Após montar espinha dorsal com atletas mais experientes, clube busca jogadores de clubes menos conhecidos da América do Sul
O Botafogo mostra uma nova faceta nesta janela de transferências. Marcado por contratar jogadores mais cascudos e com experiência no futebol europeu desde que virou SAF, o clube mudou nos últimos meses: o foco passou a jovens que se destacam em centros não tão procurados da América do Sul.
Veja todos os gols de Valetin Adamo, possível reforço do Botafogo, no Uruguai (https://ge.globo.com/video/veja-todos-os-gols-de-valetin-adamo-possivel-reforco-do-botafogo-no-uruguai-11829904.ghtml)
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São os casos de Matías Segovia, contratado após se destacar na Libertadores sub-20 pelo Guaraní, e, principalmente, o atacante Valentín Adamo, artilheiro da segunda divisão do Campeonato Uruguaio pelo Progreso, o caso mais recente da lista. Além deles, os uruguaios Mateo Ponte, ex-Danubio, e Diego Hernández, ex-Montevideo Wanderers, foram outros jovens contratados.
A intenção é, além do esperado retorno técnico, pegar os jogadores enquanto eles ainda estão em baixa - no sentido de clubes de menor expressão do continente -, valorizar dentro de campo, ter retorno técnico e fazer dinheiro com vendas no futuro. É o plano de ganhar dentro e fora de campo. Na Europa, um caso marcante de equipe que executa essa estratégia com precisão é o Brighton.
A modesta equipe na Costa Sul da Inglaterra subiu para a Premier League na temporada 2017/18 e sofreu na luta contra o rebaixamento nos dois anos seguintes. A mentalidade do clube em relação aos reforços mudou quando o treinador Graham Potter foi contratado em 2019. Com ele, o diretor de futebol Paul Barber teve mais participação nas contratações e começou a se estruturar a partir de estatísticas e uma nova equipe de scouting na busca por reforços.
Matías Segovia é um dos xodós da torcida do Botafogo — Foto: Vítor Silva/Botafogo
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O clube passou a explorar o mercado sul-americano e buscou jovens jogadores em mercados alternativos da Europa. Tudo tinha a anuência da equipe de scout e também de Potter, o treinador. O resultado? O Brighton é, hoje, um dos modelos-padrão de gestão do futebol europeu e tem casos marcantes de compras e revendas de jogadores desde então.
Compras e vendas do Brighton nos últimos anos
Dan Burn: comprado por 3 milhões de libras junto ao Wigan em 2018 e vendido por 13 milhões ao Newcastle em 2022
Yves Bissouma: comprado por 15 milhões junto ao Lille em 2018 e vendido por 25 milhões ao Tottenham em 2022
Alexis Mac Allister: comprado por 8 milhões junto ao Argentinos Juniors em 2019 e vendido por 45 milhões ao Liverpool em 2023
Leandro Trossard: comprado por 18 milhões junto ao Genk em 2019 e vendido por 27 milhões ao Arsenal em 2023
Marc Cucurella: comprado por 15 milhões junto ao Getafe em 2021 e vendido por 63 milhões ao Chelsea em 2022
Mac Allister é o novo camisa 10 do Liverpool — Foto: Reprodução
Nesses casos, o Brighton investiu 59 milhões de libras e teve um retorno de 173 milhões - quase 200% de lucro. A tendência é que a lista aumente: Moisés Caicedo, adquirido por 4,5 milhões do Independiente del Valle em 2020, atrai forte interesse do Chelsea, que já realizou uma oferta de 80 milhões - o Brighton diz que libera a partir de 100 milhões de libras.
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O 'novo' Botafogo
O Botafogo só trouxe dois jogadores com menos de 23 anos para o time principal no ano passado a partir da era-SAF: Patrick de Paula, na primeira janela, e Luís Henrique, na segunda. A intenção da diretoria era, antes de tudo, montar uma espinha dorsal de confiança.
Por isso, a intenção foi optar por jogadores mais experientes. A maior parte dos atletas contratados no ano passado tem mais de 28 anos.
Com a espinha dorsal do elenco definida, a diretoria mudou o foco. É hora de (tentar) fazer dinheiro e pensar no futuro. Os jovens viraram prioridade. O primeiro foi Matías Segovia, acompanhado por Alessandro Brito, head scout do clube, em torneios de base desde os 11 anos. Internamente, acredita-se que o valor de mercado de Segovinha já dobrou em relação ao que o clube pagou.
Os novos gringos do Botafogo: Mateo Ponte, Diego Hernández, Matías Segovia e Valentín Adamo — Foto: Infoesporte
Os investimentos do Botafogo:
Matías Segovia (20 anos): R$ 7,5 milhões (1,5 milhões de dólares) do Guaraní-PAR
Diego Hernández (23) : R$ 12,6 milhões (2,5 milhões de dólares) do Montevideo Wanderers
Mateo Ponte (20): R$ 9,5 milhões (2 milhões de dólares) do Danubio
Valentín Adamo (21): R$ 1,5 milhões (500 mil dólares) do River Plate-URU
Janderson (23*): R$ 150 mil do Bahia de Feira (veio inicialmente para o time B, mas agradou e subiu para o principal)
* Quando foi contratado pelo clube
Diego Hernández e Mateo Ponte também foram acompanhados de perto. O primeiro, com um scout praticamente "exclusivo" durante o Apertura, a primeira parte do Campeonato Uruguaio; o segundo, com um dos olheiros no clube na Copa do Mundo Sub-20, disputada em julho na Argentina, vencida justamente pela Celeste.
Essa é a consequência de um Botafogo que vive cada vez mais investimentos na equipe de scout e captação de atletas, partes que são vistas como prioridade por John Textor desde adquiriu a SAF.
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Fonte: ge/Por Sergio Santana — Rio de Janeiro
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