Zagueiro conta brincadeira dos colegas, que dizem que ele erra o passe no bobinho só para ficar no meio e afirma ter orgulho de si mesmo por jogar profissionalmente mesmo saindo do interior do Maranhão
Adryelson é um dos únicos jogadores de futebol profissional que saiu da pequena cidade de Barão de Grajaú, no interior do Maranhão, com menos de 20 mil habitantes. Orgulhoso de si mesmo e da trajetória que já construiu até aqui, o zagueiro de 24 anos já foi goleiro e até pivô no futsal quando garoto. O segredo para as sete partidas seguidas sem cometer faltas pode estar justamente em saber como um atacante se movimenta em campo.
Não que seja algo que o defensor tente evitar, mas apenas acontece. Além de ter sido atacante no futebol de salão quando menino, Adryelson também observa muitos vídeos dos adversários para ter uma noção do que fazem ou deixam de fazer. Outra forma que tem funcionado também é errar o passe na hora do bobinho para ter que ficar no centro da roda e marcar os colegas. Pelo menos é isso que brincam os companheiros.
- Não é evitar fazer falta, até porque se for pegar meus números dentro de campo eu disputo bastante bola, tiro bastante. Eu não evito fazer falta, é consequência dos jogos em que o juiz não dá uma falta ou outra mas eu não evito. Isso vem do meu trabalho no dia a dia. Às vezes os meninos até brincam comigo que eu prefiro errar um passe para ir no bobinho marcar. Graças a Deus estou esses sete jogos sem fazer falta e espero continuar.
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Eleito "Craque do Jogo", Adryelson parabeniza grupo, comemora troféu e vitória do Botafogo (https://ge.globo.com/futebol/video/eleito-craque-do-jogo-adryelson-parabeniza-grupo-comemora-trofeu-e-vitoria-do-botafogo-10975723.ghtml)
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O camisa 34 do Botafogo conversou com a reportagem do ge no Espaço Lonier após um dos treinos preparatórios para o jogo contra o Internacional. Zagueiro raiz, Adryelson joga com a camisa para dentro do calção e de chuteira preta por gosto. De acordo com ele, faz com que o adversário tenha mais respeito e ajuda entrar em campo mais confiante.
A idade ainda permite a ele sonhar na carreira. Com Thiago Silva e Sergio Ramos como principais referências, ele espera chegar tão alto quanto a impulsão de 58 centímetros (que o faz chegar a 2,4 metros de altura) permite. No mundo ideal, Adryelson em cinco anos se vê na seleção brasileira e disputando a Liga dos Campeões.
Fora de campo, o zagueiro também precisa acertar a hora do bote. Junto com Tchê Tchê e outros companheiros de Botafogo, gosta de jogar online e necessita ter a mira em dia para as partidas de tiro no videogame.
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Adryelson salta muito do chão para cabecear na vitória por 1 a 0 em cima do Goiás — Foto: Vitor Silva/Botafogo
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Para o jogo com o Internacional, na próxima rodada, Adryelson não deve ter a presença de Cuesta ao lado já que o Botafogo não pretende pagar R$ 1 milhão ao Inter, que emprestou o argentino naturalizado brasileiro. Apesar de não poder contar com o principal parceiro de zaga nos 10 jogos que tem, ele garante que o entrosamento com todos os companheiros é ótima, principalmente pelo diálogo que conseguem ter.
- A convivência é muito boa entre todos né? A gente tem esse elemento muito bom a gente está criando uma família né? Então o nosso dia a dia é muito importante porque isso agrega para o jogo né? No dia a dia a gente sempre conversa bastante. Não só eu com o Cuesta mas com Kanu, Sampaio, Carli. Essa comunicação é muito importante. Pra que a gente possa chegar no jogo e fazer um jogo bem comunicado sempre um com o outro. E isso é muito importante pra gente.
Com Adryelson como provável titular, o Botafogo enfrenta o vice-líder Internacional no domingo, às 18h (de Brasília), no Nilton Santos, pela 32ª rodada do Campeonato Brasileiro. O Bota é o nono, com 43 pontos e está a dois do oitavo colocado, América-MG.
Outros temas da conversa com Adryelson
Objetivo no Brasileirão
- O nosso objetivo é um só e estamos trabalhando pra que aconteça isso. O sonho não está tão distante de buscar uma Pré-Libertadores ou então a Libertadores. Isso é muito importante pra gente também e a gente vai trabalhar muito pra que isso aconteça. E espero dar muita alegria pros torcedores do Botafogo também.
