Departamento jurídico alvinegro consulta cruz-maltino para usar processo na defesa. Ex-atacante assinou com Fluminense em 2008 e foi obrigado a voltar a São Januário
Willian Arão já conseguiu se desvincular do Botafogo na Justiça, já se transferiu para o Flamengo, já se recusou a entrar em acordo com o ex-clube em audiência... Mas em General Severiano, o clima segue de otimismo em reverter tudo isso. É que o Alvinegro encontrou um precedente para se basear: o caso de Leandro Amaral, envolvido em um imbróglio judicial muito parecido em 2008. O ex-atacante, aposentado em 2010, trocou o Vasco pelo Fluminense, mas quatro meses depois foi obrigado a voltar a São Januário. Como as duas diretorias têm boa relação, o departamento jurídico alvinegro contou com o auxílio do cruz-maltino para levantar todo o processo e incluí-lo em sua defesa, que foi apresentada por escrito na última quarta-feira no Tribunal Regional do Trabalho do Rio de Janeiro (TRT-RJ).
Troca do Vasco pelo Fluminense de Leandro Amaral vira exemplo para Botafogo no caso Willian Arão (Foto: Arte Esporte) |
Na época, ao saber do interesse do Fluminense em Leandro Amaral, o Vasco avisou ao jogador que usaria uma cláusula do contrato que permitia a renovação automática por mais um ano. Para isso, daria a ele o aumento de salário previsto no contrato. O atacante, porém, não aceitou, entrou na Justiça e, com uma liminar, assinou contrato com o Fluminense. O Cruz-Maltino, por sua vez, obteve decisões favoráveis em julgamentos e, cerca de quatro meses depois, viu o atleta se reapresentar ao clube, por onde ficou até o fim do vínculo e jogou mais 33 partidas.
O caso é praticamente igual ao de Arão. O Botafogo ingressou com ação na 27ª Vara do Trabalho do Rio de Janeiro contra o jogador e apresentou ao TRT-RJ os comprovantes de depósitos do R$ 400 mil, valor que o clube entende que asseguraria a renovação automática por dois anos. O tribunal concedeu tutela antecipada para o volante enquanto não há uma sentença. A diferença dos dois cenários é que o atual envolve uma determinação da Fifa, vetando a participação de investidores e passando a exigir dos clubes os direitos sobre os atletas.
O caso é igual, a diferença é que lá não tinha essa determinação da Fifa que alterou o direito econômico, e todo atleta passou a ter que pertencer 100% ao clube. Só que o contrato com o Arão foi feito antes disso, e o acordo seria para o Botafogo comprar 70% dele. Ele diz que a cláusula é nula porque o Botafogo não ficaria com os 100%. Ele agiu de má fé e foi aliciado pelo Flamengo"
Domingos Fleury, vice jurídico do Botafogo
- O Leandro Amaral tinha um compromisso com o Vasco, e dentro do contrato dele havia uma cláusula com mais "x anos", mas ele entendeu que não era obrigado. O caso é igual, a diferença é que lá não tinha essa determinação da Fifa que alterou o direito econômico, e todo atleta passou a ter que pertencer 100% ao clube. Só que o contrato com o Arão foi feito antes disso, e o acordo seria para o Botafogo comprar 70% dele. Ele diz que a cláusula é nula porque o Botafogo não ficaria com os 100%. Ele agiu de má fé e foi aliciado pelo Flamengo - afirmou Domingos Fleury, vice-presidente jurídico do Botafogo, prevendo uma sentença antes do esperado.
- Eu havia falado em seis meses (após a audiência com Arão), mas o processo deu uma acelerada. Acredito que teremos novidades de 30 a 60 dias (prazo que, no total, teria duração similar ao "caso Leandro Amaral).
Se ganhar a causa, porém, o Botafogo não deve reintegrar Arão ao time de Ricardo Gomes, como aconteceu com Leandro Amaral após seu retorno ao Vasco. A tendência é que, neste cenário, ele seja negociado, assim como Henrique Almeida, outro jogador que rescindiu seu contrato na Justiça e também enfrenta o Alvinegro nos tribunais. O clube enxerga que os jogadores, por seus atos, não teriam mais clima para continuar em General Severiano.
Por Thiago Lima/Rio de Janeiro/GE
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