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terça-feira, 21 de abril de 2020

Heróis dos títulos do Botafogo lembram conquistas da Pequena Taça do Mundo


Gerson e Roberto Miranda recordam histórias e dão contexto sobre o campeonato, que o clube carioca pleiteia como títulos mundiais: "Era um torneio com seleções e times campeões"



Ao pleitear o suposto tri mundial, o Botafogo reviveu uma história que estava adormecida para o grande público por mais de 50 anos. Como boa parte dos alvinegros nem sequer eram nascidos, ficou a pergunta: como era a Pequena Taça do Mundo? Em busca da resposta, o GloboEsporte.com conversou com dois campeões: Gerson e Roberto.


O torneio disputado em Caracas, capital da Venezuela, teve alguns nomes diferentes, mas ficou mais conhecido como Pequena Taça do Mundo. Em formato de triangular, foi disputado basicamente por clubes europeus e sul-americanos. Na lista brasileira, além do Botafogo, também figuravam nomes como Vasco, Cruzeiro, Grêmio e Bangu. Sobre os estrangeiros, alguns estão no rol dos gigantes mundiais, tais quais Barcelona, Real Madrid e Peñarol.


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A década de 60 é considerada áurea para o Botafogo — Foto: Agência Estado


Barcelona e Benfica, os maiores rivais

Tanto o Canhotinha de Ouro quanto o antigo centroavante foram heróis naquelas conquistas. Capitão em 1967 e 1968, o histórico camisa 8 chegou a ser eleito melhor jogador do torneio no primeiro título. E com direito a gol de bicicleta. É como o ex-jogador recorda aqueles 3 a 2 sobre o Barcelona.


- Fiz um gol de bicicleta, se me lembro bem. Também ganhei o prêmio de melhor jogador do torneio. Foi um jogo complicado. Inclusive, o Barcelona era tido como um dos melhores da Europa. O Silva, um ponta de lança que jogou no Flamengo, estava com eles na época. O estádio ficou lotado e a Venezuela torceu para o Botafogo - lembra Gerson.



Ídolo, Gerson levantou a taça duas vezes — Foto: Fred Gomes


Em 1970, Gerson não estava mais no Botafogo, mas Roberto seguiu em General Severiano. Enquanto o meia foi bicampeão, o atacante esteve presente em todas as três conquistas. Em uma delas, tida como a mais marcante, foi decisivo ao marcar um dos gols nos 2 a 0 sobre o Benfica.


Na época, o time português era referência no país, cuja seleção eliminou o Brasil da Copa do Mundo dois anos antes, em 1966. Mesmo sob o comando de Eusebio e cia, os encarnados não foram páreo para o Alvinegro, que garantiu uma vitória tranquila, com gols de Lula e Roberto.


- Jogavam lá Costa Pereira, Eusébio, Coluna... Foi um gol importante pro título em 68, e eu fazia muitos gols nesses torneios. Para mim era normal fazer gol, eu ficava chateado quando não fazia - brincou o ex-atacante.



Destaque no Botafogo, Roberto participou também do tri da Seleção — Foto: Jessica Mello


Títulos do Botafogo

1967

Peñarol 0x0 Botafogo
Botafogo 3x2 Barcelona


1968


Botafogo 1x0 Argentina
Botafogo 2x0 Benfica


1970

Botafogo 1x0 União Soviética
Botafogo 2x1 Spartak Trnava



Registro suposto título mundial no site do clube — Foto: Reprodução


Época das excursões

A década de 1960 é considerada a maior da história do Botafogo. Foi a época em que, mais do que títulos, o Alvinegro rodou o mundo para desfilar os craques que vestiam a camisa do clube. Para Gerson, no entanto, o torneio de Caracas é diferente dos outros. A justificativa é o protagonismo que as equipes que disputaram tinham naquele momento.


- O Botafogo tem razão quando acha que deve pleitear isso. A Fifa já disse que não é oficial dela, mas era um torneio com seleções e times campeões. O Botafogo se pega nisso, como o Bangu também foi campeão em 1952. Era um dos mais importantes das Américas, a Pequena Taça do Mundo. Alguém botou esse nome, e não foi o Botafogo - afirma o Canhota.


Roberto passou praticamente todo os anos 60 no Botafogo e lembra da rotina de viagens, que era pesada mas deixou boas memórias. Como a vez em que, em solo gringo, o time carioca venceu o Santos de Pelé duas vezes seguidas. O ano foi 1966, e o palco foi a mesma Caracas em que o clube ganhou os três títulos que garante serem mundiais.


- O Botafogo disputou um torneio no México e o Santos disputava outro em Paris. Os dois ganharam e marcaram um jogo entre Botafogo e Santos em Caracas. Lembro que a imprensa dava o Santos como favorito, porque tinha Pelé e estava em grande momento. Nós ganhamos o jogo de 2 a 1, festejamos muito, mas marcaram outro jogo porque não acreditaram que a gente tinha vencido o Santos. Aí teve uma revanche lá em Caracas também e ganhamos de novo, dessa vez por 3 a 0 - contou.


Fonte: GE/Por Emanuelle Ribeiro e Thayuan Leiras — Rio de Janeiro

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