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quarta-feira, 9 de março de 2022

Registrado sem pai, ex-auxiliar de pedreiro e artilheiro do Carioca: Erison celebra início de ano no Botafogo



Ao ge, "El Toro" lembra as origens, tem família como grande motivação e conta que já ensina ao pequeno Pietro Miguel: "A voadora ele ainda não sabe dar, mas a raspadinha no chão, sabe"



Erison é um dos pelo menos 6 milhões de brasileiros cujo nome do pai não consta na certidão de nascimento. E o perfil incansável e brigador que faz o atacante do Botafogo estar no topo da lista de artilheiros do Carioca também guia sua vida pessoal: em casa, ele se esforça para que o filho, Pietro Miguel, de três anos, não tenha uma infância como a dele, marcada pela ausência da figura de um pai.


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- Ele sempre me recebe muito bem em casa, sempre está me esperando. Quando eu chego em casa, ele já vem: "papai, papai". Sempre está comigo, jogando vídeo game, brincando. É a melhor pessoa da minha vida. Eu faço tudo por ele. Sempre vou protegê-lo, fazer de tudo por ele, o melhor pra ele e pela minha família - disse o atacante.



Erison chegou ao Botafogo no início de 2022 — Foto: Vitor Silva/BFR


Pietro Miguel completou três anos no dia em que o pai fez dois dos cinco gols do Botafogo contra o Volta Redonda, na segunda (7), pela 10ª rodada do Carioca. Ao chegar em casa, na Zona Oeste do Rio de Janeiro, Erison foi recepcionado com festa pela esposa, Isabele, e também pelo aniversariante. Depois da dupla comemoração no estilo "El Toro" no Nilton Santos, Erison viu Pietro Miguel reproduzindo os movimentos do pai:


- Ele vê os gols, sai correndo, gritando. Já ensinei pra ele a comemoração. A voadora ele ainda não sabe dar, mas a raspadinha no chão, sabe. Qualquer dia vou gravar e publicar no Instagram. É o "Toriño", fortinho também (risos).




Erison e o filho, Pietro Miguel, de três anos — Foto: Arquivo pessoal


Os gols, mais frequentes agora, demoraram até virarem o ganha pão de Erison. Nascido em Cosmópolis, no Interior de São Paulo, em 1999, foi reprovado em muitas peneiras. Tantas que ele diz ter até perdido as contas - times como Portuguesa, Novo Horizontino, Inter de Limeira, Primavera de Indaiatuba, Amparo, Mogi Mirim, Ponte Preta e Guarani integram a extensa lista de "nãos" recebidos pelo atacante.


Só em 2017 , aos 18 anos, foi aprovado no XV de Piracicaba, onde disputou a Copa São Paulo e o Paulistão sub-20. No Estadual, foi o artilheiro do time. A partir dali, as oportunidades no time principal e o primeiro contrato profissional chegaram. Assim, Erison se tornou jogador, depois de ter sido ajudante de pedreiro com o avô, de ter trabalhado colhendo laranja na roça e de ter distribuído folhetos na rua.


Em conversa com o ge, Erison se revelou simples e humilde, mesmo que a timidez e o nervosismo pela primeira entrevista exclusiva no Botafogo acuassem um pouco. O atacante estava de folga nesta terça (8) e, após quase três meses no Rio de Janeiro, iria pela primeira vez à praia na cidade.


A seguir, você confere o papo da nossa reportagem com o atacante do Botafogo:

Como recebe as brincadeiras da torcida e o apelido de "El Toro"?


- Eu sou tranquilo em muitas coisas. Isso é um carinho, eu acabo me abrindo com a torcida, com meus colegas. Quem não quer trabalhar feliz, né? Isso é importante para mim, para minha carreira, para o Botafogo. Acho que essa brincadeira faz parte, é saudável e eu aceito.


Parece que sua comemoração está fazendo sucesso... É verdade que teve até vídeo de criança imitando você?

- É verdade! O pai de uma criança me mandou um vídeo no Instagram, e eu achei muito bacana, muito lindo. É muito gratificante, me motiva ainda mais. (Assista abaixo)



Torcedor do Botafogo registra filho comemorando gol como Erison, "El Toro" (https://ge.globo.com/video/torcedor-do-botafogo-registra-filho-comemorando-gol-como-erison-el-toro-10370009.ghtml)



É sua primeira Série A... Espera apanhar menos?


- Não (risos). Faz parte do futebol. Na Série B eu apanhei muito, mas também "bati" bastante. Sou aquele atacante que gosta de perturbar a zaga. Não me falta raça também... O jogador que fica muito acomodado não consegue fazer muita coisa diferente, então às vezes tem que cutucar mesmo o zagueiro. Se eles "batem" na gente, têm que apanhar também, né?


Como gostaria de estar ao fim deste ano?


- Quero estar no Botafogo, vestindo essa grande camisa. Se Deus quiser, que a gente consiga a classificação para a Libertadores. A gente vai trabalhar e focar muito.


Você tem família em Cosmópolis ainda? Eles vêm visitar você?

Minha mãe e quatro irmãos moram lá. Tenho duas irmãs e dois irmãos que eu sempre convivi. Uns tempos atrás, descobri que eu tinha mais duas irmãs e um irmão, que são por parte de pai. Eu não tive meu pai presente. Aí eu descobri que tinha esses outros irmãos, então a gente tem contato hoje, procurei saber quem era para recuperar esse tempo perdido. Isso agrega muito na minha vida.


Agora todo mundo quer vir, né? Cidade maravilhosa, praia (risos).... Mas eu sempre fui um cara focado no trabalho e agora estou mais focado ainda.




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Fonte: GE/Por Renata de Medeiros — Rio de Janeiro

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