Depois de temporada de destaque, Kanu cresce como referência e acredita na volta do Botafogo à elite do futebol brasileiro; zagueiro conta as experiências que mudaram a vida pessoal e profissional
Vitor Silva/Botafogo
Aos 24 anos, Kanu carrega o peso de ser não só o titular absoluto da defesa do Botafogo. Cria de General Severiano, o zagueiro precisa ser, também, o grande líder dentro de campo de um clube em reconstrução. Na véspera da Série B que é tratada como vida ou morte, o camisa 2 conversou com o ge sobre as alegrias e as responsabilidades de vestir a camisa alvinegra.
Há pouco mais de um ano, Kanu nem sequer constava entre as principais opções do elenco do Botafogo. No início de 2020, o zagueiro deixou a pré-temporada mais cedo em Domingos Martins para disputar as primeiras rodadas do Estadual com outros garotos do clube. Só que, aos poucos, não só ganhou espaço no time como virou incontestável. No meio de uma equipe que se mostrou cheia de instabilidades, foi ele o grande ponto de segurança para a torcida e para os companheiros.
Tanto que a braçadeira de capitão veio em questão de tempo, mesmo ao lado de atletas mais experientes. Em 2021, o jovem tomou a frente na ausência de Gatito Fernández, lesionado, e com a reserva de Joel Carli, que voltou ao clube, mas ainda não ganhou minutos em campo.
Aos 24 anos, Kanu carrega o peso de ser não só o titular absoluto da defesa do Botafogo. Cria de General Severiano, o zagueiro precisa ser, também, o grande líder dentro de campo de um clube em reconstrução. Na véspera da Série B que é tratada como vida ou morte, o camisa 2 conversou com o ge sobre as alegrias e as responsabilidades de vestir a camisa alvinegra.
Há pouco mais de um ano, Kanu nem sequer constava entre as principais opções do elenco do Botafogo. No início de 2020, o zagueiro deixou a pré-temporada mais cedo em Domingos Martins para disputar as primeiras rodadas do Estadual com outros garotos do clube. Só que, aos poucos, não só ganhou espaço no time como virou incontestável. No meio de uma equipe que se mostrou cheia de instabilidades, foi ele o grande ponto de segurança para a torcida e para os companheiros.
Tanto que a braçadeira de capitão veio em questão de tempo, mesmo ao lado de atletas mais experientes. Em 2021, o jovem tomou a frente na ausência de Gatito Fernández, lesionado, e com a reserva de Joel Carli, que voltou ao clube, mas ainda não ganhou minutos em campo.
"Batalhei muito para poder jogar aqui no Botafogo. Tenho quatro anos de profissional. Dois eu fiquei trabalhando, trabalhando quietinho. Fui para a Cabofriense, voltei. E hoje eu assumo esse papel, uma liderança, sim, mas com o foco principal de ajudar".
"De ajudar os garotos da base, os que chegam a esse clube, a entender o quão grande é e o quão prazeroso é jogar para esse clube. Então, eu tenho esse papel, que eu tento transmitir aqui pra todos".
Kanu é o líder do Botafogo nesta temporada - Vitor Silva/Botafogo
DIVISOR DE ÁGUAS
Kanu chegou à base do Botafogo em 2014, passou de atacante a zagueiro e tem a história como profissional praticamente toda escrita com preto e branco. Só que pouca gente sabe que o divisor de águas na carreira não aconteceu no clube que o revelou, mas sim no interior do Rio de Janeiro.
O zagueiro conta que foi na passagem pela Cabofriense que veio a mudança de atitude para chegar ao estágio de hoje na carreira. Dentro e fora de campo. Nos jogos, nos treinos e também na rotina pessoal. Dos hábitos alimentares às experiências de vida no meio de uma realidade bem menos privilegiada do que nos anos anteriores, em um clube grande.
- Eu vivi o que eu nunca tinha passado. Eu fiz base em três grandes clubes do Rio e nunca tinha passado por um clube com estrutura inferior. Então, eu cheguei lá, vi coisas diferentes. Vi seres humanos espetaculares, vi profissionais que trabalhavam para ganhar menos que um salário mínimo. Talvez nem recebessem ou recebessem a cada dois meses, e estavam sempre sorrindo. Eu vi aquilo e pensei que eu tinha tudo e eu estava ali podendo ajudar, podendo ser uma referência pra eles, por ter uma "carcaça" em clube grande - lembrou.
