Com bagagem internacional, volante tem procurado conversar com os companheiros para superar momento turbulento que o time vive no ano
As eliminações e derrotas do Botafogo ao longo dos
últimos anos foram tratadas muitas vezes como uma fraqueza psicológica no
momento decisivo. Com jogadores experientes no elenco, como Jefferson, Antônio Carlos, Renato e Loco Abreu, a expectativa de uma
segurança maior existia e a invencibilidade de 23 jogos na temporada chegou a
mostrar isso. No entanto, foram duas derrotas seguidas, que resultaram numa
eliminação na Copa do Brasil para o Vitória e na situação dramática na final do
Campeonato Carioca contra o Fluminense, derrubando a força mental que parecia
existir.
Nesse
momento difícil, o volante Renato tem assumido o papel de psicólogo do grupo.
Com experiência internacional, o jogador conquistou o respeito dos
companheiros. De fala mansa, mas com posicionamento firme, ele procura fazer os
jogadores não se abaterem com os maus resultados dos últimos jogos. A reação
imediata é necessária, afinal, domingo, às 16h (de Brasília), no Engenhão, o
time precisa vencer o Fluminense por três gols de diferença para levar a
decisão do título carioca para as cobranças de pênaltis ou por uma vantagem de
quatro para ser campeão direto.
O volante Renato assumiu o papel de psicólogo do grupo (Foto: Thales Soares / Globoesporte.com) |
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Já passei outras vezes por isso. Perdi para time de segunda divisão na Espanha.
Temos um grupo jovem e o importante é ter a cabeça no lugar e não se abalar.
Precisamos reconhecer os erros e trabalhar durante esses dias para fazermos um
bom jogo contra o Fluminense. Cada um, dentro de si, precisa refletir e ver o
que fez de errado - disse Renato.
Na
comissão técnica, há uma psicóloga. Maíra Justo é considerada importante pelos
jogadores e participa de todas as reuniões realizadas pelo técnico Oswaldo de
Oliveira antes dos treinamentos e jogos. Normalmente, segundo Renato, ela age
quando os próprios jogadores não conseguem tirar dos companheiros os problemas
que estão acontencendo.
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Ela vem, fala, pega um ou outro individualmente. Quando a gente percebe alguma
coisa com um companheiro, conversa e tenta tirar algo. Se não conseguir, entra
o trabalho dela. Assim, leva sempre uma motivação a mais a certos jogadores com
mais dificuldade. Isso é importante - explicou Renato.
Já
passei outras vezes por isso. Perdi para time de segunda divisão na Espanha.
Temos um grupo jovem e o importante é ter a cabeça no lugar e não se
abalar"Renato
Depois
da eliminação da Copa do Brasil, foi visível o abatimento de alguns jogadores,
especialmente Lucas. O lateral-direito levou seu segundo cartão vermelho
consecutivo, deixando o time com um jogador a menos em campo, o que acabou
interferindo no resultado do jogo. Contra o Fluminense, ele deixou o campo
quando o placar mostrava 1 a 1. Depois, acabou em goleada do rival popr 4 a 1.
No confronto com o Vitória, o Botafogo vencia por 1 a 0, quando ele salvou com
a mão gol certo de Uelliton. Jefferson ainda defendeu o pênalti no fim do
primeiro tempo, mas não evitou a virada do adversáriol.
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O grupo está com o Lucas. Foi uma coincidência. Ele tomou uma atitude em
segundos. Se tivéssemos vencido, todo mundo diria que foi excepcional. Falamos
que ele não deveria se culpar - comentou Renato. - Eu procuro falar com quem eu
vejo com ânimo baixo, até porque já passei por certas situações. Trabalhando
você supera os problemas. É difícil não se deixar abalar, mas temos uma final
domingo e não há motivação melhor do que essa.
Na
questão psicológica, existe a preocupação de que a sequência ruim possa
prejudicar o futuro do trabalho. No discurso de Renato e outros jogadores, é
possível perceber o reconhecimento do peso adquirido com as duas derrotas
consecutivas, mas o recado do treinador já foi dado para que o grupo não se
abale.
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Oswaldo falou para a gente que não podemos ficar tão eufóricos nem tão tristes.
