Perda de premiação, busca por treinador, pressão da torcida, indefinição sobre futuro e eleição próxima são elementos que acentuam o clima instável nos bastidores alvinegros
A eliminação da Copa do Brasil após o empate em 0 a 0 com o Cuiabá na noite da última terça-feira aumentou ainda mais a temperatura em um Botafogo em crise. Com problemas dentro de campo, mas também na política e na administração, o clube vê a pressão crescer com os resultados ruins e a revolta da torcida.
Dinheiro que pode fazer falta
Um dos elementos que intensificam a crise no Botafogo pós-eliminação é a perda da premiação. Passar às quartas de final significaria mais R$ 3,3 milhões na conta do clube, dinheiro que aumentaria o bolo destinado ao pagamento de salários. A folha do elenco profissional atualmente está em R$ 3 milhões. Ou seja, o Botafogo teria pelo menos um mês de pagamento de CLT garantido.
Isso porque a Justiça do Trabalho fez um acordo para que todo dinheiro vindo de premiações e direitos de transmissão em 2020 fosse destinado a esse propósito. Em entrevista recente, Carlos Augusto Montenegro disse que o Botafogo está falido e não consegue quitar compromissos básicos, como contas de água e luz e até compra de bolas para os jogadores treinarem.
Empate com Cuiabá rende prejuízo milionário — Foto: Vitor Silva/Botafogo
Busca por técnico
O principal problema no momento é a falta de comando no futebol. O clube ainda não fechou com um novo técnico e tem o time treinado pelo preparador de goleiros, Flávio Tenius, e pelo auxiliar recém-chegado, Lúcio Flávio. Há preocupação com a sequência no Brasileirão e a proximidade da zona de rebaixamento. Além da exposição desses profissionais.
Enquanto isso, a busca no mercado segue. A bola da vez é César Farías, técnico da seleção boliviana, mas a negociação se tornou difícil porque a federação local não quer liberar o treinador. A diretoria alvinegra esperava uma resposta final até a noite dessa terça, mas as conversas devem se estender um pouco mais.
Agora, o Bota precisa decidir se pode ter paciência na negociação por Farías ou se precisa partir para uma alternativa. A Bolívia joga pelas Eliminatórias da Copa do Mundo de 2022 nos próximos dias 12 e 17.
Treinador comanda a Bolívia desde 2018 — Foto: Kyle Ross/Getty Images
Recentemente, o clube recebeu algumas negativas de técnicos brasileiros, como Roger Machado, Lisca e Marcelo Guimarães. O que, junto do orçamento apertado, leva a procura ao mercado internacional. Antes de Farías, o Botafogo tentou o argentino Daniel Garnero.
As negativas acendem o alerta e mostram o receio dos treinadores de assumirem um clube com tantos elementos negativos fora das quatro linhas. Quem aceitar o chamado, terá não só o desafio de dar competitividade e mostrar resultados em campo, mas também ajudar a blindar o elenco do incêndio nos bastidores.
As demissões recentes e as tentativas no mercado, como a reunião com Alexandre Gallo, dificultam a busca pelo novo nome.
Torcida aumenta cobranças
O clima ainda piora com as manifestações da torcida. Nos últimos dias, aumentaram as cobranças e os protestos, inclusive com invasão da sede de General Severiano. Com a eliminação da Copa do Brasil, torcedores voltaram a pressionar nas redes sociais, com críticas duras a dirigentes e jogadores e até mesmo ameaças.
A diretoria pisa em ovos, e as ações levam em consideração a aprovação da torcida. Foi assim nos últimos dias, tanto na saída de Bruno Lazaroni quando na busca pelo novo treinador.
Futuro indefinido
Toda essa confusão interfere no elemento principal: a indefinição do futuro do Botafogo. Sem dinheiro para fazer o dia a dia funcionar, o clube busca mudanças internas e vê a transformação em empresa ficar mais longe do que era esperado.
Depois de colocar de lado o principal projeto da S/A, liderado por Laércio Paiva, o Botafogo partiu recentemente para um plano B, tocado por Gustavo Magalhães. Ainda não há perspectiva de concretização, e a temida recuperação judicial segue no horizonte.
Tudo isso sob um clima político ainda mais aflorado, já que o clube entrou de vez no período eleitoral. No fim do mês, dia 24, os sócios irão escolher presidente e conselheiros para os próximos quatro anos. A missão será recuperar um clube que já está falido, nas palavras do ex-presidente Carlos Augusto Montenegro.
Fonte: GE/Por Emanuelle Ribeiro e Thayuan Leiras — Rio de Janeiro
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