Espanhol é um dos nomes considerados por John Textor para assumir Alvinegro; conversas estão em estágio inicial
Quique Setién é viciado em xadrez desde jovem. O treinador de 65 anos tenta trazer algumas das táticas do tabuleiro para dentro das quatro linhas, onde os times que treinam sempre tiveram a valorização da posse de bola e um jogo horizontal como virtudes. O espanhol, que sofreu goleada histórica e brigou com Messi nos tempos de Barcelona, é um dos nomes cotados por John Textor para assumir o Botafogo.
Dono do Botafogo, John Textor viraliza na França bebendo cerveja com a torcida do Lyon (https://ge.globo.com/video/dono-do-botafogo-john-textor-viraliza-na-franca-bebendo-cerveja-com-a-torcida-do-lyon-12462396.ghtml)
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As negociações ainda estão em estágio inicial. O norte-americano tem outros nomes em mente, mas gosta do espanhol justamente pelo estilo de jogo ofensivo. A situação pode evoluir nos próximos dias, mas o executivo ainda avalia demais opções para substituir Tiago Nunes.
Como jogador, Setién foi um volante com boas passagens por Racing Santander e Atlético de Madrid nos anos 1980. Ele foi convocado para a Copa do Mundo de 1986, mas não saiu do banco durante a campanha da Espanha, que caiu nas quartas para a Bélgica.
A carreira de treinador de Quique começou ainda quando ele entrava em campo para atuar dentro das quatro linhas. Em uma postagem no X (antigo Twitter), o espanhol escreveu que "Eu sentia que se podia jogar melhor o futebol, mas não sabia como até Johan (Cruyff) nos mostrar".
- É o futebol que me completa. Quando Luka Modric vem, aperta minha mão, me dá sua camisa e diz que minha equipe joga bem ou quando um colega diz "caramba, seu time joga muito"... Quando isso acontece, vou para casa feliz. Isso é quando minha real satisfação vem, mais do que uma derrota ou vitória. Eu quero vencer também, mas quero vencer por uma série de mecanismos e por uma interpretação de que o futebol é diferente. Eu entendo o futebol a partir da bola - afirmou Setién em entrevista à "ESPN" em 2017.
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Trabalhos de destaque
Após passagens por clubes de menor expressão na Espanha, Quique Setién apareceu para o país no Las Palmas, em 2015/16. Os Canários, que haviam subido da segunda divisão, apostaram no treinador para guiar o time, que tinha um dos menores investimentos da elite, para fugir do rebaixamento.
Mesmo sem um plantel de nomes conhecidos, o Las Palmas jogava com posse de bola e valorizando passes - o time teve média de 54,6% de posse de bola sobre o adversário por partida, a quinta maior da La Liga. O resultado? Um confortável 11º lugar, longe do Z3. Na temporada seguinte, os números de passes e volume de posse da equipe aumentaram e o time passou longe da degola novamente.
O trabalho chamou a atenção do Real Betis, um time de maior peso no país. Foram duas temporadas no clube: na primeira, a 6ª colocação no Campeonato Espanhol, se classificando à Liga Europa do ano seguinte. Na segunda, o time parou nas semifinais da Copa do Rei. Em ambas, o time alviverde ficou no top-3 nas médias de posse de bola e passes certos por jogo na La Liga, atrás apenas de Barcelona e Real Madrid.
Quique Setién — Foto: UEFA - Handout/UEFA via Getty Images
Barcelona
Com a demissão de Ernesto Valverde, Quique Setién fora o escolhido para comandar o Barcelona em janeiro de 2020. À época, jornais espanhóis destacavam e elogiavam a escolha, pois o treinador "se aproximava do estilo e DNA do clube".
O que se viu, porém, foi totalmente o oposto. Apesar do treinador continuar com o estilo de focar o jogo de passes curtos, não houve resultado dentro de campo. O time perdeu o Campeonato Espanhol - um revés por 2 a 0 para o Real Madrid, no Santiago Bernabéu, foi a partida-chave da campanha - e fora eliminado as quartas de final da Copa do Rei pelo Athletic Bilbao.
O maior prejuízo veio na Liga dos Campeões: lembra da derrota por 8 a 2 para o Bayern? Por causa da pandemia, boa parte do mata-mata foi concentrado em Portugal, em jogos de via única. Em Lisboa, o Barcelona de Setién levou aquela que é considerada uma das derrotas mais humilhantes da história do clube. O treinador foi demitido dias depois.
Messi e Quique Setién durante Barcelona x Atlético de Madrid — Foto: Reuters
Briga com Messi e vestiário difícil
Setién foi alvo de críticas até de Lionel Messi, marcado por um perfil mais quieto, após a goleada por causa do método do trabalho. Na primeira entrevista que deu após a demissão, três meses depois, o treinador falou da relação com o camisa 10.
- É verdade que existem jogadores que são difíceis de controlar, entre eles Messi, é verdade. Mas devemos também ter em mente que ele é o melhor jogador de futebol de todos os tempos. E quem sou eu para mudá-lo? Se o aceitaram durante anos como ele é e não o mudaram... À sua maneira, ele é generoso. O problema é que a perspectiva de dentro às vezes nos engana. A realidade de que os jogadores vivem não é a realidade de outros. Para eles, e para muitas pessoas, a única coisa que importa é ganhar - afirmou ao "El País".
O espanhol voltou a trabalhar mais de um ano depois, em setembro de 2022, no comando do Villarreal. Com o Submarino Amarelo, fez uma boa campanha no nacional, terminando em 5º. Novamente, um time comandado por Setién ficou no top-3 no ranking de maiores médias de posse de bola por partida, atrás só de Barcelona e Real Madrid.
Se tudo se desenhava para um trabalho promissor após a goleada ainda nos tempos de Barcelona, Setién foi demitido nesta temporada após apenas quatro jogos. De acordo com o "Marca", o treinador teve dificuldade de relacionamento com líderes do elenco, que reclamavam de mudanças de posicionamento que o comandante inseriu na equipe.
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Por Sergio Santana — Rio de Janeiro
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