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sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Despedida de Anderson Barros do Botafogo tem emoção à flor da pele




Gerente de futebol dá adeus ao cargo nesta segunda-feira, diz que decisão por sua saída é do clube e faz balanço positivo dos quatros anos de trabalho



Sergio Landau, diretor executivo, Anderson Barros,
gerente de futebol, e Chico Fonseca, vice de futebol
(Foto: Thales Soares / Globoesporte.com)
Na próxima segunda-feira, Anderson Barros entrará pela última vez no Botafogo como funcionário do clube. Ele entregará o seu telefone ao vice-presidente de futebol, Chico Fonseca, e se despedirá do cargo de gerente do departamento, que ocupou por quatro temporadas. Entre os problemas de 2009 e a expectativa pela chance de conseguir a melhor colocação no Campeonato Brasileiro desde 1995, ele se emociona com atitudes de jogadores e funcionários.

- O Rafael Marques veio conversar comigo. Perguntei se estava tudo bem. Ele disse que não, pois se sentia culpado pela minha saída. Falei para esquecer isso, que ele poderia fazer 20 gols e eu ainda assim sairia do clube - disse Anderson Barros, com lágrimas dos olhos.

As cenas são corriqueiras entre jogadores que confiam em seu trabalho. Anderson lembra os grandes eventos, como as vindas de Loco Abreu e Renato, entre os pontos altos do clube. Vê na contratação de Lodeiro uma consolidação do seu trabalho, em um reforço conquistado na base do respeito adquirido.

- O Arévalo foi fundamental. O Lodeiro tinha proposta do Corinthians e ligou para ele para saber sobre o Botafogo. Quando ouviu do Arévalo que era para acreditar em tudo o que eu dissesse, ganhamos o reforço - contou Anderson, ainda sem definição sobre o seu futuro.

Confira abaixo outros trechos da entrevista com Anderson Barros.

Avaliação do trabalho

- Depois do jogo com o Flamengo, vou terminar o meu trabalho com todos os processos iniciados em 2009 finalizados. Entendo que o clube tinha uma condição no passado muito diferente do que tem hoje, com uma estrutura no profisional e na base que cresceu nos últimos anos com a condição de nos próximos anos brigar pela busca de seus objetivos, de resultados finais e títulos. O Botafogo mostrou força nos últimos Brasileiros. Há detalhes que devem ser ajustados e infelizmente será preciso interromper o trabalho. Não é uma decisão minha, pois entendo que haveria a possibilidade de dar continuidade. Mas as coisas aconteceram, há um processo de transição transparente e honesta, que é difícil acontecer com essa consciência. Foram quatro anos extremamente positivos para o clube. Quero agradecer pela oportunidade ao Botafogo, aos profissionais, funcionários e atletas.
Não é uma decisão minha, pois entendo que haveria a possibilidade de dar continuidade. Mas as coisas aconteceram, há um processo de transição transparente e honesta, que é difícil acontecer com essa consciência. Foram quatro anos extremamente positivos para o clube"
Anderson Barros

Futuro

- A ideia principal é terminar esse processo. Mas fico feliz em ver meu nome citado em clubes como o Internacional, em outros clubes do Rio. Me dá a certeza de que há reconhecimento em tudo que fizemos aqui. Mas agora vou ficar com minha família, viajar, descansar e ver a possibilidade que vou ter de desenvolver um novo trabalho. É preciso ter tranquilidade para escolher.

Erros e acertos

- O maior acerto foi a transformação do Botafogo para ter a credibilidade que tem hoje. A cobrança agora é pelo resultado final, por uma classificação para a Libertadores e até pelo título, o que não acontecia antes. Temos atletas reconhecidos, procurados por grandes clubes, uma estrutura administrativa que não deixa a desejar a ninguém. O erro foi não termos conquistado um título nacional. É o que se busca e o clube está próximo disso. Prefiro considerar quatro anos de evolução muito significativa no cenário nacional. Brigamos pelas primeiras posições no Campeonato Brasileiro, ficamos no máximo na sétima colocação e todos alimentavam que o Botafogo poderia chegar ao título. O trabalho era a longo prazo e a ideia sempre foi essa, pois a necessidade de transformação era muito grande quando entramos no futebol em 2009.

Torcida

- É preciso entender a torcida do Botafogo, mas em alguns momentos ela não foi justa com o processo. Mas é a torcida, um dos maiores patrimônios e precisamos entender. É fundamental que o clube nunca procure ser influenciado por essa posição, que é 100% paixão. Tem que ter muito cuidado com essa condição. O planejamento e a organização são mais importantes do que isso. Uma contratação A ou B por menor que seja o resultado foi feita por todo mundo. A importância de como o clube se encontra no cenário nacional é o que vale.
Protesto da torcida contra Anderson e Oswaldo de
Oliveira (Foto: Thales Soares / Globoesporte.com)


Contratações

- Loco Abreu foi importante para o clube em 2010, na conquista do Campeonato Carioca de uma forma especial. Outros chegaram e tiveram a competênca para honrar a camisa do Botafogo, foram convocados para a seleção brasileira, não importando as circunstâncias. Temos atletas na Seleção sub-20 que são formados no clube, apostamos no Bruno Mendes. O mais importante é o crescimento. Erros vão acontecer e acontecem em todo lugar. No Fluminense, campeão brasileiro, Grêmio, Atlético-MG também acontecem e é preciso seguir em frente. Os conceitos é que são importantes. Não dá mais para sucumbir e mudar o que você acredita por interferência externa.

Carinho do grupo

- O reconhecmiento do comando da comissão técnica e dos atletas e funcionários é um dos legados que levo comigo. É uma honra para mim. A unanimidade é burra, mas esse reconhecimento desses profissionais que convivem com você, capazes de divulgar o seu trabalho, ouvir essas coisas de um Seedorf, Fellype Gabriel, Andrezinho, Renato, Marcelo Mattos, Jefferson, os meninos da base, é importante para todo profissional.

Jobson

- Ele foi uma aposta que funcionou e ajudou em um determinado momento. Teve um investimento, mas a decepção é pelo homem. Se não corrigir os rumos da sua vida, ele vai sucumbir, os maiores sonhos dele desabarão. Demos as oportunidasdes e a decisão de continudade ou não é dele. Posso ficar triste, mas não encaro como decepção.

Por Thales Soares Rio de Janeiro


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