos pênaltis.
Por André Casado e Thales SoaresRio de
Janeiro
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