Volante conta que pensou em abandonar o futebol após lesão no tornozelo em 2019. Para ele, suporte dos pais foi essencial para continuar jogando
Assistência para o terceiro gol no 4 a 0 em cima do Vasco, domínio do meio de campo e entrevista com um largo sorriso ao receber o prêmio de craque do jogo. Luís Oyama fez tudo isso com firmeza, vontade e alegria de quem já esteve próximo de abandonar o futebol. E quem o apoiou nesse caminho e não deixou que ele largasse o sonho foi a família.
Se em 2018 e 2019, foram as lesões que derrubaram o volante, depois da partida contra o Vasco foi essa própria família que desmontou o jogador de 24 anos. Mas de maneira positiva. Em conversa com o ge, Oyama chorou ao contar o motivo de estar tão emocionado ao falar com dona Maria Amélia e seu Luiz no vídeo abaixo.
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- Ali passa um filme na cabeça. Antes do jogo eu estava com uma energia boa e mandei mensagem pra eles. Aí quando liguei pra eles, estavam chorando de alegria e fico até emocionado agora. Eles estiveram comigo nos momentos difíceis. E chegar num clube do tamanho do Botafogo... Eu que pensei em parar de jogar bola em 2019. Chegar e ser craque de um jogo, de um clássico, foi coisa de louco. Foi uma alegria vê-los chorar de emoção. É por eles que eu jogo. Acho que é um sentimento de dever cumprido.
Estar na liderança da Série B com o Botafogo é o maior momento na carreira de Luís Oyama até agora. Com 24 anos, o jogador emprestado pelo Mirassol e com passagem pela Ponte Preta, vive uma das melhores fases com a camisa da equipe. Apesar de reconhecer as oscilações que passou, a segunda Série B que disputa deu a ele mais força física que gerou o maior número de partidas em uma temporada.
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Luís Oyama foi um dos melhores em campo no último domingo e ajudou o Botafogo a golear — Foto: Vitor Silva/Botafogo
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Calejado das lesões passadas, Oyama investiu na própria saúde para poder estar mais em campo. Enquanto elas fizeram com que o volante mudasse um pouco o jeito de encarar a própria carreira, também deram a ele a experiência necessária para perceber outras formas de jogar - principalmente sem a bola. Agora, com a meta quase atingida, está na hora de pensar em voos maiores na competição.
- É o momento mais importante da minha vida. Era uma responsabilidade quando eu cheguei aqui. Sabia que o Botafogo ia brigar para subir. Não estávamos conseguindo no começo do campeonato. Sabia que tinha essa responsabilidade, que essa camisa daqui tem um peso e hoje, alcançando esse objetivo, ficamos felizes porque era o que tínhamos traçado desde o início do campeonato. Agora que chegamos na liderança mudou o objetivo. Queremos brigar pelo título apesar de não estarmos matematicamente na Série A, mas temos o título como objetivo.
Botafogo vira líder da Série B goleando o Vasco, que não deve subir (https://ge.globo.com/video/botafogo-vira-lider-da-serie-b-goleando-o-vasco-que-nao-deve-subir-10020603.ghtml)
O Botafogo volta a campo na próxima quinta-feira, quando enfrenta a Ponte Preta, às 19h (de Brasília), em Campinas, pela 35ª rodada da Série B. O Bota lidera a competição com 62 pontos e está a oito do quinto colocado.
Confira outros temas da conversa do ge com o Luís Oyama
Como se sente em campo física e mentalmente
- Tem o ditado que diz que há males que vem para o bem. Essas lesões que eu tive me fizeram crescer muito como pessoa. Abriram minha cabeça para pensar de jeitos diferentes. Antigamente eu era um menino que só queria jogar com a bola. E futebol moderno não é isso. Temos que saber jogar e correr atrás dela para poder recuperar e marcar. Essas lesões fizeram eu me entregar 100% nos treinos.
- Em relação aos jogos, acho que foi justamente por causa disso. Como me machuquei, perdi o segundo semestre de 2018 e perdi mais um semestre em 2019 por ter me machucado de novo. Hoje eu me vejo mais maduro, mais experiente e também muito mais sábio para tomar decisões dentro e fora de campo.
