Na ordem: Saulo, Diego, Octávio, Emerson Santos, Marcinho, Igor Rabello, Jean, Matheus Fernandes, Leandrinho, Ribamar, Lucas Zen, Diérson, Fernandes, Gegê, Luis Henrique e Sassá (Foto: Infoesporte) |
A chegada de quatro jogadores estrangeiros pode até enganar, mas este início de temporada no Botafogo é mesmo dos jogadores formados nas categorias de base do clube. São ao todo 16 nomes integrando o elenco principal atualmente. Nada menos que 57% do total do plantel, a maior proporção em um início de temporada nesta década no Alvinegro. Mais do que uma casualidade de "safra", o número é fruto de uma política de valorização de pratas da casa aliada à crise financeira atual, que impede o Botafogo de fazer grandes investimentos em nomes badalados. Ademais, retoma uma antiga tradição do Alvinegro de formar jogadores, muito presente nas primeiras décadas da segunda metade do século passado.
E a política tem dado certo, alimentando inclusive a equipe titular. Luís Henrique é o grande astro do grupo vindo da base. Com apenas 17 anos e uma multa rescisória de R$ 60 milhões, o atacante é atualmente o maior ativo do clube entre os jogadores formados no Botafogo. Além dele, outros dois estão na equipe hoje considerada titular: Emerson Santos e Gegê. A proporção de jovens formados na base no time inicial fica em 27%.
Além destes, outros nomes são utilizados com frequência por Ricardo Gomes, que, ao lado do gerente de futebol Antônio Lopes, acompanhou de perto os jogos da Copa do Brasil Sub-20 em 2015. Diego, Leandrinho, Ribamar, Lucas Zen, Diérson, Fernandes e Sassá são peças que estão sendo continuamente utilizadas nas partidas do Botafogo.
- É a conjunção de uma política com necessidade. É uma das saídas para a crise financeira. Pensamos que é melhor investir em um atleta da base ao invés de procurar um jogador de fora. E ainda tem a identificação do garoto com o Botafogo. É importante o aproveitamento destes atletas. Porém, é preciso saber que há um período de adaptação para este jogador. Tem que ter cautela para não "queimar" um garoto desses. Agora, sem dúvida que essa é uma filosofia atualmente no Botafogo - explicou o coordenador da base, Manoel Renha.
Reforço no caixa: R$ 47,8 mi nos últimos cinco anos
Além do benefício técnico na equipe principal, a formação de jogadores na base oferece uma outra vantagem: as vendas. Nos últimos cinco anos, o Botafogo lucrou R$ 47,8 milhões com negociações de destaques da base. A maior foi a transação de Vitinho para CSKA Moscou, que atingiu R$ 31 milhões. Porém, o Botafogo não teve direito ao total da verba, ficando com R$ 18,6 milhões. O maior lucro foi com Dória, vendido para o Olympique de Marselha por R$ 21 milhões - integralmente do Alvinegro. Neste caso, entretanto, o clube ainda luta para receber todo o dividendo. Neste intervalo, o Alvinegro também capitalizou com as saídas do volante Jadson (R$ 6,5 mi para a Udinese) e o lateral-esquerdo Gilberto (R$ 1,7 milhão para o Fiorentina).
- O trabalho de base tem sido excepcional. E nós estamos observando outros nomes nas categorias inferiores. A salvação dos clubes é esta: formar jogadores. Até, claro, para qualificar o elenco principal. O Botafogo tem trabalhado neste sentido - afirmou o vice-presidente de futebol do clube, Antônio Carlos Azeredo.
Luis Henrique é o astro do grupo da base: multa rescisória de R$ 60 milhões (Foto: Vitor Silva / SSPress) |
O alto número de atletas da base no elenco principal neste início de ano também é em função de um outro fator: o elenco enxuto na pré-temporada. A falta de jogadores para formatar o processo ideal de preparação "forçou" as subidas de Ribamar, Marcinho, Leandrinho e Matheus Fernandes. Mesmo com alguns deles sendo aproveitados no time principal neste início de temporada, o clube ainda pretende utilizá-los na categoria sub-20 ao longo deste ano.
Titular contra o Macaé, Ribamar ainda deve frequentar o sub-20 este ano (Foto: Vitor Silva / SSPress / Botafogo) |
Experientes aprovam a política
Um reflexo direto de uma política de valorização da base é a diminuição da média de idade da equipe. Na vitória diante do Resende, no último sábado, a média de idade do time titular ficou em 25,6 anos. O mais jovem era Luís Henrique, com 17 anos. Dado que representa um desafio a mais para os jogadores com mais rodagem, que ficam com a missão de passar experiência para os garotos. Entretanto, nada que tire o sono dos medalhões da equipe. Pelo contrário.
- Eu cobro muito. Sempre pelo lado positivo, incentivando. Cobro, oriento. Às vezes, fico quase uma hora conversando com os goleiros da base. Falo para eles viverem intensamente o treinamento. E faço isso de coração. E todos estão ali porque provaram que têm qualidade - disse o capitão e ídolo Jefferson.
Um dos mais velhos do elenco, Luis Ricardo revela que pela primeira vez atua ao lado de tanto garotos. O lateral ainda afirma que a experiência é positiva e que ainda representa uma opção de caixa com vendas futuras.
- Ainda não havia vivido isso (jogar ao lado de tantos jovens da base). Isso é bom. Bom para o clube. Bom para nós, considerados experientes. Eu vejo que os clubes precisam fazer jogadores para dar projeção, vender. E aqui dentro tem valores. E a gente espera que ajudem o Botafogo. E por que não pensar em ter uma renda com estes jogadores? - analisou Luis Ricardo.
Por Chandy Teixeira/Rio de Janeiro, RJ/GE
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