Maior período de preparação coloca à prova escolhas e métodos das comissões técnicas
Trabalhos físicos são a prioridade nos trabalhos de pré-temporada (Ivan Storti/Santos FC)
A realização da Copa do Mundo entre os meses de novembro e dezembro provocou alterações nos calendários do futebol de todo o planeta. No Brasil, o encerramento precoce do Brasileirão permitiu aos clubes antecipar o retorno das férias e ter uma pré-temporada mais extensa, diferente de anos anteriores. O preparador físico Mateus Xavier, atualmente trabalhando em Portugal, explicou como esses dias a mais podem influenciar ao longo da temporada.
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- Eu costumo falar que são três pilares: conseguir ter os níveis de força ideais para corresponder ao jogo, que hoje em dia está muito físico, preparar minimamente o jogador a nível aeróbico, ou de resistência física, como chamamos e, principalmente, reduzir o risco de lesões durante a temporada.
Sobre esse último tópico, Mateus conta que uma série de estudos compõe uma base de dados mundial, indicando quais são as lesões de maior incidência no futebol e, portanto, são as prioridades nos treinos de pré-temporada: lesões nos músculos isquiotibiais (posterior da coxa), nos adutores (parte interna da coxa) e no LCA (ligamento cruzado anterior, na articulação do joelho).
Geralmente, treinamento de força, a popular musculação, é o método mais utilizado na prevenção dessas contusões. Entretanto, Mateus alerta que não há uma “receita de bolo” e cada comissão técnica pode adotar um procedimento diferente nos trabalhos de pré-temporada.
- Existem treinadores que são referência, como Guardiola e Mourinho, que trabalham as valências físicas dos atletas através de ‘mini jogos’, o futebol jogado. Esse método exige resistência aeróbia, que remete a continuidade, mas também a resistência anaeróbia, com picos de intensidade, ou sprints, alternados com momentos de trote. A escolha por um método depende da individualidade de cada staff.
Um clube que optou por modelo diferente de preparação foi o Palmeiras, dividindo os trabalhos em duas fases: a primeira com treinos à distância, em molde semelhante ao adotado durante a pandemia, e a segunda de maneira presencial, na Academia de Futebol. Mateus analisa essa escolha como uma tentativa de oferecer aos atletas um período maior de convivência com suas famílias sem prejuízo na preparação, tendo em vista que o Verdão é um dos grandes favoritos às competições que disputa e deve ter mais uma temporada desgastante no aspecto mental.
Abel Ferreira optou por iniciar a temporada de maneira remota (Foto: Fabio Menotti/Palmeiras/by Canon)
PLANEJAMENTO ESPECÍFIO PODE CONFERIR VANTAGENS
A última rodada do Brasileirão foi disputada no dia 13 de dezembro. Com mais 30 dias de férias previstos na lei trabalhista, a maioria dos principais clubes do país voltou aos trabalhos antes mesmo da final da Copa do Mundo, exceção feita ao Fluminense, que decidiu retornar apenas no dia 2 de janeiro, e ao Botafogo, que excursionou pela Inglaterra e também vai atrasar a representação de seu time principal.
Além dos retornos variados, o início dos estaduais também influenciaram no planejamento das equipes: o Cariocão e o Paulistão iniciam, respectivamente, nos dias 14 e 15 de janeiro – o Flamengo teve sua estreia antecipada para o dia 12 por conta do Mundial de Clubes; no Mineiro e no Gaúcho, a bola rola a partir do dia 21, ou seja, Atlético-MG e Internacional tem sete dias a mais de preparação em comparação a paulistas e cariocas. Essas pequenas diferenças podem conferir vantagem a curto prazo para alguns times, como explica Mateus.
- Se eu tiver uma semana ou uma semana e meia a mais de preparação, é perfeito. Eu consigo aumentar os níveis de força dos atletas e introduzir na mente deles minhas ideias de jogo. Isso cria uma vantagem inicial, mas se dilui ao longo da temporada, já que as equipes de grande porte disputam três competições ao mesmo tempo e acabam ganhando ritmo com a disputa.
Vale destacar ainda que a última rodada da segunda divisão foi disputada uma semana antes do fim da Série A. Dessa forma, Cruzeiro e Grêmio, clubes que retornaram da Série B, também têm uma semana a mais de preparação em comparação aos seus rivais locais. Com relação aos clubes paulistas e cariocas que já estavam na elite nacional, essa diferença chega a 15 dias.
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Fonte: LANCE/João Marcos/São Paulo (SP)
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