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sexta-feira, 10 de setembro de 2021

Biógrafo dos gêmeos aposta em sucesso de Rafael no Botafogo: "Ele nasceu para essa chance"


Escritor inglês Wayne Barton passou 2020 em contato com Rafael e Fábio para publicar o livro e aponta chegada ao clube do coração como ponto alto da carreira para o lateral-direito




Rafael jogou em um dos clubes mais poderosos da Europa, esteve em campo em partidas da Liga dos Campeões e disputou uma final olímpica com a seleção brasileira. Só que o momento mais especial da carreira está para chegar agora, aos 31 anos. É o que sugere um especialista na carreira do brasileiro, o escritor britânico Wayne Barton.


Barton assinou em agosto de 2020 a biografia de Rafael e Fábio, os gêmeos que saíram do Brasil ainda nas divisões de base para jogar pelo Manchester United. O livro, que ainda não tem edição em português, tem o título "The Sunshine Kids". Mesmo em língua estrangeira e com foco no clube inglês, o nome do Botafogo aparece com frequência pelo mesmo motivo que leva o jogador a voltar ao Brasil depois de mais de 10 anos.



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Rafael encerrou passagem pela Europa que começou em 2008 — Foto: Jean Catuffe/Getty Images



- A primeira coisa que aparece no livro sobre o Botafogo é esta frase: "A gente torcia para o Botafogo, o grande time do país quando a gente tinha cinco anos. O melhor time do mundo, óbvio!" - contou o escritor ao ge.


- Eles se referem ao Botafogo como "meu time" e, no último capítulo do livro, Rafael e Fábio revelaram que tinham o sonho de jogar pelo clube. Estou muito feliz que um desses sonhos se tornou realidade - completou.


Com a chegada confirmada pelo clube, os alvinegros invadiram até as redes sociais de Barton ao descobrir a ligação do inglês com o novo reforço. Em papo com o ge, o escritor dividiu um pouco das conversas que teve com Rafael e com o irmão ao longo de 2020.


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A biografia está disponível no mercado brasileiro tanto nas versões digital como física, mas apenas em inglês. Com os gêmeos novamente nos holofotes por aqui, é possível uma nova edição, mas Barton se esquivou: "Essa é uma pergunta para meu editor, mas espero que sim!".




Biografia sobre os gêmeos foi publicada na Inglaterra — Foto: Reprodução


ge: Em campo, o que a torcida pode esperar do Rafael?

Wayne Barton: Compromisso e dedicação. Impulso. Instinto. Essas são as qualidades essenciais de Rafael como jogador, além das óbvias habilidades com a bola. A maneira como ele jogou pelo United, foi como se ele tivesse nascido dentro do clube, então eu só posso imaginar o quão dedicado ele será jogando por seu clube de infância. Esse impulso às vezes transborda, mas é normal.



Rafael chega ao Botafogo para ser um grande líder em um momento de reconstrução do clube. Ele está pronto para isso?

Os jogadores envelhecem. Talvez não tenha o vigor que ele teve em 2012. Mas eu sei, porque conversei com ele neste último ano, que passar um tempo com Fábio na recuperação do irmão ajudou Rafael a entrar na melhor forma física de sua carreira. Ele está motivado para jogar o máximo de anos que puder.


Como líder, ele sempre teve essa qualidade. Mas também, por causa de sua personalidade, ele sempre se coloca como mais um no time. Ele pode certamente ser um líder neste momento. De alguma forma, acho que ele nasceu para essa chance. Ele está chegando com experiência, com vontade de liderar, com o benefício da educação que recebeu de Sir Alex Ferguson e de todos os grandes líderes e capitães com quem ele jogou.


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Rafael chega ao Botafogo para vestir a lendária camisa 7 (https://ge.globo.com/video/rafael-chega-ao-botafogo-para-vestir-a-lendaria-camisa-7-9843901.ghtml)


Depois que o Botafogo confirmou a transferência, você disse nas redes que sabia o quão grande era aquele momento para ele. O que o Rafael falou especialmente para você sobre essa ligação com o clube?

