Clube precisa mudar fama de mau negociador e pode conseguir melhor preço na janela de junho
Vitor Silva / SS Press / BFR
Aos 23 anos, Igor Rabello é um dos jogadores que mais tem agitado o mercado brasileiro neste fim de 2018. A revelação do Botafogo teve o nome ligado a Flamengo e Palmeiras no noticiário e recebeu uma proposta de R$ 12 milhões (por 70% dos direitos econômicos) do Atlético-MG, que continua insistindo após ouvir o primeiro "não" dos cariocas. Na iminência de outras ofertas, há um dilema nos corredores de General Severiano: é o momento de vender o zagueiro?
Internamente, tem os que acreditam que sim, devido à dura realidade financeira que o clube atravessa: devendo salários e sem perspectivas de grandes contratações. Por outro lado, outros lá de dentro consideram que vender o General (apelido que ganhou desde os tempos de Náutico) agora acarretaria em um arrependimento futuro, analisando a valorização que o zagueiro, que tem contrato até o fim de 2020, vem adquirindo nos últimos anos.
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Que sejam R$ 12, R$ 15, R$ 20 milhões... Qualquer valor representaria um alívio momentâneo nos cofres alvinegros, mas não resolveria os problemas do clube, dono de uma dívida de aproximadamente R$ 700 milhões (a maior do futebol brasileiro). Grande parte do débito está equacionado pelo Profut, mas o Botafogo precisa continuar sendo competitivo enquanto economiza. O famoso "trocar o pneu com o carro andando".
Só com a barca de jogadores que zarpou de General Severiano, incluindo a aposentadoria do ídolo Jefferson, já gerou uma redução de despesas com a folha salarial em quase R$ 1 milhão. E já que vendeu o Matheus Fernandes para o Palmeiras e deu um respiro financeiro, o Botafogo deveria segurar o Igor Rabello em prol de uma maior valorização. Se a joia em lapidação custou R$ 15,2 milhões, o zagueiro, que é um jogador já pronto, vale mais que isso.
Igor Rabello curte férias em Paris enquanto aguarda seu destino em 2019 — Foto: Divulgação
Prova disso foi a proposta recebida em junho de R$ 25 milhões do Akhmat Grozny, da Chechênia. O General vem sendo observado pelo futebol europeu não é de hoje e já foi procurado por Udinese (Itália), Anderlecht (Bélgica), Basel (Suíça) e Werder Bremen (Alemanha). A janela atual da Europa, de meio de temporada, é a chamada de "reposição", então se não chegarem ofertas do exterior agora, são grandes as chances de isso acontecer em junho, quando são feitas as montagens dos elencos.
E basta uma convocação para a Seleção, ainda mais em ano de Copa América, que seu preço se multiplicará no mercado. Entre os jovens e promissores zagueiros do país, Igor é o que tem mais potencial para ser lembrado por Tite. Em 2018, ele jogou 61 das 62 partidas do Botafogo, perdendo só uma por suspensão. Teve a maior minutagem entre jogadores da posição no Campeonato Brasileiro, fora o perfil europeu: alto (1,90m), sem histórico de lesões e que leva poucos cartões.
Igor Rabello tem 111 jogos e seis gols com a camisa do Botafogo.
Além da aposta financeira, segurá-lo por mais tempo significa rendimento em campo também. Igor formou junto com Carli uma dupla de zaga segura. E se sair agora, o Botafogo não tem substituto para ele. Emprestado pelo Corinthians, Yago foi devolvido, enquanto Marcelo Benevenuto geralmente não atua do lado esquerdo da defesa. E os recém-promovidos da base, Kanu e Helerson ainda estão "verdes". Ou seja, o clube teria que gastar no mercado para repor.
Com multa de € 10 milhões (cerca de R$ 44 milhões), o General pode até mesmo superar os R$ 31 milhões de Vitinho e se tornar a maior venda da história do clube. "Ah, mas é raro oferecerm isso por um zagueiro brasileiro". Já aconteceu, e não foram poucas vezes: Breno foi vendido pelo São Paulo por € 12 milhões para o Bayern de Munique; Alex saiu do Santos por € 11,5 milhões para o Chelsea; Jemerson e Edmílson foram comprados por € 11 milhões por Monaco e Lyon; Henrique, Thiago Silva e Gil custaram exatos € 10 milhões para Barcelona, Milan e Shandong Luneng; etc.
Igor formou com Carli uma das melhores duplas de zaga do Brasil nos últimos anos — Foto: CRISTIANE MATTOS/O TEMPO/ESTADÃO CONTEÚDO
Mas para isso, o Botafogo precisa mudar a sua fama de mau vendedor no mercado. Enquanto Flamengo, Fluminense e Vasco conseguem vendas de altas cifras para fora do país, o Alvinegro depois de Vitinho em 2013 tem como suas maiores vendas os R$ 17,7 milhões de Dória, para o Olympique de Marseille em 2014, e os R$ 16,5 milhões de Elkeson, para o Guangzhou Evergrande em 2012, quase metade do valor da primeira. É preciso saber negociar, ser persistente e paciente para conseguir as melhores ofertas.
É claro, futebol não é ciência exata. Mas, nesse caso, vale a aposta.
Fonte: GE/Por Thiago Lima — Rio de Janeiro
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