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Poucos gols sofridos no segundo turno
- Creio mais que é parte da comunicação de campo um com o outro, um correndo pelo outro. Isso é bastante importante para que a gente não possa tome muitos gols. Vai do treino até o jogo. Estamos evoluindo cada vez mais nessa parte, trabalhando para não sofrer gol e para fazer também. Estamos juntando os dois e está vindo o resultado. Tanto que estamos ganhando e não sofrendo gol às vezes. Isso é fruto de muito trabalho.
Infância em Barão de Grajaú, interior do Maranhão
- Já jogava bola desde pequeno. Tinha uma quadra no meu bairro ou então jogava no meio da rua. Às vezes a gente juntava o pessoal do bairro, tinha um espaço quase do lado da minha casa, cada um pegava uma enxada, capinava o terreno e fazia um campinho de areia. A gente brincava até chegar em casa todo preto e sujo de areia (risos). A gente acordava e como a quadra estava meio abandonada, todo mundo limpava cedo - seis horas da manhã. Passava em casa, comia, voltava e ficava até às seis da noite.
Sensação ao olhar para a própria trajetória
- Eu sinto muito orgulho de mim. Sinto muito orgulho porque não é fácil sair da onde eu onde eu saí. Um jogador de Barão de Grajaú não é fácil. Agradeço muito a Deus pela oportunidade que ele me deu de estar representando a minha cidade e a minha família. Isso é muito gratificante. É muito gratificante chegar na cidade e ver o carinho do pessoal e dos molequinhos que se inspiram em mim. Não só em mim mas também em outros jogadores que não tiveram tanto tanta oportunidade quanto eu.
Chegada ao Botafogo
- Eu converso bastante com a minha esposa sobre isso, porque foi uma uma proposta muito rápida que apareceu, né? Estávamos de férias em meio à turbulência sobre o meu fim de contrato no Recife. Estávamos olhando apartamento, terreno, essas coisas e do nada apareceu a proposta do Botafogo. Sentamos, conversamos com os amigos mais próximos e os familiares. Oramos bastante sobre essa decisão que tinha que tomar rápido. E foi uma proposta muito boa. Para mim e para o clube também. E eu sou muito grato por terem vindo atrás de mim.
Carinho da torcida
- Agradeço pelo carinho que estão tendo comigo. Creio que isso é fruto do meu trabalho no dia a dia e do meu jogo após jogo, né? Venho criando uma identidade aqui no clube. Agradeço muito pelo carinho deles. Isso me dá mais motivação ainda para mostrar meu trabalho.
- Sou muito tranquilo com isso até porque não quero que isso interfira no meu trabalho no dia a dia para não deixar subir para a cabeça. Sou muito tranquilo sobre isso. Agradeço pelo carinho deles. Mas é continuar trabalhando e focado pra que a gente possa conseguir nossos objetivos.
Grupo sem vaidade
- Não tem rivalidade ali. A gente sempre conversa bastante. Sempre brincamos um com o outro. Mas isso (vaidade) não pode acontecer dentro de um grupo que é tão bom como o da gente. Isso jamais vai acontecer. Esse entrosamento que a gente tem aqui fora de campo é muito importante, sabe? Então, a cada dia, a cada treino a gente está mostrando isso e também levando pro jogo.
Trabalhar com Luís Castro
- Está sendo muito bom trabalhar com ele. Estou aprendendo a cada dia. A cada treino e a cada jogo estou aprendendo coisas novas com ele também. Está sendo muito importante para a minha carreira. Essa é a segunda vez que trabalho com treinador português. Os treinos são muito intensos mesmo. Ele está sempre orientando a gente, sempre falando dentro de campo, que é o mais importante, né? E estamos levando isso para dentro de campo também. Está sendo bem importante essa participação dele com a gente.
Expectativa para o jogo de domingo
- Espero que a gente possa estar lá com a torcida lotando o estádio e a gente fazer um grande jogo. Buscar esses três pontos que é muito importante para nós nesse momento. Espero carinho de toda nossa torcida no jogo de domingo.
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Por Davi Barros, Sergio Lobo e Sofia Miranda — Rio de Janeiro
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