Episódio de documentário sobre estratégias do treinador campeão da NBA em 2008 inspirou diretoria alvinegra a criar reflexões entre os jogadores e virou filosofia no Nilton Santos em 2021
Em 2008, após 22 anos de espera, o Boston Celtics conquistou seu 17º título da NBA em uma temporada de superação da equipe comandada por Doc Rivers. Mas o que isso tem a ver com o Botafogo? Muita coisa. A estratégia vencedora do treinador americano inspirou um processo de mobilização em General Severiano no momento mais crítico do time nesta temporada. Meses depois o principal objetivo foi alcançado, e o clube está de volta à Série A.
+ Navarro encaminha acerto com Minnesota United
+ Jogadores e técnico vão para a galera comemorar
O episódio sobre Doc Rivers na série documental “The Playbook: estratégias para vencer” despertou o trabalho realizado pelo departamento de psicologia alvinegro nas primeiras semanas da Série B, quando o time oscilava e era pressionado por melhores resultados e performance. Depois de assistir, o diretor de futebol Eduardo Freeland visualizou similaridades entre aquele Celtics e o atual Botafogo e decidiu levar para o Nilton Santos os seguintes pilares trabalhados por Rivers:
1 - Pressão é um privilégio
2 - Não se vitimize
3 - Ubuntu
4 - Termine a corrida
Estratégias de Doc Rivers mobilizaram Botafogo na temporada — Foto: Infoesporte
+ Gatito deve voltar ao gol do Botafogo ainda em 2021
+ Carli diz que sonhava com acesso : "Eu voltei para isso"
Pouco antes da demissão de Marcelo Chamusca, em 13 de julho, o Botafogo vivia uma fase instável na Série B, estava longe do G-4, perto da zona de rebaixamento e não mostrava indícios de evolução. A pressão era absurda. Tanto que torcedores organizaram protestos e chegaram a se reunir com dirigentes e jogadores para cobrar uma mudança de postura do time. Foi perto desse período que os atletas tiveram o primeiro contato com os ensinamentos de Doc Rivers. E levaram pra sequência da temporada.
- Não tenho a menor dúvida que foi muito relevante o impacto que gerou. Conseguimos provocar uma reflexão interna do que a gente poderia fazer, do que a gente controlava e de pegar o protagonismo pra gente. Isso até hoje é lembrado antes e depois dos jogos, ficou marcado - disse Freeland ao ge.
O clube entendeu que o elenco precisava aprender a lidar com a pressão. Mais do que isso, entender que a pressão é um privilégio, pois eles trabalharam para chegar a esse lugar, vestir a camisa de um clube grande, e a pressão é uma consequência do esforço para alcançar o sucesso.
+ Enderson: "Botafogo é um dos pilares do futebol brasileiro"
Outro ponto de virada foi aprender a não se vitimizar e a não transferir a responsabilidade. Não esperar da arbitragem, não se apoiar na qualidade dos gramados ou no desgaste do calendário, mas assumir a responsabilidade e focar no que pode ser controlado. A assimilação foi possível com a liderança do psicólogo Paulo Ribeiro, que considera o projeto em cima do documentário o mais impactante da sua carreira.
- Nada disso teria os frutos que colhemos se não houvesse engajamento. Jogadores, comissão técnica e toda a equipe tiveram engajamento nesse trabalho. As pessoas reproduziram isso no dia a dia. Foi o trabalho mais forte e mais consistente que já fiz - revelou Paulo.
O ponto alto do trabalho é justamente o abraço às ideias. Não só os jogadores que estavam no elenco naquele momento assistiram ao episódio, mas os que se juntaram ao clube depois também foram aconselhados a entenderem o espírito do grupo. Num time em que grande parte dos atletas era desconhecida e via no Botafogo a maior oportunidade da carreira, a vontade de fazer dar certo prevaleceu. Ubuntu virou cultura no Nilton Santos.
+ Chay e Navarro comemoram: "Parceria que deu certo"
A filosofia africana trata da coletividade, de que nenhum ser humano pode alcançar o sucesso sem ajuda dos outros. A virada do Botafogo na Série B se deu de maneira coletiva. O comprometimento do elenco e as atitudes campeãs dos jogadores, que mesmo no pior momento não jogaram a toalha, são pontos valorizados pela diretoria. A mudança de comportamento foi fundamental.