Ele ama muito futebol. E ele adora o Manchester United. Falei com pessoas diferentes sobre os gêmeos e todos eles disseram o quanto eles imediatamente se ligaram à cultura do United. Na verdade, como eu disse a ambos os gêmeos, trabalhar com eles no livro me ajudou a amar mais ainda o meu próprio time.


Eu sei que eu estou falando do United nessa resposta, mas o que quero dizer é que eles foram capazes de criar essa conexão com um time que não era deles. O Botafogo é. Se acontecer como foi em Manchester, os torcedores vão sentir ainda mais essa ligação com o clube, se é que isso é possível.


No vídeo, ele compara esse momento com as passagens pelo United e pela Seleção. Qual seria a mais importante, na sua opinião?


É difícil dizer. Ele tinha uma relação complicada com a seleção nacional, mas adorava jogar pelo Brasil. Ele valorizou cada partida em todas as categorias, e considerou jogar pela equipe principal um dos auges de sua carreira.


Ele provavelmente é o tipo de pessoa que diria que todas as três passagens seriam as mais importantes, por diferentes razões. Que são igualmente especiais. Mas acho que a realização desse sonho, talvez o único sonho real do qual ele já falou, torna esse momento especial de uma maneira diferente.





Irmãos jogaram juntos e foram campeões no United — Foto: John Peters/Manchester United



Nos últimos anos vimos o Rafael falar mais em jogar pelo Botafogo do que o irmão, mas sabemos que o Fábio também é apaixonado pelo clube. É uma questão de personalidade? A torcida está ansiosa com a possibilidade de reunir os gêmeos na próxima temporada.


Sim, talvez seja apenas uma questão das perguntas que foram feitas em determinado momento. O Fábio também adora o clube. São pessoas diferentes, embora muito parecidas. O Rafael definitivamente fala com o coração, e o Fábio é mais reservado. Mas, acredite, eles amam o clube na mesma proporção.


Neste momento o Fábio está muito bem com o Nantes e sei que ele tem uma ligação emocional com o clube por tudo que eles passaram juntos, com a lesão dele. Não cabe a mim fazer suposições sobre seu futuro, mas ele compartilha o mesmo sonho de seu irmão, com certeza.


Qual foi a impressão que os gêmeos deixaram quando foram embora do Manchester United, especialmente Rafael?


Todos os torcedores do United ficaram tristes quando os dois gêmeos saíram. Com o Fábio, entendemos mais porque ele precisava jogar e não caiu nas graças do novo técnico. Quando Rafael foi embora, ficamos todos tristes, mas ele também não teve uma chance justa com Louis van Gaal.


Ele (Rafael) foi o melhor lateral-direito que tivemos desde Gary Neville e continua sendo. Ele entendeu o que significava jogar pelo clube de uma forma que muitos não sabem. Os dois ainda são muito amados em Manchester. Eles saíram como decisivos para um dos períodos de maior sucesso em toda a nossa história.





Barton passou 2020 em contato com os gêmeos — Foto: Reprodução



O que mais te impressionou na história deles?


Eles são duas das minhas pessoas favoritas no futebol. Talvez a qualidade de que mais gosto seja a tendência para tomar decisões com o coração, o que acho que falta no futebol moderno. É a emoção que cria a conexão com os fãs, e isso também está dentro deles.


Eles se tornaram jogadores de futebol para retribuir aos pais e, embora tenham percebido essa ambição no início de suas carreiras, mantiveram os mesmos ideais. Lembro também do que eles fizeram por mim. Escrevemos o livro durante a pandemia e quase toda semana eu passava algumas horas conversando com um deles. Essas conversas foram cheias de risos.


Você esperava tanta interação com os torcedores depois do anúncio?


Não, isso me pegou de surpresa, mas foi muito bem-vinda. Amo os gêmeos e sei o quanto esse sonho significa para o Rafael, então ver a reação dos torcedores do Botafogo... Bom, como torcedor do United, acabamos de ver o retorno de Cristiano Ronaldo, e a emoção com o retorno de Rafael para o Brasil parece bem parecida. Sou oficialmente um torcedor adotado pelo Botafogo e espero que um dia faça uma viagem ao Brasil para ver um jogo.



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Fonte: GE/Por Thayuan Leiras — Rio de Janeiro

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