"Foi um momento muito marcante para mim, em que eu falei que, se eu voltasse para o Botafogo, tudo seria diferente, eu mudaria meus hábitos, seria um atleta de verdade e foi o que aconteceu".
- Logo que eu voltei, eu voltei para minha esposa, fiquei com a minha filha, elas mudaram minha vida. A gente entende o sentido da vida depois que tem uma família. Eu passei a acordar cedo todos os dias para poder tomar café, porque meu corpo demora a ganhar massa. Então eu tinha que tomar café, eu tinha que fazer as refeições todas certinhas. Eu passei a dormir oito horas de sono, larguei o álcool. Tudo o que o atleta tem que fazer dentro de campo e extracampo eu fiz para poder estar vivendo esse momento - completou.
Isso aconteceu em 2019. Ainda naquele ano, Kanu voltou ao Botafogo, foi reintegrado ao elenco profissional e jogou três partidas. No ano seguinte, veio a grande temporada da carreira, apesar do rebaixamento do clube no Brasileirão.
Kanu se apegou a família na volta por cima na carreira - Reprodução/Instagram
UMA FAMÍLIA À PARTE
Se a esposa e a filha foram fundamentais para a virada de chave de Kanu, outra família ajudou o zagueiro a se desenvolver como atleta. Família esta que teve início nas categorias de base do Botafogo. Trio titular em 2020, Kanu, Marcelo Benevenuto e Caio Alexandre eram inseparáveis no clube. Amigos além das quatro linhas, se apoiaram um nos outros para ganhar destaque com a camisa alvinegra. Mas o que o futebol uniu, ele também separou, pelo menos fisicamente.
Nesta temporada, Caio Alexandre e Marcelo deixaram o Botafogo. O volante saiu em alta vendido para o Vancouver Whitecaps, do Canadá, enquanto o zagueiro foi emprestado ao Fortaleza para respirar novos ares após queda no rendimento. A distância não é relevante para os amigos, crias do clube, que se comunicam diariamente.
- Falar do Marcelo é clichê, porque é um cara que eu respeito e admiro muito, a personalidade e vontade que ele tem em campo são de se orgulhar. Teve algumas turbulências aqui e acabou indo para o Fortaleza, foi campeão lá e eu estou muito feliz por ele, a gente ainda se fala quase todos os dias. O filho dele liga pra minha filha, falam que vão namorar, mas já cortei essa brincadeira (risos). Nossa relação é muito boa, eu continuo torcendo por ele, pelo Caio, são meus irmãos. Falo com o Caio todo dia também, tenho muita saudade deles.
Kanu, Marcelo e Caio tiram foto com Honda em treino do Botafogo - Vitor Silva/Botafogo
Sem Marcelo e Caio, Kanu encontrou outro parceiro de clube e de vida em 2021. Este é um fã incontestável, desde os tempos que o defensor foi campeão brasileiro sub-20 pelo Botafogo em 2016. Cinco anos mais jovem, Sousa se inspira no colega de zaga e foi abraçado por Kanu no Botafogo.
- Como a gente vem da base, a sintonia fica um pouco melhor e o Sousa é um cara que, hoje, eu me aproximei ainda mais por conta de o Marcelo ter saído e ele ter ganhado mais espaço. A gente se entende muito bem, cada um com suas características. Eu fico muito feliz pelo que ele está conquistando. É só início do que vem plantando e o que ele vai colher é gigantesco. Agora eu tenho que abraçar o Sousão pra gente crescer junto aqui no elenco. Sousa vai dar muito dinheiro para o Botafogo, é um grande profissional.
Kanu adota Sousa no Botafogo - Vitor Silva/Botafogo
Enquanto fortalece a amizado com Sousa, Kanu também se espelha em companheiros de clube para se tornar um jogador melhor. Os experientes Joel Carli e Diego Cavalieri são as referências do zagueiro, que garante:
"Carli e Cavalieri vão ter na minha casa suas camisas num quadro, porque são pessoas que eu me espelho muito, tenho total admiração e respeito".
O CAPITÃO KANU
ge: No primeiro semestre do ano passado você ainda tinha pouco espaço no elenco. Em pouco tempo, virou titular absoluto e uma das referências do time. O que explica essa ascensão tão rápida?