Relação com a torcida
- Desde que eu cheguei a torcida me acolheu bem. Tanto a torcida quanto o estafe aqui do clube, todos me receberam bem. Isso facilitou a minha adaptação. Com certeza esse carinho que a torcida tem é recíproco. Esse clube já está marcado no meu coração. Só tento retribuir esse carinho dentro de campo, me entregando e dando o meu máximo para a gente conseguir vitórias, atingir o objetivo do clube e dar alegrias para essa torcida.
Origem japonesa?
- Isso, origem japonesa. Mas eu não tenho a naturalização japonesa, sou descendente de japonês. É maior mistura. Só meu avô por parte de mãe que é brasileiro. Meus avós por parte de pai nasceram lá e minha avó por parte de mãe nasceu aqui, mas minha bisavó que nasceu lá. Então é mais ou menos 3/4 japonês e 1/4 brasileiro.
Japonês que deu certo
- Acho que deu certo (risos). Feliz pela comparação. O Honda representa pra caramba na seleção japonesa, então é um peso comparar com ele, mas fico feliz de ter, não sei se pode ver superado, mas ido além das expectativas.
Marco Antonio quis roubar o troféu
- Acertei um bom passe lá pra ele, ficou sozinho com o goleiro, ao invés de me agradecer e me dar uma moral, queria roubar meu troféu. Ingrato demais (risos). Nesse grupo aqui não existe vaidade, eu acho que a gente respeita, cada um respeita o outro, o momento também, sempre trabalhando pra buscar seu espaço. Acho que é a essência do nosso grupo.
Oscilação e titularidade
- Teve (oscilação). Fora de campo eu investi bastante na minha recuperação, porque eu tinha vivenciado esse campeonato no ano passado, sabia das viagens longas, da sequência maior de jogos, mas mesmo assim tive um problema no púbis, que eu tive antes também. Acho que isso atrapalhou um pouco, mas eu nunca deixei de treinar, nunca deixei de trabalhar ao máximo desde que eu voltei da lesão.
- Eu sempre tive na minha cabeça estar preparado pra quando a oportunidade aparecesse eu pudesse agarrá-la. Eu acho que isso foi fundamental pra que eu pudesse fazer bons jogos contra o Confiança, acho que contra o Goiás também, e agora fui premiado num jogo com a excelente partida da equipe.
Por que o Botafogo vai subir?
- Tem que ser cauteloso, ainda não está 100% na Série A. Mas acho que o fundamental foi a gente ter comprado a ideia do Enderson. Quando ele chegou logo avisou que não teria mágico, mostrou as ideias dele, pediu pra que comprássemos essa ideia, acreditássemos no trabalho dele. As coisas encaixaram, fizemos o nosso melhor e conseguimos encaixar uma sequência de vitórias e chegar onde a gente queria.
Como vencer a Ponte Preta?
- A gente ainda vai estudar esse jogo. A gente sempre tem uma preleção, um vídeo antes pra mostrar os pontos fortes e os pontos fracos, então a gente vai analisar. Eu conheço alguns atletas que trabalham lá, eu sei a pressão que é lá, o time é forte dentro de casa. A gente tem que analisar pra decidir onde explorar e o que anular pra não correr riscos.
Expectativa pessoal pra reta final e renovação
- Todo jogo eu trato como uma decisão, trato como um jogo importante, mas em relação à titularidade eu dei o meu melhor e agora eu deixo nas mãos do Enderson. Como eu falei, eu compro a ideia dele e o que ele achar melhor pro grupo eu estou de acordo.
- A gente ainda não sentou pra conversar sobre isso. Esses assuntos eu deixo pro meu agente. Ele tem meu planejamento, agora eu estou com a cabeça só no título. Primeiro o acesso, é claro, e depois é o título. Meu coração hoje e minha cabeça estão daqui, mas a gente tem que sentar e ver certinho o meu futuro.
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Fonte: Por Davi Barros, Emanuelle Ribeiro, Klaus Barbosa e Rodrigo Cerqueira — Rio de Janeiro
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