Em crise financeira, clube pode pular de um para três meses de débito com elenco em janeiro devido ao 13º. Presidente monta operação para pagar funcionários e conter insatisfação interna
CEP voltou a participar ativamente do clube após divergências internas — Foto: Vitor Silva/SSPress/Botafogo
A crise financeira do segundo semestre de 2018 no Botafogo parecia até certo ponto controlada com a venda de Matheus Fernandes para o Palmeiras, por € 3,5 milhões (cerca de R$ 15,2 milhões). Porém, os últimos acontecimentos tiram o sono alvinegro neste fim do ano: a penhora da primeira parcela, de aproximadamente R$ 6,5 milhões; o recesso da Justiça até o dia 6 de janeiro; e a decisão de não aceitar a proposta de R$ 12 milhões do Atletico-MG por Igor Rabello, mesmo com os cofres vazios em General Severiano, fazem o clube correr risco de debandada no início de 2019.
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Explica-se: os jogadores estão com os salários de novembro pendentes – de FGTS e direitos de imagem – desde o quinto dia útil de dezembro. No início de janeiro, completariam-se dois meses, só que com o 13º passarão a ser três caso o clube não consiga quitar nada nas próximas semanas. E a partir de três vencimentos em atraso, qualquer atleta pode buscar rescisão unilateral na Justiça – experiência que o Botafogo já viveu no final de 2014 e início de 2015 com Daniel, Gabriel, Andrey...
Ou seja, o clube poderia perder o vínculo com jogadores sob contrato – inclusive Igor Rabello – sem ganhar nada. No grupo do "Mais Botafogo" no WhatsApp, a preocupação com a situação financeira – e como o clube fará para pagar os salários sem previsão de novos recursos no curto prazo – gerou o questionamento se a transação com o Atlético-MG ainda estava em aberto. Vice geral, Carlos Eduardo Pereira respondeu que o presidente Nelson Mufarrej havia encerrado as negociações.
Diretoria quer esperar ofertas melhores por Igor Rabello, maior ativo do clube — Foto: Vitor Silva/SSPress/Botafogo
CEP, como é conhecido o ex-presidente, foi junto do vice jurídico, Domingos Fleury, as principais vozes contra a venda de Igor Rabello na reunião que decidiu não aceitar a proposta do Atletico-MG. Empresário do zagueiro, Anselmo Paiva já disse que o ciclo dele no Botafogo está próximo do fim. Até porque a recusa frustrou também o atleta, que teria aumento salarial e ainda disputaria a Libertadores. A expectativa agora é pela chegada de ofertas na janela europeia de janeiro.
Enquanto isso, para evitar o risco de baixas na Justiça, o clube precisará pagar ao menos R$ 500 mil de FGTS até 7 de janeiro, mas o caixa no momento não tem esse valor. O dinheiro da venda de Matheus Fernandes seria usado para esse fim, mas foi integralmente penhorado por uma ação trabalhista movida pelo técnico Oswaldo de Oliveira, que cobra pagamentos não realizados entre 2011 e 2013. O Botafogo entrou com recurso, mas como o recesso do judiciário começou quinta-feira, a diretoria terá que recorrer a um juiz de plantão, mas dificilmente conseguirá o desbloqueio antes do dia 6.
Mesmo desbloqueando a primeira parcela do Palmeiras, o clube precisará negociar para evitar novas penhoras. Em entrevista publicada pelo GloboEsporte.com na última sexta-feira, o novo vice comercial e de marketing, Ricardo Rotenberg, revelou um "rombo" de aproximadamente R$ 100 milhões deixado no último ano da gestão de Maurício Assumpção, que não entrou no Ato Trabalhista e começou a aparecer agora – como por exemplo os processos do Oswaldo de Oliveira e André Bahia, que pode reter a premiação do Brasileiro.
Operação paga funcionários
Mufarrej se emocionou ao anunciar pagamento de novembro a funcionários — Foto: Vitor Silva/SSPress/Botafogo
Com os salários atrasados de novembro e perto de vencer dezembro e metade do 13º, a insatisfação entre funcionários do clube era grande. Reclamações sobre contas atrasadas e Natal sem dinheiro eram frequentes nos corredores de General Severiano. Mas com ajuda do benemérito Cláudio Good, que emprestou dinheiro do próprio bolso, a diretoria montou uma operação com garantias e pagou na última sexta-feira os vencimentos em aberto do seu quadro de empregados.
Antes, o clima pesado era tão grande internamente que vários funcionários cogitaram sequer ir à confraternização de fim de ano do Botafogo, realizada na tarde última sexta-feira, no Setor Norte do Nilton Santos. Mas a maioria foi até lá e ouviu a notícia do pagamento da boca do próprio presidente. Em discurso, Mufarrej chegou a se emocionar ao imaginar como seria triste o Natal das pessoas mais humildes. O clube também devia a prestadores de serviço e fornecedores do estádio.
Fonte: GE/Por Thiago Lima — Rio de Janeiro
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