Kanu: Na verdade, não foi pouco tempo. Eu comecei a plantar desde quando eu subi para o profissional, mudando minhas atitudes, meus comportamentos e me preparando para esse momento. Eu vim para o Rio antes de terminar a pré-temporada em 2020, nós jogamos contra Volta Redonda e Madureira e para alguns jogadores era a principal oportunidade para mostrar seu trabalho e dar confiança ao treinador. Ali era a minha chance, eu tinha me preparado para aquele momento e nos dois jogos eu fui bem.
A equipe no geral não teve um bom resultado, não teve uma boa apresentação, mas eu consegui mostrar ao treinador, que na época era o Alberto Valentim, que eu estava preparado para a temporada e que eu podia ajudar o Botafogo dentro de campo. Estou muito feliz com esse momento e agora é continuar com os pés chão, com muita humildade, crescendo e evoluindo para ajudar o Botafogo.
O Botafogo tem outros jogadores experientes e até ídolos, como Gatito e Carli, mas você é o capitão hoje. Como se deu o processo para você virar um dos líderes do time?
Foi um processo natural. Na minha vida eu sempre fui de me posicionar. E quando eu vi, a braçadeira estava no meu braço e eu me sinto muito honrado porque grandes jogadores usaram essa braçadeira. Hoje eu posso mostrar para a minha filha, para toda a minha família que eu sou capitão do Botafogo. Eu fico muito feliz e tento ajudar, acho que a braçadeira em si é muito importante, mas o meu principal objetivo aqui, com a braçadeira ou sem, é ajudar a ver o Botafogo em seu devido lugar, conquistando grandes coisas, com a torcida feliz.
O meu principal objetivo aqui é ajudar esses companheiros que sobem, ajudar quem chega, ver esse clube feliz e radiante como ele sempre foi. De uns anos pra cá, passou por algumas turbulências, mas eu tenho como principal objetivo fazer esse clube voltar a sorrir, porque esse clube me fez sorrir, me fez ajudar minha família, então eu tenho total gratidão e consciência do que eu devo fazer pra ajudar esse clube a estar no seu devido patamar.
Repercutiu muito o seu desabafo com torcedores depois da eliminação na Copa do Brasil. Como foi aquele momento?
A gente sai de cabeça quente do jogo, né? Foi um momento difícil, dos mais difíceis que eu passei aqui por conta dessa reestruturação que estava bem no início. Eu acreditava que tudo seria um mar de rosas, mas a gente sabe que no futebol não é do dia para a noite. Acabou o jogo, a gente estava no vestiário, eles estavam gritando e o vestiário era na beira da rua Dava para escutar tudo. E dói, cara, ficar escutando um monte de coisa.
E aí, eu falei, pô, eu vou, vou conversar com eles. Porque eles têm que entender também o nosso lado, que dói para gente. Não é fácil passar tudo que a gente passa dentro de campo. Mas, ainda assim, a gente está no nosso limite, trabalhando diariamente. E o Botafogo hoje está pronto pra disputar uma Série B e conquistar o acesso. Eu sinto que esse clube mudou muito. E eu faço parte desse projeto, que é trazer o Botafogo de volta à série A. Estamos focados diariamente nisso.
O que vocês conversaram exatamente? Por que você achou importante falar com aqueles torcedores?
Algumas coisas que eu falei, uns exemplos que eu dei, como do Real Madrid, eu até me equivoquei. A gente está de cabeça quente, a gente também erra, a gente às vezes fala algo que é impróprio no momento. Mas eu quis passar o sentimento daqui dentro, é que nós estamos trabalhando, está todo mundo se empenhando. Era nossa obrigação classificar. A gente é time grande, o ABC estava num momento difícil... Mas esse percalço que passamos serviu de aprendizado. A gente não queria, mas aconteceu. Tem a Série B agora e a gente não pode mais passar por essa turbulência. Então, se aconteceu antes, menos mal, porque agora é o nosso principal objetivo, que começa nessa sexta-feira.
No vestiário, Kanu é referência para os companheiros (https://globoplay.globo.com/v/9549967/)
PASSADO, FUTURO E PROPOSTAS
A sua ida para o São Paulo parecia próxima, mas acabou não acontecendo. Teve também proposta do Cruz Azul, do México, e a torcida ficou um pouco apreensiva com sua saída. Como foi a negociação?
