Clube sofreu com acordos mal amarrados e sem retornos técnico e financeiro; outro objetivo é colocar cláusulas que não preveem aumento salarial, mas sim bonificação pontual
Renovações automáticas, aumentos salariais, titularidade, números de jogos... Gatilhos comuns firmados em contratos com jogadores pelos clubes não farão mais parte da realidade do Botafogo. Pelo menos essa é a intenção do time alvinegro, que mudou a atuação no mercado e tem buscado acordos com um formato que foge do padrão e prevê performance como critério para bonificações.
Ao longo dos últimos anos, o Botafogo sofreu com acordos mal amarrados que beneficiaram jogadores que não deram retornos técnico e financeiro ao clube no fim de suas passagens. As renovações automáticas ligadas a metas como participações em jogos ou minutagem são gatilhos usuais em contratos e dos quais o clube está tentando se livrar.
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Diego Souza e Cícero são exemplos de contratos que prejudicaram o Botafogo nos últimos anos — Foto: André Durão/ge
Desde que assumiu a direção do futebol alvinegro, Eduardo Freeland mudou o perfil das negociações, e o Botafogo criou uma métrica interna junto ao departamento de análise de desempenho para colocar nos contratos novos e também em acordos de renovações. Mais do que apenas entrar em campo, o atleta precisa entrar bem e entregar o que se espera dele. A proposta quebra o que o mercado propõe atualmente e pode se tornar uma tendência entre os clubes.
Com isso, o clube passa a usar dados de performance focados na posição de cada jogador. Caso esse atleta alcance as metas, ele ganha uma bonificação, e o desempenho somado a uma boa classificação da equipe faz o valor aumentar. O objetivo é colocar cláusulas que não preveem aumento salarial, mas sim uma bonificação pontual.
Os atletas têm recebido bem as novas condições, mas ainda há contratos que colocam em questão outras metas, como a titularidade. Existem também ainda os gatilhos de aumento salarial, situação que o Botafogo tenta trocar pela bonificação para não onerar o clube e deixar o atleta motivado para perseguir as metas. Em alguns acordos, o Bota também manteve o gatilho de renovação automática caso haja o acesso à Série A do Brasileirão.
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Acordos recentes são levados em consideração pelo clube para mudar a postura ao firmar contratos. Com Salomon Kalou, por exemplo, o Botafogo deu a possibilidade de o atacante optar pela rescisão ao fim do Brasileirão, mas não se colocou na mesma posição. Sem condições de manter o marfinense, a diretoria fez um acordo para a saída do jogador, que receberá R$ 1,7 milhão dividido em cinco parcelas.
Em fevereiro passado, o Botafogo acertou a transferência de Pedro Raul para o Kashiwa Reysol, do Japão, e se livrou da dívida milionária que tinha com o atleta. Uma cláusula do contrato assegurava que, se o atacante disputasse 60% dos jogos da temporada como titular, o clube lhe pagaria 1,5 milhão de euros para contar com parte dos seus direitos econômicos e ainda estenderia o vínculo, com fim em dezembro de 2021 inicialmente, por mais duas temporadas: 2022 e 2023.
Em outubro passado, o clube alvinegro precisou pagar US$ 250 mil (cerca de R$ 1,4 milhão) ao Cusco por Alexander Lecaros, formado na equipe peruana, devido ao mecanismo de solidariedade da Fifa. No momento da contratação do atacante, o Botafogo não se atentou à situação.
Antes, o Bota sofreu com Cícero, contratado no início de 2019. O volante, um dos salários mais altos do elenco, saiu ao fim de fevereiro passado depois de ter tido o contrato renovado automaticamente na temporada anterior. Ele teria o mesmo benefício caso o time permanecesse na Série A em 2021. Assim como aconteceu com Diego Souza, que deixou General Severiano no início de 2020 após acordo de rescisão com a diretoria alvinegra.
Além desses exemplos, o clube teve outras situações de renovações automáticas e aumentos salariais que pesaram os cofres nas últimas temporadas. Os novos modelos visam a segurança financeira do Botafogo, que passa por severas transformações internas.
Fonte: GE/Por Emanuelle Ribeiro — Rio de Janeiro
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