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Maurício Assumpção foi presidente do Botafogo por seis anos e se despede hoje do cargo |
Hoje, terça-feira dia 25 de novembro de 2014, é o último dia de Maurício Assumpção como presidente do Botafogo, data da eleição para a escolha do novo mandatário do clube, que já vai tomar posse no dia seguinte. Após seis anos e dois mandatos no comando do Alvinegro, o dirigente deixa o cargo com a imagem abalada, bastante criticado, em um trajetória conturbada depois de um início promissor e até elogiado.
A parte do sucesso de Assumpção inclui um começo de gestão eficiente, dois títulos cariocas, a contratação da estrela internacional Seedorf e a volta do Botafogo à Libertadores após 17 anos. No entanto, o fracasso se consolidou com a falta de pagamento do Ato Trabalhista, o aumento das dívidas para cerca de R$ 700 milhões, o choro em reunião com a presidente Dilma Rousseff, a dispensa de quatro jogadores importantes este ano e o iminente rebaixamento para a Série B do Brasileiro. Não faltaram polêmicas.
Na eleição que acontece nesta terça-feira, com votação dos sócios das 9h às 21h em General Severiano, os quatro candidatos se dizem oposição ao atual mandatário.
Formado em odontologia e professor universitário, o dentista Maurício Assumpção foi eleito presidente pela primeira vez no fim de 2008, substituindo Bebeto de Freitas, e encontrou um time com dificuldades financeiras. Nos primeiros anos, com uma administração responsável, ações de marketing e controlando gastos, ajudou a reestruturar o clube. Em 2010, o Botafogo foi campeão carioca com a presença do ídolo uruguaio Loco Abreu, vencendo o rival Flamengo na final, o que animou a sua torcida. Em novembro de 2011, ele foi reeleito com facilidade para a presidência.
Maurício Assunção conseguiu o que poderia ser um dos grandes trunfos de sua gestão no ano seguinte, quando acertou a contratação do meia holandês Seedorf na metade de 2012. A presença do craque fortaleceu a equipe dentro e fora de campo, parecia colocar o Botafogo em um outro patamar no futebol brasileiro, e os frutos foram colhidos com o título carioca e o quarto lugar no Brasileirão em 2013, posição que deu a vaga ao clube na Libertadores após 17 anos de ausência.
Na mesma temporada dessas conquistas, porém, o presidente já começava a acumular erros e enfrentar obstáculos. O fechamento do Engenhão por causa de problemas estruturais na cobertura causou prejuízo ao clube. Além disso, a falta de pagamento do Ato Trabalhista, o consequente aumento das dívidas, as penhoras e receitas bloqueadas destruíram os cofres botafoguenses. Pessoas de dentro do clube, que antes eram aliadas de Assumpção, mudaram de lado e acusam o presidente de ter aberto mão de uma administração mais profissional para dar emprego aos amigos da "turma da praia".
Com o clube sufocado financeiramente, Maurício Assumpção chegou a chorar em uma reunião em Brasília com a presidente Dilma Roussef, em julho deste ano, ameaçando abandonar o Campeonato Brasileiro por causa das receitas bloquedas. O dirigente alvinegro ainda se envolveu em outras medidas duvidosas, como ao se filiar ao PMDB, partido do prefeito carioca Eduardo Paes, do governador do Rio de Janeiro, Luiz Fernando Pezão, e do ex-governador Sérgio Cabral.
As polêmicas ainda incluem as negociações dos patrocínios com a Telexfree, empresa investigada por corrupção dos EUA, e com a Guaraviton, em que a firma de seu falecido pai receberia 5% de comissão pelo contrato, além de ter arrumado desafetos em outros clubes do Brasil após mudar de lado no Clube dos 13 ao aceitar receber uma cota de televisão antecipada da CBF.
A crise financeira do Botafogo refletiu diretamente dentro de campo agora em 2014, e o desempenho do time foi pífio. Depois de ter perdido alguns atletas durante a temporada anterior, o clube também ficou sem Seedorf, que virou técnico do Milan do início do ano. O time foi eliminado na primeira fase na Libertadores, ficou apenas na nona colocação no Carioca e está quase rebaixado para a Segunda Divisão do Brasileiro. Com elenco e funcionários com salários atrasados, Maurício Assumpção virou alvo de críticas de atletas, torcedores e perdeu a confiança do grupo.
A dispensa de quatro jogadores experientes (Emerson Sheik, Bolívar, Edilson e Júlio César), que estariam influenciando os mais jovens contra a diretoria, foi decisiva para a queda de desempenho do time no Brasileirão. Quando tomou a decisão, Assumpção assumiu a culpa pelo possível rebaixamento, mas até hoje a medida não ficou bem explicada.
A partir desta quarta-feira, aos 52 anos, Maurício Assumpção não é mais o presidente do Botafogo, está isolado politicamente dentro do clube e dificilmente conseguirá um cargo público com o apoio de eleitores botafoguenses. Enquanto isso, o clube tentará se reerguer dentro e fora das quatro linhas. Seja quem assumir a presidência para o triênio 2015, 2016 e 2017 (Carlos Eduardo, Marcelo Guimarães, Thiago Cesário Alvim e Vinícius Assumpção estão na disputa), a missão será árdua para fazer a Estrela Solitária brilhar novamente.
Conheça os quatro candidatos à presidência do Botafogo
Eleição no Botafogo - Carlos Eduardo Pereira: 'Falta de transparência da gestão atual, ano pífio'
Eleição no Botafogo - Marcelo Guimarães: 'Urgência é recuperar a credibilidade no império da lei'
Eleição no Botafogo - Vinícius Assumpção: 'Jogador precisa de comprometimento, pagar em dia'
Eleição no Botafogo - Thiago Cesário Alvim: 'Clube tem elenco caro e que dá pouco resultado'
Tiago Leme, do Rio de Janeiro (RJ), para o ESPN.com.br
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