Zagueiro era visto como importante para o grupo, mas necessidade de reduzir a folha salarial falou mais alto. Economia com salários e encargos pode chegar a R$ 9 milhões
Terminou com turbulência a passagem de Joel Carli pelo Botafogo. Herói de título e líder do elenco nos últimos anos, o zagueiro passou os últimos tempos no clube na reserva e saiu com mágoa da diretoria. O capítulo final foi escrito na última quinta-feira, quando o clube informou a dispensa do argentino.
O próprio anúncio é reflexo da relação que ficou arranhada nas últimas semanas. O Comitê Executivo de Futebol tirou o jogador do elenco antes mesmo de acertar um acordo de rescisão. Nas redes sociais, o jogador lembrou com carinho de ex-companheiros, funcionários e torcedores do clube, mas não escondeu a mágoa com os dirigentes: "Não me deram outra opção".
Carli estava no Botafogo desde 2016 — Foto: Vitor Silva/SSPress/Botafogo
Voto vencido de Autuori
A saída de Carli no meio da temporada foi algo que o técnico Paulo Autuori tentou evitar. O treinador foi informado logo nos primeiros dias de trabalho sobre a intenção de negociar o zagueiro pelo custo-benefício considerado desfavorável. Por motivos técnicos, Autuori buscou manter o jogador, mas foi voto vencido diante dos argumentos financeiros.
Para o treinador, o argentino seria útil dentro e fora de campo em um elenco que sofreu baixas e está ficando cada vez mais jovem. Pensamento que também foi externado por boa parte do elenco. No texto de despedida, o zagueiro destacou as "inúmeras manifestações de carinho e agradecimento" que recebeu.
Só que a expectativa era de banco de reservas para o restante da temporada, o que fez a diretoria repensar a relação. Marcelo Benevenuto e Kanu são considerados os titulares no momento. Com a dificuldade para pagar salários, agravada pela pandemia do novo coronavírus, a projeção de economia falou mais alto.
Negociação e alívio financeiro
A grande motivação do Botafogo foi o alívio financeiro. Com vínculo até o fim de 2021, Carli tinha um dos maiores salários do elenco, equiparável ao do goleiro Gatito Fernandéz, mas deixou de ser dono da posição na zaga. A economia total com o jogador fora da folha salarial, entre pagamentos e encargos, passa dos R$ 9 milhões, como informou primeiro a Rádio Tupi.
Desde o início da temporada, o argentino esteve na mira da diretoria, que vê a diminuição da folha como essencial para a sobrevivência do clube. Antes, Diego Souza e Valencia foram embora. Agora, a bola da vez pode ser Cícero, outro que, assim como o zagueiro, foi para o banco de reservas. Só que o volante assinou um acordo para reduzir os salários até a transição para S/A, o que ameniza a situação.
Desde a estreia contra o Resende, Carli fez mais de 150 jogos pelo Bota — Foto: Vitor Silva / SSPress
Como deixou claro no texto de despedida, Carli se ressentiu com a forma como a negociação foi conduzida. Com a vida estabilizada no Rio de Janeiro, o atleta não planejava deixar a cidade. Mas, a diretoria buscou diretamente a rescisão por entender que a redução de salário não seria possível. Agora, o clube precisa chegar a acordo com o atleta, que tem o contrato assinado a seu favor.
Joel Carli deixa o Botafogo depois de 154 jogos e seis gols. Estreou com a camisa da estrela solitária em 13 de fevereiro de 2016 e, nos anos seguintes, virou titular e líder do time. Ficou marcado na memória do torcedor pelo gol na final do Campeonato Carioca de 2018, contra o Vasco. O clube venceu nos pênaltis e levantou aquela taça.
Fonte: GE/Por Emanuelle Ribeiro e Thayuan Leiras — Rio de Janeiro
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