Foi uma decisão do clube e já falei que vou sempre respeitar, acho que o Kanu é muito grato ao clube. Então, eu tenho que ter gratidão porque o Botafogo me apoiou quando eu mais precisei. Hoje o clube entendeu que não era o melhor momento de sair. Eu respeitei, respeito o Freeland (diretor de futebol), respeito o presidente (Durcesio Mello). E aqui eu vou continuar muito feliz, pleno totalmente para poder ajudar o Botafogo.
Daqui para frente, como você planeja a sua carreira? Onde se vê daqui a alguns anos?
Não sei responder essa pergunta, o Caio Alexandre falava que minha autoestima é muito boa, mas é pé no chão mesmo. Eu consigo me ver trabalhando muito aqui com o Botafogo na Série A até o final da temporada. Acredito que as coisas acontecem naturalmente e estão nas mãos de Deus. Eu tenho que pensar no presente e trabalhar para que o futuro seja melhor e é o que eu faço.
Quando ainda era do Sub-20 você treinou um período com a seleção brasileira, em 2017 e tirou fotos com o Neymar. Vai chegar a hora dos garotos pedirem para tirar foto com o Kanu na Granja Comary?
Todo jogador profissional tem o objetivo da Seleção. Hoje, os jogadores que estão lá são sem comentários, a seleção olímpica também que tem grandes jogadores. É um objetivo meu, mas é um passo de cada vez. Meu principal e único objetivo hoje é botar o Botafogo na Série A.
Você começou a carreira como atacante, na base, e foi recuado até chegar à zaga. Essa experiência te ajuda como defensor?
O Kanu atacante me ajuda bastante na leitura, acho que é o principal fator pra eu ter conseguido me adaptar rápido, que é a leitura, porque eu consigo muitas vezes antecipar o que o atacante vai fazer e foi a melhor coisa que fizeram na minha vida. Maurício, que hoje está no Flamengo, teve essa visão. Na época eu relutei, mas eu tinha que ter aceitado na hora, porque como atacante não dá não.
Kanu, zagueiro do Botafogo - Vitor Silva/Botafogo
E o primeiro gol, finalmente vai sair na Série B?
Ele tem que sair, esse gol está no talo, tem pressão aqui, pressão em casa, todo mundo me falando desse gol. Estou me cobrando, tenho feito complemento quase todos os dias até pra me sossegar, estou obcecado em fazer esse gol. O Souza tirou um, teve outro em cima da linha, outro batendo na trave, mas agora nessa série B vão vir uns golzinhos se Deus quiser.
Que erro do ano passado o Botafogo não pode voltar a cometer nesse ano?
Acho que tudo começa lá de cima, com uma diretoria estruturada, que entende o futebol e entende que a desorganização fora de campo atrapalha dentro de campo. Nós não conseguimos em nenhum momento ter estabilidade, nós tivemos treinador mandado embora com 15 dias. Um com 15 e outro com 30 dias. Fomos eliminados da Copa do Brasil com o Flavio Tênius, que é preparador de goleiros. A gente vai querer mágica de chegar no campo e apresentar o melhor futebol? Tínhamos grandes jogadores, se você ver todos pegaram clube de Série A ou foram pra fora do Brasil. Quando a casa não está organizada, ninguém consegue render da melhor maneira e acabou tendo o que não queríamos que foi a queda.
MISSÃO SÉRIE B
Qual é a expectativa para a primeira rodada? Bate ansiedade por ser a estreia?
A estreia, por si só, deixa um pouco mais ansioso. A gente está trabalhando muito forte, para começar com o pé direito. É fundamental na competição. A gente precisa pontuar fora. Um campeonato que a maioria conhece, mas eu mesmo e alguns não participaram. Nós estamos totalmente empenhados pra fazer um belo campeonato e conquistar esse acesso.
O que significa esse campeonato para o Botafogo?
Tudo. Tudo. A Série B é o principal foco do Botafogo no geral. Ele é tudo porque nós temos que conseguir esse acesso. Nós temos que fazer bons jogos e ter uma boa campanha. E para isso a gente precisa estar unido com a diretoria, jogadores e torcedores. Num só propósito. Em um só objetivo, que é levar o Botafogo ao seu lugar, que é a Série A.
A última impressão foi boa, contra o Vasco. É esse o time que vai começar a Série B?
