Zé Ricardo muda atacantes de lado após o intervalo, reforça a marcação pela direita e define duelo com Defensa no contra-ataque
Melhores momentos: Defensa y Justicia 0 x 3 Botafogo pela Copa Sul-Americana 2019
Copa Sul-Americana
O Botafogo fez jus ao termo que virou moda em coletivas de jogadores e treinadores: "soube sofrer" no primeiro tempo da partida contra o Defensa y Justicia, no Estádio Norberto Tomaghello, em Florencio Varela. Mas soube sobretudo vencer - e bem - por 3 a 0. Foi cirúrgico no segundo tempo.
Sofreu perigosamente, é verdade, tanto que Zé Ricardo, em entrevista coletiva após o jogo, admitiu ter temido pelo pior nos 45 minutos iniciais. Os argentinos tiveram 73,57% de posse de bola na etapa, segundo o Footstats, que também apontou oito finalizações dos anfitriões e nenhuma dos cariocas no mesmo período (foram 18 a 4 durante os 90 minutos).
- Sofremos muito no primeiro tempo. Até digo que por sorte não saímos derrotados no intervalo. No segundo tempo, acertamos posicionamento, paramos de sofrer no lado direito da defesa, o que nos deu mais conforto com a bola. A gente não conseguia ficar com bola.
Botafogo acuado, e lado direito em apuros
A tônica do primeiro tempo foi Defensa x defesa (do Botafogo). Bem postado, o Alvinegro até conseguiu reduzir espaços pelo meio e suportava bem as investidas por seu lado esquerdo defensivo. Jonathan e Pimpão, com a ajuda de Jean, conseguiam segurar Aliseda e Tripichio.
Defensa y Justicia na área do Botafogo foi uma constante no primeiro tempo — Foto: Fred Gomes
O lado direito da defesa alvinegra, porém, foi o mapa da mina para os argentinos. Sorte que Alexis Castro não estava inspirado. Finalizou cinco vezes no primeiro tempo e em apenas uma delas, de cabeça, levou perigo.
Delgado e Merlini tinham muito espaço para jogar pelo setor de Marcinho, que contava com a cobertura de Alex Santana.
O ímpeto dos anfitriões foi freado na segunda parte da etapa, enquanto o Botafogo só apostava em contra-ataques com força, velocidade e ligações diretas. Não colocou a bola no chão.
Chegou com real perigo apenas uma vez, em ótimo contra-ataque puxado por Pimpão, que cruzou a bola para a área. Kieza raspou e quase marcou.
Mudança dos pontas dá nova cara ao Botafogo
Zé Ricardo identificou que o lado direito defensivo não funcionava bem. Com os dois zagueiros do Defensa participando da construção das jogadas, sobretudo Lisandro Martínez, os argentinos levavam vantagem frequentemente na etapa inicial. Isso mudou. Zé puxou Rodrigo Pimpão, jogador com fôlego e recuperação impressionantes, para a direita.
Pimpão, com poder de marcação superior ao de Erik, trouxe mais segurança para o setor. Já o camisa 11, herói da partida, se criou por um lado onde não costuma atuar, o esquerdo.
Próximo à área, Jean observou Erik em disparada e lançou. Como um raio, apelidado dado a ele por torcedores nas redes sociais, o atacante disparou, conduziu e marcou. O confronto estava praticamente decidido.
Defensa y justicia botafogo sul-americana — Foto: Fred Gomes
Nem a questionável expulsão de Marcinho mexeu com o panorama do jogo. O Botafogo já tinha mais tranquilidade, colocava mais a bola no chão. E no segundo gol, os pontas, ainda em lados trocados, voltaram a decidir. Erik ganhou de Lisandro Martínez, Luiz Fernando ficou com a posse e tocou na hora certa para Pimpão invadir a área e sofrer pênalti. Erik converteu.
No fim, um golaço de Alex Santana, que Erik descreveu como "o que Pelé não fez", para premiar a grande classificação e, principalmente, a substancial mudança de postura na etapa final.
Pontos fortes:
- Marcelo Benevenuto: substituto de Joel Carli, um dos líderes alvinegros, compensou a altura inferior em relação à do argentino com ótimo posicionamento. Tirou muitas bolas pelo alto, foi combativo e ainda terminou a partida na lateral direita.
- Rodrigo Pimpão: embora Erik tenha sido a principal figura do jogo, Pimpão foi um leão. A torcida às vezes pega no pé dele, mas a entrega do meia-atacante merece destaque.
- Experiência: o Botafogo irritou o ansioso time do Defensa y Justicia desde o primeiro tempo parando o jogo, tática costumeiramente utilizada pelos argentinos. Foram pelo menos quatro paralisações na etapa inicial.
- Ponto fraco: o primeiro tempo alvinegro não foi bom, e o time foi envolvido, segundo o próprio Zé Ricardo admitiu. Se não marcava bem pelo lado direito, a situação não melhorava quando tinha a posse de bola. A rifavam o tempo inteiro.
Fonte: GE/Por Fred Gomes — Florencio Varela, Argentina
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