Claro que uma derrota na final ou em um jogo eliminatório complica, pesa um
pouco, principalmente para os mais jovens, que não viveram essa parte negativa.
Só a parte boa é fácil. Queria eu poder entrar em campo sabendo que venceria
sempre. Para isso, temos jogadores importantes, como o Renato, que é bem
vivido, para dar um grito e mostrar que nem tudo está perdido - afirmou o
zagueiro Antônio Carlos.
Jogadores
importantes para o grupo mostraram certo abatimento preocupante. Ainda jovens,
apesar do peso que carregam no Botafogo, Maicosuel, de 25 anos, e Elkeson, de
22, estão nesse grupo. Os dois sofreram com vaias durante a derrota para o
Vitória, quarta-feira, principalmente Elkeson, que fez até um desabafo quando
marcou o gol que abriu o placar no Engenhão.
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Eles estão tristes, mas não é uma coisa específica para. Pegaram muito no pé do
Elkeson por causa da derrota para o Fluminense, mas esse ano ele está muito
bem. O Maicosuel é um grande jogador. Os dois podem fazer a diferença, estão
jogando pelas pontos, que é algo novo para eles, e ajudam muito, até na
marcação. O grupo está fechado e vai mostrar garra dentro de campo - avisou
Antônio Carlos.
Falta de tranquilidade é tratada como maior pecado do Bota nesta reta
final
Chateado com a eliminação, Renato revela que, de acordo com os objetivos traçados, trocaria Carioca pela passagem de fase na Copa do Brasil
Sob o comando de Oswaldo de Oliveira, o Botafogo
enfrentou situações inéditas nas duas partidas que praticamente decretaram o
fim do semestre. Antes de Fluminense, pela final do estadual, domingo passado,
jamais havia perdido um jogador expulso e também não sofrera nenhuma virada. O
cenário se repetiu diante do Vitória, pelas oitavas da Copa do Brasil, e
transpareceu as falhas de um time até então imbatível - estava invicto há 23
compromissos, em quatro meses.
Um
dos mais experientes do elenco, Renato apontou justamente a falta de
tranquilidade como o maior pecado alvinegro. De resto, a estrutura positiva do
trabalho deve se manter, julgou.
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Ainda falta a final, vamos entrar e lutar muito, mas o que vale é já corrigir
os erros. Ter humildade para admitir que precisamos ter a cabeça no lugar. Não
é demérito ao Vitória, mas poderíamos ter passado de fase. Ao levarmos o gol em
cada um dos jogos, quando tínhamos de ter tranquilidade, não aconteceu. Coisas
que vínhamos fazendo, não conseguimos mais. Mas não foi um desastre total. Os
resultados não estão sendo os esperados agora, mas estávamos no caminho certo e
temos muito a aproveitar do que melhoramos - disse Renato.
O time reagiu mal a cada um dos seis gols sofridos nos dois jogos (Foto: Dhavid Normando / Futura Press) |
O
camisa 8 usa o mesmo discurso do zagueiro Antônio Carlos e reforça a aposta no milagre de
domingo, lembrando que a trajetória do Botafogo é de respeito. Para ser campeão
carioca e não chegar no Brasileirão, dia 20, de mãos abanando, será preciso
vencer por quatro gols de diferença. Em caso de goleada por três (seja 3 a 0, 4
a 1, 5 a 2...), a decisão vai para os pênaltis:
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Falávamos que havia a obrigação de ao menos irmos à final e fomos. Nada é
impossível, mas não saímos precocemente. A equipe chegou a um objetivo e vamos
em busca de inverter isso.
Mas
Renato queria mesmo era a Copa do Brasil, que só verá possivelmente em 2012.
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Eu, dentro do que tínhamos como objetivo, trocaria o Carioca pela passagem de
fase na Copa do Brasil. Nossa grande ideia é estar na Libertadores, e a Copa do
Brasil dá acesso. Mas sendo campeão em casa (Carioca) vai dar alegria à
torcida, principalmente nessa situação - acredita.
No
domingo, Botafogo e Fluminense medem forças novamente, às 16h, no Engenhão. Se
triunfar por três gols de diferente, o Glorioso leva a decisão do estadual para
os pênaltis. Caso abra quatro e atinja uma virada histórica, abocanha a taça
direto.
Por André Casado e Thales SoaresRio de Janeiro
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