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sábado, 20 de março de 2021

Marcelos, reformulações e pouca grana: Vasco e Botafogo têm mais em comum do que a Série B


Com muitas semelhanças e algumas peculiaridades, rivais fazem o primeiro duelo da nova temporada, em ano inédito com dois grandes clubes cariocas na Segunda Divisão



Marcelos no comando técnico, novas gestões, reformulações internas e de elenco, pouca grana em caixa... Adversários neste domingo, às 18h, em São Januário, Vasco e Botafogo têm mais em comum do que a presença na Série B de 2021. Dentro e fora de campo, os processos são semelhantes de São Januário ao Nilton Santos.


Reestruturação financeira, retornar à primeira divisão e, a médio prazo, voltar a figurar entre os grandes times do Brasil. É o destino que os dois rivais esperam alcançar no caminho que começa em 2021. Dizer que medirão forças no domingo seria precipitado. Afinal, Vasco e Botafogo ainda dão os primeiros passos nos projetos que não se restringem a um bom time de futebol, mas também a reestruturação profunda.




Dentro e fora de campo, clubes têm novos comandos em 2021 — Foto: ge


Com novos presidentes, que assumiram no olho do furacão na reta final da Série A, os rivais traçam planos semelhantes. Cada um de seu jeito, tentam cortas gastos, enxugar folhas salariais e, ainda assim, montar times competitivos que garantam o fundamental retorno à elite neste ano. Para isso, buscaram jovens dirigentes no mercado para comandar o futebol e trouxeram executivos (CEOs) para trabalhar as finanças tão combalidas nos últimos anos.



Novas gestões

Vasco e Botafogo passaram por eleições no fim de 2020 e mudanças de presidentes. Embora o pleito em São Januário tenha sido mais tumultuado, judicializado e arrastado, Jorge Salgado e Durcesio Mello tomaram posse com os times à beira do rebaixamento e não conseguiram evitar a queda para Série B.



Ou seja, além da questão esportiva, as novas gestões receberam um duro golpe nas finanças logo de cara. Os dois clubes estimam cerca de R$ 100 milhões a menos no orçamento por conta do rebaixamento.



Novo executivo do Botafogo tem missão de organizar o clube


As promessas são semelhantes. Vasco e Botafogo buscam profissionalização para que os clubes voltem a ser sustentáveis financeiramente após décadas. Um caminho árduo, difícil de executar, demorado e que testará a paciência do torcedor. Algo semelhante ao que aconteceu no Flamengo, em 2013, embora os clubes não citem o rival como exemplo.



Jovens executivos, trajetórias diferentes

Vasco e Botafogo foram buscar para o comando do futebol dirigentes com perfis semelhantes, mas com trajetórias completamente diferentes. Jovens, Alexandre Pássaro (30 anos) e Eduardo Freeland (41 anos) vieram de bons trabalhos em clubes com mais estrutura, como São Paulo e Flamengo, respectivamente, mas recebem a primeira oportunidade como manda-chuvas em grandes clubes do futebol brasileiro.




Alexandre Pássaro veio do São Paulo para comandar o futebol do Vasco — Foto: Rafael Ribeiro/Vasco



Com vasto currículo acadêmico, Alexandre Passáro é advogado e ganhou notoriedade no São Paulo, onde virou gerente de futebol aos 27 anos. Com fama de bom negociador no mercado, chegou ao Vasco no início do ano para assumir a direção-executiva e é o principal responsável pela reformulação do elenco vascaíno.


Eduardo Freeland, por sua vez, é formado em educação física, com especialização em gestão esportiva, e ficou conhecido por grandes trabalhos em divisões de base. Teve sucesso no próprio Botafogo, quando conquistou o Brasileiro sub-20 em 2016, e depois empilhou troféus nas bases de Cruzeiro e Flamengo, onde estava quando foi procurado para assumir o futebol profissional do Botafogo.




Eduardo Freeland tem trajetória de sucesso na gestão de categorias de base — Foto: Vitor Silva/Botafogo


Em comum, além de jovens, está também o fato de terem recebido total autonomia e carta branca para decidirem os rumos no futebol. Passa por eles qualquer ação interna ou no mercado que diga respeito ao elenco. Os primeiros meses de trabalho são bem avaliados internamente e entre a maior parte dos torcedores no termômetro das redes sociais.


Marcelos experts em Série B

Perfis mais jovens, longe dos medalhões, com destaque em clubes menores e experiência na Série B. Os estilos de jogo podem até ser diferentes, mas os rivais foram ao mercado em busca de treinadores com currículos parecidos para voltar à primeira divisão o quanto antes.



Marcelo Cabo têm dois acessos à Série A no currículo. Subiu com o Atlético-GO em 2016 (quanto também foi campeão) e com o CSA em 2018. Estava na Série A até a última temporada, após bom trabalho no Atlético-GO, mas abriu mão de continuar na elite nacional para encarar o maior desafio da carreira. O Vasco será o primeiro clube de massa, a grande vitrine.




Chamusca e Cabo já foram rivais na Série B — Foto: Ailton Cruz/Gazeta de Alagoas


É o mesmo caso de Marcelo Chamusca. Subiu com o Ceará em 2017 e esteve no Cuiabá na maior parte da campanha de 2020. É apelidado de rei do acesso porque já ficou entre os melhores em todas as divisões nacionais, da Série D até a Série A. Nas palavras do próprio treinador, esse currículo foi decisivo para despertar a atenção do grande clube da carreira.


Tanto em São Januário como no Nilton Santos, os treinadores têm trabalho com reformulação dos elencos, que é considerável. No Vasco, oito atletas já saíram, outros estão na lista de dispensa e apenas três reforços chegaram até agora. O Botafogo, rebaixado semanas antes, está mais adiantado no planejamento porque já fez 10 contratações. Até o início da Série B, o time deve ter pelo menos mais quatro caras novas.



CEOs e reestruturação

Fora de campo, mais semelhanças entre alvinegros e cruz-maltinos. Botafogo e Vasco elegeram novas diretorias que têm como principal bandeira a profissionalização. Seja na gestão Durcesio Mello ou Jorge Salgado, uma das primeiras ações foi a contratação de um executivo para colocar ordem na casa.


A chegada dos profissionais nos dois clubes é tratada como divisor de águas para romper de vez com o amadorismo. Essa é a promessa que será testada com a prática. O Vasco está nas mãos de Luiz Mello, enquanto o Bota anunciou nesta semana o economista Jorge Braga. Ambos com experiência em mercado, gestão de empresas, não só em futebol.



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O nome já está na boca do torcedor: CEO. Vem da sigla em inglês para chief executive officer. Na tradução livre, diretor-geral ou diretor executivo. Em São Januário, a chegada do profissional já mexeu intensamente com o clube, a começar pela demissão de 186 funcionários que fez parte de um pacotão de novas medidas. Entre elas a mudança da sede administrativa, que passou para o Centro do Rio. O clube calcula que economizará R$ 40 milhões em salários por ano com os cortes realizados.


No Botafogo, essa influência será sentida nos próximos dias. Jorge Braga foi anunciado na quinta-feira e fez as primeiras reuniões internas. O executivo vai transitar por General Severiano, Nilton Santos e outras sedes em busca de oportunidades e avaliações para conseguir novas receitas. A prioridade total do início de trabalho será a redução da dívida quase bilionária que o clube acumulou em gestões anteriores.



Fonte: GE/Por Marcelo Baltar e Thayuan Leiras — Rio de Janeiro

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