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terça-feira, 3 de março de 2015

Depois de liquidar Fla e uniforme, Botafogo diz: "Foi degustação"


Parceria que renderá R$ 140 mil ao clube em dois clássicos é bem recebida por empresa varejista e Alvinegro, que vê abertura de novos caminhos para gerar renda



A quantia não é suficiente para quitar metade do salário de Jefferson. Mas os R$ 140 mil arrecadados pelo Botafogo com a venda de espaços em sua camisa para cinco patrocinadores nos clássicos contra Flamengo e Fluminense (R$ 70 mil por partida) foram suficientes para satisfazer todas as partes envolvidas. Principalmente em se tratando da parceria com uma grande empresa varejista, que em vez de estampar sua logomarca, no último domingo anunciou no uniforme do Alvinegro uma “liquidação maluca”, com direito a propaganda de um aparelho de telefone celular com o preço incluído.

Tomas comemora gol da vitória sobre o Flamengo: parceria com empresa do varejo resultou em "liquidação maluca" em camisa do Botafogo em clássico (Foto: Marcio Mercante/O Dia/Agência Estado)

A ideia não partiu da Casa & Video, mas do próprio departamento de marketing do Botafogo. Mais especificamente do diretor comercial Klay Salgado, que foi uma das pessoas responsáveis por tentar atrair anunciantes que pudessem encher a camisa – por enquanto não os cofres – do Alvinegro. Em profunda dificuldade financeira, o clube ainda busca parcerias duradouras e lucrativas desde que encerrou as negociações de renovação com a Viton 44. No ano passado o clube chegou a conseguir R$ 27 milhões com patrocinadores no uniforme, mas a questão tornou-se polêmica depois que veio à tona a comissão recebida por uma empresa da família do ex-presidente Maurício Assumpção por conta da intermediação do acordo com a Guaraviton.

Mas apesar de o valor recebido pelos dois clássicos estar longe de resolver seus problemas, o Botafogo viu a ação do último domingo como a abertura de caminhos importantes, que podem torná-lo uma vitrine de peso para futuros parceiros.

- Quisemos atrair outros anunciantes para a possibilidade de negociar parcerias duradouras. O que fizemos foi uma degustação para medir o resultado, e posso garantir que foi excepcional. Eu sempre quis trazer o varejo para o futebol, mas este ramo sempre teve receio, achando que se patrocinar um clube X, os outros torcedores não comprariam seus produtos. Fizemos uma pesquisa e vimos que isso é uma inverdade. A exposição de uma marca como na partida de domingo equivale a sete minutos de anúncio na televisão aberta. E isso representa um valor muito significativo - destacou Klay Salgado.

Empresa usou suas redes sociais para comemorar
vitória do Botafogo (Foto: Reprodução/ Facebook)
Embora seja uma novata no futebol, a Casa & Video abraçou a causa. Em suas redes sociais, comemorou a vitória sobre o Flamengo. A empresa informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que não esperava que as estampas causassem tamanha repercussão, mas há a expectativa de um bom retorno pela parceria. O momento escolhido foi por causa da semana de liquidação e, dependendo dos números alcançados, é possível que outro produto seja anunciado no uniforme do Botafogo para o jogo do próximo domingo, contra o Fluminense, também no Maracanã.

O Botafogo reconheceu que esta ação poderia deixá-lo vulnerável, mas apostou no fator surpresa para acreditar que a repercussão traria mais benefícios do que depreciações. O diretor comercial Klay Salgado avalia que as críticas têm mais a ver com o ineditismo.

- Inovamos com essa ideia. O varejo gasta uma verba publicitária significativa anunciando produtos e preços. Por que não trazer isso para o futebol? Imagino que quando os primeiros patrocínios começaram a aparecer nas camisas dos times também houve esse burburinho. Quando se quebra paradigmas, surgem pessoas contra e a favor. Quando acabar o efeito surpresa, ficará só o positivo. O próprio anunciante ficou arredio, mas hoje está muito satisfeito.

Mesmo sem confirmar os valores, o Botafogo admite que teve pouco a ganhar com a venda de seus espaços publicitários, mas acredita que o bom desempenho da equipe dentro de campo e a repercussão de suas ações serão os impulsos perfeitos para movimentar seu caixa a partir de agora.

- Para começarmos a firmar parcerias às vezes é preciso fazer concessões. Vale lembrar que o Botafogo não deu contrapartida alguma a esses anunciantes, como espaço no backdrop. Temos que começar de algum ponto, claro, pensando em parcerias que rendam mais e que sejam de maior duração. De qualquer maneira, os representantes das empresas se mostraram muito satisfeitos – explicou o vice-presidente de comunicação do Botafogo, Marcio Padilha.

Por Gustavo Rotstein e Sofia Miranda Rio de Janeiro/GE

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