Time jogam às 16h, no Maracanã
Não é segredo que Botafogo e Fluminense possuem situações financeiras delicadas em razão das grandes dívidas acumuladas ao longo das décadas. Os rivais, no entanto, chegam ao jogo deste sábado, pela 10ª rodada da Taça Guanabara, em situações bem distintas.
O clube tricolor tem a cabeça na Libertadores, enquanto o alvinegro vive ressaca pela eliminação na Copa do Brasil e tenta se estruturar antes de jogar a Série B. Cenários muito diferentes em decorrência dos resultados e de decisões das duas diretorias na temporada de 2020.
A bola rola a partir de 16h no Maracanã. Acompanhe em TEMPO REAL no ge.
Em meio às dificuldades financeiras, Flu e Bota seguem caminhos opostos — Foto: Infoesporte
Flu surpreende e mira alto
Em meio a tantos problemas financeiros, agravados ainda pela pandemia do novo coronavírus, o Fluminense conseguiu driblar sua crise interna e surpreender em 2020, começando esta temporada de olho em voos mais altos. Se iniciou o Campeonato Brasileiro com foco em escapar do rebaixamento, terminou em quinto lugar e com uma vaga garantida na Libertadores, competição que não disputava há oito anos.
Com elenco modesto, mas com algumas boas peças, como Nenê, Fred e (mais uma vez) joias de Xerém, foi eliminado precocemente nas Copas, mas conseguiu ser regular e competitivo ao longo do Brasileirão. E alguns motivos ajudam a explicar a boa e surpreendente campanha tricolor.
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Nenê e Fred comemoram gol sobre o Fortaleza — Foto: Lucas Merçon / Fluminense FC
O primeiro deles diz respeito a planejamento, pouco abalado nos momentos de crise. Quando o então técnico Odair Hellmann foi duramente criticado pelas eliminações na primeira fase da Sul-Americana e na quarta da Copa do Brasil, a diretoria tricolor confiou no trabalho do treinador, bancando sua permanência. O mesmo aconteceu com Marcão meses depois.
A troca de comando, inclusive, não partiu do Fluminense, mas sim de Odair, que recebeu uma proposta do Al Wasl, dos Emirados Árabes, e deixou o clube em dezembro. Marcão, mais uma vez, foi o responsável por assumir a equipe. Já ambientado ao grupo, encontrou dificuldades no início, mas, com apoio interno, seguiu no cargo e foi peça importante no retorno à Libertadores.
Odair Hellmann, técnico do Fluminense — Foto: Agência Estado
O clube contou também com sua fábrica de talentos de Xerém. Após perder titulares absolutos, como Evanilson, Gilberto e Dodi, a solução foi caseira, com Calegari, Luiz Henrique, Martinelli e cia.; e o mesmo já volta a acontecer nesta temporada, com Kayky e Gabriel Teixeira.
Regular em campo e com estabilidade fora dele, o ambiente foi bom ao longo de 2020. A atual gestão, que assumiu em junho de 2019, se dedicou em diminuir os atrasos salariais, que há tempos vinham acompanhando o Fluminense.
Na última quinta-feira, inclusive, foi a primeira vez em três anos que o clube conseguiu ficar em dia com o elenco e com os funcionários. A última havia sido em 2018, quando o ex-presidente Pedro Abad usou parte do dinheiro da venda de Wendel ao Sporting, de Portugal, para quitar os vencimentos. O esforço e a transparência de Mário Bittencourt têm sido reconhecidos pelo grupo.
Mário Bittencourt, presidente do Fluminense — Foto: Lucas Merçon FFC
Com a vaga na Libertadores assegurada e clima tranquilo internamente, o Fluminense ainda ganhou um "presente" do Palmeiras no fim da temporada: a classificação direta na fase de grupos do torneio continental. A vaga veio após o título do Verdão na Copa do Brasil e deu um mês e meio a mais de preparação e planejamento ao Tricolor.