Exatamente, é aquela imagem que nós devemos passar pro torcedor todos os jogos de luta e de determinação. Isso não pode faltar pra quem veste a camisa do Botafogo. Nós fizemos um bom jogo, o último antes da estreia, que é muito bom pra fortalecer o nosso elenco, a nossa confiança e o trabalho do treinador. Eu tenho certeza que com esse espírito, com essa vontade e qualidade nós iremos conseguir o acesso.
Por que o Botafogo não conseguiu o encaixe esperado na primeira parte da temporada? O que falta para o time conseguir uma sequência boa?
Chegaram muitos jogadores. Muitos quando chegam demoram a se adaptar, outros se adaptam rapidamente. Junto com os jogadores da base, tudo isso gera uma confiança. É preciso que o grupo se conheça, o próprio treinador acabou de chegar. Para isso tudo se encaixar, demora um tempo. Há exceções? Há exceções. A gente tem que render melhor? A gente tem que render melhor. Mas eu acho que, no geral, a gente chega pronto para a Série B, com uma expectativa muito boa de melhorar nossa performance, de criar mais oportunidades ofensivas, de continuar bem consistente defensivamente.
Hoje a gente chega preparado e consciente de que poderíamos ter feito melhor, mas que agora nós estamos criando essa casca e consequentemente isso vai ajudar dentro de campo, tendo as vitórias, tendo chances criadas e com boa performance.
Kanu é uma das referências do Botafogo na temporada - Vitor Silva/Botafogo
Parte da torcida já pede a cabeça do técnico Marcelo Chamusca. Como é o dia a dia de trabalho e como vocês lidam com essa pressão?
De um certo modo, eu até entendo a torcida, porque precisávamos performar melhor. Ninguém queria que o Botafogo ganhasse todos os jogos, a gente também tem essa ciência, mas a gente poderia ter apresentado um futebol melhor, criado mais chances ofensivas, ter sido uma equipe mais consistente nessa primeira parte. A gente oscilou muito. Quanto ao trabalho, você também não pode jogar tudo por água abaixo porque oscilou durante nem a metade da temporada, não pode falar que ninguém presta, que o treinador, que tem uma história de acesso que vai ajudar muito a gente, não presta. Não pode jogar isso fora.
A gente tem que pegar essas turbulências, continuar firme, trabalhando, acreditando no processo, dando confiança a cada jogador para ele jogar o seu melhor futebol, porque todos que chegaram têm um currículo e tem futebol pra apresentar da melhor maneira. Pode ser melhor e todos temos ciência disso. Então, é isso que a gente faz diariamente. Eu acredito que mostramos no sábado que nós vamos para a Série B com aquele espírito, com aquela vontade e com uma eficiência melhor pra conseguir as vitórias e, consequentemente, o acesso.
No ano passado, uma das maiores críticas foi às muitas trocas de treinadores. Nesse ano, a diretoria segurou o treinador mesmo sob pressão. Você acha que jogadores como você também têm uma parcela na hora de manter um trabalho? Há essa liberdade internamente?
Nós, jogadores e diretoria, temos que ver o trabalho no dia a dia, nas ideias do treinador, no que ele faz diariamente para que o nosso grupo jogue melhor, para que o Botafogo cresça. Essa decisão de ficar ou não ficar tem que ser pautada nisso, ela não pode ser pautada em apenas jogar bem, jogar mal. Isso é relativo. Se o cara acabou de chegar, continua trabalhando, faz tudo que tem que fazer e o resultado não vem, as coisas vão acontecer. Se estamos aqui diariamente e vemos que não tem autoestima, que o treinador não tem a total capacidade de conseguir o objetivo do clube, ele vai ser mandado embora.
Acho que não é ficar treinador ou mandar embora, é tomar a decisão em cima de evidências e não por paixão. Perdeu um jogo e o treinador não presta. Ganhou, ele é o melhor do mundo. Não, as coisas têm que ser pautadas em todo um trabalho. Tem que trabalhar com razão e isso a gente vê aqui, até porque nós tivemos momentos de turbulência em que a razão falou mais alto, porque tivemos exemplo do ano passado, que trocar por trocar não vai adiantar.
Fonte: GE/Por Davi Barros, Emanuelle Ribeiro e Thayuan Leiras – Rio de Janeiro
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