- Uma das coisas que mais acredito como pilar de gestão: eu quero trazer um bom jogador, mas que seja uma boa pessoa. A qualquer momento no futebol a gente vai viver altos e baixos, vai viver crises, e as boas pessoas vão sair disso mais rápido. O que vai alcançar resultado são os comportamentos. Quando eu cheguei, tentamos mudar isso. Não teve mais atraso, falta, nada que fugisse da curva. Fizemos entender que nossas ações nos aproximam ou afastam do objetivo.
- O Botafogo incluiu na rotina atitudes vencedoras e replicamos esses exemplos. Aconteceu com o Carli contra o Coritiba. Ele foi ao ataque para uma cobrança de escanteio, o Coritiba saiu em contra-ataque, e o próprio Carli, que voltou o campo todo, foi quem cortou o cruzamento. Ele não tinha essa obrigação, se tomássemos o gol não iriam culpá-lo. Essas atitudes construíram uma onda positiva - pontuou Freeland.
A ideia de criar uma identidade para o grupo foi reforçada em reunião de Paulo Ribeiro com os jogadores, em que todos falaram sobre suas vivências. Com pessoas tão distintas vindas de lugares também diferentes, foi importante criar um ponto de encontro entre as histórias.
- Não tem como não misturar individual com o coletivo, você traz a sua jornada emocional. Sorte é o encontro de talento com oportunidade e foi isso que aconteceu aqui. Muitos encontraram oportunidade num grupo aberto, compraram a ideia, tudo se encaixou - afirmou o psicólogo.
A implementação da filosofia começou antes da chegada de Enderson Moreira, que comprou a ideia ao assumir o comando do time, tanto que reproduz as mensagens de Doc Rivers nas preleções e também depois dos jogos. Acreditar que é possível foi fundamental para o Botafogo embalar. Prestes a terminar a corrida, técnico e jogadores já alcançaram o que foi planejado e agora buscam o primeiro lugar da Série B.
Botafogo usou mensagens de Doc Rivers para mobilizar jogadores — Foto: Botafogo
Para fortalecer o espírito do Celtics de 2008, a diretoria distribuiu pistas ao longo da temporada com a intenção de não deixar se apagar a reflexão que o documentário provocou. No Nilton Santos é possível ver quatro painéis no corredor de acesso ao vestiário com as regras de vida do treinador de basquete.
Num primeiro momento, quando a crise agravou, o Botafogo pensou em contratar algum profissional para trabalhar a questão psicológica do elenco. Não foi necessária a intervenção externa. O exemplo de Doc Rivers mobilizou a equipe, e os resultados alcançados por Enderson ajudaram na confiança. A filosofia do técnico americano se junta a um conjunto de fatores que explicam a ascensão do time na temporada.
O sucesso da ação faz a diretoria querer levar o espírito para 2022, principalmente o entendimento de que a pressão é um privilégio, e o privilégio é estar na Série A. Numa temporada em que as receitas ainda serão baixas, o Botafogo vai precisar de criatividade e transpiração para se recolocar no topo do futebol brasileiro.
A Voz da Torcida Botafogo - Pedro Dep: "Eu prometi que voltaríamos. E nós voltamos!" (https://ge.globo.com/futebol/voz-da-torcida/video/a-voz-da-torcida-botafogo-pedro-dep-eu-prometi-que-voltariamos-e-nos-voltamos-10043162.ghtml)
O podcast ge Botafogo está disponível nas seguintes plataformas:
Spotify - Ouça aqui!
Google Podcasts - Ouça aqui!
Apple Podcasts - Ouça aqui!
Pocket Casts - Ouça aqui!
▶️ Clique e aperte o play ▶️
- Nada disso teria os frutos que colhemos se não houvesse engajamento. Jogadores, comissão técnica e toda a equipe tiveram engajamento nesse trabalho. As pessoas reproduziram isso no dia a dia. Foi o trabalho mais forte e mais consistente que já fiz - revelou Paulo.
O ponto alto do trabalho é justamente o abraço às ideias. Não só os jogadores que estavam no elenco naquele momento assistiram ao episódio, mas os que se juntaram ao clube depois também foram aconselhados a entenderem o espírito do grupo. Num time em que grande parte dos atletas era desconhecida e via no Botafogo a maior oportunidade da carreira, a vontade de fazer dar certo prevaleceu. Ubuntu virou cultura no Nilton Santos.
