Autor do gol da vitória sobre o ABC deixa claro que pode ficar no Botafogo e afirma que vai em busca de objetivos ainda maiores na próxima temporada
Willian Arão tem uma trajetória fora do comum para um jogador de futebol. No início de carreira como profissional sagrou-se campeão brasileiro, da Libertadores e mundial. Todos pelo Corinthians, mas quase sem jogar. Agora, aos 23 anos, foi um dos protagonistas do Botafogo na conquista da Série B e passou a ser cobiçado por outros grandes clubes do Brasil. Um deles, o rival Flamengo. Por conta dessa caminhada improvável, o volante não consegue dizer algo de seu futuro que não seja a partida contra o América-MG, neste sábado, e o casamento com Amanda, marcado para 8 de dezembro.
Willian Arão curte o título do Brasileiro e deixa futuro em aberto (Foto: Gustavo Rotstein) |
Sobre a notícia de estar apalavrado com o Flamengo, Willian Arão nega de pronto. Sua certeza no momento é de que fecha 2015 como um jogador evoluído e perto de estar completo. Afinal, além de se destacar nos desarmes, marcou sete gols. O último deles, o da vitória por 2 a 1 sobre o ABC, que confirmou o título da Série B. Em entrevista ao GloboEsporte.com, o volante analisou sua temporada e falou sobre o futuro, deixando claro que são reais as chances de permanecer no Botafogo em 2016.
GloboEsporte.com - Você tem os títulos mais importantes para um jogador de futebol, mas pela primeira vez conquistou um como titular e um dos protagonistas. É muito diferente?
Willian Arão - Não tem como comparar com um Mundial, mas este ano foi especial também. Pude participar diretamente, ajudando na defesa e marcando gols. Conquistei a Taça Guanabara e o Brasileiro jogando, e por isso este ano vai ficar marcado na minha vida. Curti cada jogo e cada ponto conquistado, dei tudo de mim. Sabia que estava contribuindo, então foi muito marcante.
Neste ano, os gols foram um diferencial...
O gol é um momento único no futebol, algo que todos buscam, mesmo quem é defensor. É o seu momento. Com o gol você aparece de forma diferente. Não esperava fazer tudo isso, ainda mais o da vitória que confirmou o título. Mas sempre tive a ajuda de todos para isso. O René me deu uma confiança que não sei se teria. Depois veio o Jair, que me ajudou, e agora o Ricardo, que me ensina muito. Aprendi muito este ano e contribuí fazendo gols.
Tomou gosto pelos gols? Acha que o fato de ter mostrado mais recursos o elevou profissionalmente?
Esse é um dos diferenciais de alguns atletas hoje, e estou me destacando. Sou quem mais rouba bolas no Botafogo, já estou há 26 jogos sem levar cartão e sou o terceiro com mais desarmes no campeonato. Quando você tem esses números e ainda consegue marcar gols, eleva o seu nível. Cheguei aqui com um patamar de futebol e durante o ano – trabalhando, aprendendo e errando –, elevei meu nível. Por isso, agora me sinto quase completo, porque consigo defender e fazer gols. É um momento único na minha vida.
Acredita que esse nível elevado está adequado para disputar a Séria A ano que vem?
Busco sempre melhorar, e o que fiz em 2015 me elevou para outro nível de jogador. Mas não é o bastante para mim. Seja onde estiver no ano que vem, quero evoluir. Tudo que fiz até agora me fez chegar até aqui, mas quero mais. Se neste ano fiz sete gols, ano que vem quero fazer 10, 15 e ajudar da melhor maneira possível. Já joguei a Série A e sei que o nível é outro em relação a atletas e à qualidade das partidas. Mas como eu disse, também quero elevar meu nível para continuar a me destacar.
De que forma você poderia resumir este ano, pessoal e profissionalmente?
Wiliian Arão ergue troféu Série B: título como um dosprotagonistas do Botafogo (Foto: Vitor Silva/SSPress/Botafogo) |
E o que pensa para o ano que vem?
Quero manter tudo o que fiz de bom, corrigir o que foi ruim para ter um desempenho ainda melhor. Vou me preparar da melhor maneira possível, abdicar do que for preciso para chegar aonde quero.
E onde você vai jogar?
Vivo um dia após o outro. Hoje sou jogador do Botafogo. Agora vou sentar com meu pai, pois é ele quem está escutando as coisas. Deixei de participar do processo porque estava focado no objetivo de subir e ser campeão. Então vou ver com minha família o que é melhor.
Há chance de você ficar no Botafogo?
Claro que tem chance de eu ficar. Vou ver com meu pai como estão as coisas. Não sei ainda se há propostas de outros clubes.
No último sábado o GloboEsporte.com publicou que você está apalavrado com o Flamengo...
(Risos) Também já falaram que eu tinha pré-contrato com o Cruzeiro, que poderia ir para Palmeiras, Grêmio... Se for interesse real ou boato, fico honrado. São todos grandes clubes. Fico feliz porque busquei isso para mim. Quis ajudar o Botafogo e também me valorizar. Em relação ao Flamengo, não tem nada. Deixo falarem.
Depois da derrota para o Santa Cruz você reclamou do fato de a torcida ter gritado “time sem vergonha” e depois se desculpou numa rede social. Acha que a questão foi encerrada?
Muitos me criticaram pelo que falei, outros me deram razão. Eu estava de cabeça quente depois de um jogo que o Botafogo perdeu e deixou de ser campeão em casa. Falei bobagem, assumi meu erro e acredito que tudo esteja resolvido.
Qual será o clima do Botafogo para o último jogo do ano, contra o América-MG, neste sábado?
Ainda não caiu a ficha que fomos campeões e eu fiz o gol da vitória. Ainda estou aproveitando. Todo mundo espera uma festa, porque conquistamos o título. Não vamos nunca entrar para perder, mas temos que aproveitar, porque foi um ano difícil. Mais do que o resultado de sábado, temos que valorizar o que já conquistamos.
Qual é sua melhor lembrança do Botafogo em 2015?
Desde o início do ano o Botafogo teve um bom ambiente. Sem demagogia, foi um dos melhores grupos com quem já trabalhei. Sem brigas ou indisciplinas. Somos amigos, e isso foi bem marcante, um dos pontos fortes que nos fez chegar ao título.
Por Gustavo Rotstein Rio de Janeiro/GE
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