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domingo, 28 de fevereiro de 2016

Tentativa frustrada: Bota desperdiça dias de TV e clássicos sem patrocínios


Vice de comunicação lamenta mercado fechado, diz que falta de estádio e gráficos de audiência pesam contra e refuta valores muito baixos: "Não posso depreciar a camisa"




"Casa & Video" foi um dos patrocinadores pontuais do
 Botafogo no ano passado (Foto: Reprodução / Twitter)
O que começou como experiência inédita em forma de "degustação" no ano passado ainda não teve bis em 2016. Em dificuldade financeira para conseguir patrocinadores fixos em seu uniforme desde a saída da "Viton 44", o Botafogo passou a adotar a política dos patrocínios pontuais. E nesta temporada tentou repetir a fórmula nesta semana, em que teve seu primeiro jogo transmitido em TV aberta, contra a Cabofriense no último domingo, além de dois clássicos seguidos. Mas a camisa que será usada logo mais contra o Vasco estará "limpa", assim como nas partidas anteriores. A diretoria bem que tentou ir ao mercado, mas foi em vão. Em sua conta no Twitter, o vice-presidente de comunicação do clube, Marcio Padilha, revelou que só em 2015 foram feitas 109 propostas. Com a crise no país, as empresas estão agradecendo e recusando as ofertas por mídia. O dirigente listou outros times para mostrar que o problema é geral, mas disse que a falta de um estádio fixo e de gráficos de audiência do que já foi feito pioram a situação do Alvinegro.


- O mercado está assim, não vou querer justificar o nosso problema com o dos outros, mas você vê que o São Paulo está jogando a Libertadores sem patrocínio master, o Santos está sem patrocínio master, o Flamengo só ficou com a "Caixa". Quem não está com a "Caixa"... Só o Palmeiras que tem a "Crefisa". Então o mercado está fechado, não é um problema só do Botafogo. E eu sou muito questionado pela torcida: "Ah, mas o Tigres do Brasil tem oito patrocínios na camisa". Mas o valor dos oito não dá o "Voxx" que temos na manga. Eu não posso depreciar a camisa. Aquele patrocínio pontual que fizemos ano passado da "Casa & Vídeo", nós na época não tínhamos os gráficos de "Ibope" (Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística), mas aquilo deu uma repercussão fantástica para a "Casa & Video", para a "Ricardo Eletro"... Se a gente tivesse esses números, tenho certeza que eles teriam continuado a fazer. A falta do estádio também nos tira uma contrapartida interessante nesse caso do patrocínio porque a gente dava placa, camarote... Situações que facilitavam a negociação - explicou.

O mercado está fechado, não é um problema só do Botafogo. E eu sou muito questionado pela torcida: "Ah, mas o Tigres do Brasil tem oito patrocínios na camisa". Mas o valor não dá "Voxx" que temos na manga. Não posso depreciar a camisa"
Marcio Padilha, vice de comunicação do Bota


A prioridade no mercado continua sendo atrair patrocinadores fixos e com contratos longos. Para ajudar na captação de investidores, oBotafogo já começou a contar com o auxílio de Marcelo Hargreaves, profissional da área de marketing, ex-diretor da Concessionária Maracanã S/A, ex-gerente da "Ambev" e atual jogador de vôlei do clube - ele não será funcionário, trabalhará de forma externa ganhando variável. Além disso, há outras empresas envolvidas no Rio de Janeiro e em São Paulo com a função de abrir diálogos com possíveis parceiros. Padilha conta que vem sendo cobrado diariamente por torcedores no Twitter com relação a patrocínios.


- Não é o Padilha que resolve tudo, é o mercado. A gente tem pessoas envolvidas nisso, tem duas empresas de São Paulo, a "Hunter" e a "Wolf", o caçador e o lobo, os dois estão buscando contatos em São Paulo. Tem duas empresas aqui no Rio, pegou o Marcelão Hargreaves que também está fazendo um projeto. O dele não é só focado em patrocínio master, é uma coisa mais ampla, trazer outros tipos de investidores. É uma dificuldade, tem várias pessoas trabalhando nisso. A gente ainda tem esperança, não desistimos da "Caixa Econômica", mas tem a pendência da CND (nota da redação: clube já tem uma parte das CNDs, referente à Receita Federal, faltando só a outra metade relacionada à Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional).

O vice de comunicação Macio Padilha (esq.), o presidente Carlos Eduardo Pereira (centro) e o diretor comercial Klay Salgado (dir.) apresentaram os patrocínios pontuais da camisa alvinegra no ano passado (Foto: Vitor Silva / SSpress)


No ano passado, durante o Campeonato Carioca, o Botafogo fechou com diversos patrocinadores pontuais: "Casa & Video", "Ricardo Eletro", "99Taxis", "Netshoes", "Zeex", "Naveg", "Supermercados Unidos"... Um deles causou polêmica quando o time entrou em campo anunciando o preço de um secador vendido na loja por R$ 49, e no segundo tempo voltou dez reais mais barato. Os valores não costumam ser elevados neste formato de parceria: para dois clássicos, o Alvinegro faturou R$ 140 mil com a venda das áreas no uniforme para cinco empresas, R$ 70 mil por partida, quantia insuficiente para quitar metade do salário de Jefferson, por exemplo. O Botafogo admitiu na época que teve pouco a ganhar com a comercialização de seus espaços publicitários, mas acreditava que o bom desempenho da equipe e a repercussão das ações seriam impulsos para movimentar seu caixa a partir de então, o que não se confirmou.


Apesar de estar sem patrocinador master há um ano e vivendo uma crise financeira, o clube vem conseguindo nos últimos meses honrar os seus compromissos com a liberação das cotas referentes aos direitos de transmissão da televisão. Tanto que, na última sexta-feira, pagou antecipadamente os salários de fevereiro aos jogadores e funcionários. E a expectativa é quitar os direitos de imagem e a premiação ao elenco campeão da Série B do Campeonato Brasileiro do ano passado, no valor de R$ 400 mil, durante esta semana.


Por Thiago Lima/Rio de Janeiro/GE

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