+ Chay e Navarro comemoram: "Parceria que deu certo"
Melhores momentos: Botafogo 2 x 1 Operário-PR, pela 36ª rodada do Brasileirão Série B
A filosofia africana trata da coletividade, de que nenhum ser humano pode alcançar o sucesso sem ajuda dos outros. A virada do Botafogo na Série B se deu de maneira coletiva. O comprometimento do elenco e as atitudes campeãs dos jogadores, que mesmo no pior momento não jogaram a toalha, são pontos valorizados pela diretoria. A mudança de comportamento foi fundamental.
- Uma das coisas que mais acredito como pilar de gestão: eu quero trazer um bom jogador, mas que seja uma boa pessoa. A qualquer momento no futebol a gente vai viver altos e baixos, vai viver crises, e as boas pessoas vão sair disso mais rápido. O que vai alcançar resultado são os comportamentos. Quando eu cheguei, tentamos mudar isso. Não teve mais atraso, falta, nada que fugisse da curva. Fizemos entender que nossas ações nos aproximam ou afastam do objetivo.
- O Botafogo incluiu na rotina atitudes vencedoras e replicamos esses exemplos. Aconteceu com o Carli contra o Coritiba. Ele foi ao ataque para uma cobrança de escanteio, o Coritiba saiu em contra-ataque, e o próprio Carli, que voltou o campo todo, foi quem cortou o cruzamento. Ele não tinha essa obrigação, se tomássemos o gol não iriam culpá-lo. Essas atitudes construíram uma onda positiva - pontuou Freeland.
A ideia de criar uma identidade para o grupo foi reforçada em reunião de Paulo Ribeiro com os jogadores, em que todos falaram sobre suas vivências. Com pessoas tão distintas vindas de lugares também diferentes, foi importante criar um ponto de encontro entre as histórias.
- Não tem como não misturar individual com o coletivo, você traz a sua jornada emocional. Sorte é o encontro de talento com oportunidade e foi isso que aconteceu aqui. Muitos encontraram oportunidade num grupo aberto, compraram a ideia, tudo se encaixou - afirmou o psicólogo.
A implementação da filosofia começou antes da chegada de Enderson Moreira, que comprou a ideia ao assumir o comando do time, tanto que reproduz as mensagens de Doc Rivers nas preleções e também depois dos jogos. Acreditar que é possível foi fundamental para o Botafogo embalar. Prestes a terminar a corrida, técnico e jogadores já alcançaram o que foi planejado e agora buscam o primeiro lugar da Série B.
Botafogo usou mensagens de Doc Rivers para mobilizar jogadores — Foto: Botafogo
Para fortalecer o espírito do Celtics de 2008, a diretoria distribuiu pistas ao longo da temporada com a intenção de não deixar se apagar a reflexão que o documentário provocou. No Nilton Santos é possível ver quatro painéis no corredor de acesso ao vestiário com as regras de vida do treinador de basquete.
Num primeiro momento, quando a crise agravou, o Botafogo pensou em contratar algum profissional para trabalhar a questão psicológica do elenco. Não foi necessária a intervenção externa. O exemplo de Doc Rivers mobilizou a equipe, e os resultados alcançados por Enderson ajudaram na confiança. A filosofia do técnico americano se junta a um conjunto de fatores que explicam a ascensão do time na temporada.
O sucesso da ação faz a diretoria querer levar o espírito para 2022, principalmente o entendimento de que a pressão é um privilégio, e o privilégio é estar na Série A. Numa temporada em que as receitas ainda serão baixas, o Botafogo vai precisar de criatividade e transpiração para se recolocar no topo do futebol brasileiro.
A Voz da Torcida Botafogo - Pedro Dep: "Eu prometi que voltaríamos. E nós voltamos!" (https://ge.globo.com/futebol/voz-da-torcida/video/a-voz-da-torcida-botafogo-pedro-dep-eu-prometi-que-voltariamos-e-nos-voltamos-10043162.ghtml)
O podcast ge Botafogo está disponível nas seguintes plataformas:
Spotify - Ouça aqui!
Google Podcasts - Ouça aqui!
Apple Podcasts - Ouça aqui!
Pocket Casts - Ouça aqui!
▶️ Clique e aperte o play ▶️
Fonte: Por Emanuelle Ribeiro — Rio de Janeiro
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Seu comentário é sempre bem vindo. Participe com suas opiniões!