Esse período fez com que o técnico Roger Machado, contratado após o Brasileirão, se ambientasse ao grupo e também com que a diretoria pudesse ir ao mercado. Só nesta semana, foram registrados quatro reforços: os zagueiros Manoel e David Braz, o meia Cazares e o atacante Abel Hernández. Resta ainda o centroavante Raúl Bobadilla, que chega por empréstimo junto ao Guaraní-PAR.
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No Botafogo, reformulação geral
Se têm problemas financeiros tão parecidos, o que explica os rumos opostos que os times tomaram em 2020? É a resposta que o Botafogo busca após o rebaixamento para Série B do Campeonato Brasileiro e a recente eliminação na Copa do Brasil. Esta última competição, inclusive, poderia ajudar a aliviar as finanças do clube. As quedas acontecem em momento de transformações administrativas e no futebol.
O Botafogo terminou o último Brasileirão na lanterna, com 27 pontos em 38 jogos. Foram apenas cinco vitórias. Números simbólicos para um clube que passou a temporada cometendo erros fora de campo.
Botafogo teve cinco técnicos ao longo da última temporada — Foto: Infoesporte
Parte da resposta está na falta de planejamento. Fora as 25 contratações de jogadores, muitas sem critérios e com pouco retorno técnico, o Botafogo, diferentemente do Flu, teve cinco técnicos em 2020: Alberto Valentim, Paulo Autuori, Bruno Lazaroni, Ramon Díaz e Eduardo Barroca. Em campo, o resultado foi um time sem convicção e padrão de jogo e muito pouco competitivo.
Ponto positivo da última temporada foi o uso da base, que rendeu retorno financeiro ao clube com as vendas de Luis Henrique e Caio Alexandre. O zagueiro Kanu, titular absoluto depois de um 2020 seguro, também atrai olhares de outros clubes. A tendência é que os garotos continuem a ter espaço no Botafogo de 2021, com destaque para Matheus Nascimento, de apenas 17 anos e que deve ter nova chance como titular no clássico.
Relembre: em 2011, o Botafogo vencia o Fluminense pelo Campeonato Carioca com cavadinha de Loco Abreu (https://globoplay.globo.com/v/9260587/)
Apesar dos cofres quase vazios, o Bota consegue manter em dia os salários em dia desde o segundo semestre do ano passado. E com os erros da temporada passada na sombra, a nova diretoria tenta mudar as práticas e profissionalizar a gestão do clube para recuperar a governabilidade. As contratações do novo diretor de futebol e do CEO apontam para o início de um novo Botafogo.
Mas é preciso paciência. Com más atuações nos primeiros 11 jogos da temporada, o técnico Marcelo Chamusca vai para o clássico deste sábado com a pressão por um bom desempenho e resultado positivo. O técnico conta com a confiança dos dirigentes, afinal ele participou de boa parte das 12 contratações até agora e mergulhou no planejamento do clube.
A missão de Chamusca é difícil: sem pré-temporada e em meio às mudanças drásticas, o treinador ainda busca o time ideal e aguarda novos reforços para a disputa da Série B.
Chamusca lida com a pressão enquanto busca time ideal — Foto: Vitor Silva/Botafogo
Depois de duas vitórias, seis empates e uma derrota nos nove jogos da Taça Guanabara, o Botafogo ainda tem o Carioca como espécie de laboratório. E vai precisar de muitas mudanças para enfrentar o grande e agora praticamente único objetivo da temporada, o acesso à Série A.
Depois da eliminação precoce na Copa do Brasil, a classificação para o mata-mata do Estadual é improvável. O time está na sexta posição, atrás de Vasco e Fluminense no caminho até o G-4. Para não cair na primeira fase, é preciso vitórias nas duas rodadas finais e tropeços dos dois rivais.
Fonte: Por Redação do ge — Rio de Janeiro
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