Artilheiros de Vasco e Botafogo vivem momentos parecidos na carreira
Ele é o artilheiro do time. Também cabe a ele ficar perto da área e ser
a referência do ataque. Porém, ultimamente tem sofrido com uma das formas mais
fáceis de se fazer um gol: de pênalti. Com a bola na marca da cal, foram muitos
erros recentemente, embora no passado passasse segurança a seus torcedores
nesse fundamento. Essa descrição cabe tanto a Alecsandro, do Vasco, como a Loco Abreu, do Botafogo, adversários deste domingo, na final da Taça Rio.
Com 12 gols, o atacante cruz-maltino divide a artilharia do Carioca com
Somália, do Boavista. Loco Abreu tem nove e compartilha a terceira posição com
o colega de equipe Herrera. Mas os números poderiam ser melhores não fossem os
pênaltis desperdiçados. Alecsandro perdeu três seguidos, sendo um deles pelo
Estadual (contra o Resende) e dois pela Libertadores (contra o Alianza
Lima-PER). Já o uruguaio falhou em seis dos últimos sete tentados . Três foram em jogos da fase de classificação do Carioca (contra
Resende, Bangu e Boavista), dois em disputas de pênaltis (contra o Fluminense,
na semifinal da Taça Guanabara, e contra o Treze-PB, na primeira fase da Copa
do Brasil) e um no Brasileiro do ano passado (contra o Atlético-MG). A postura
de ambos em relação a isso, entretanto, é diferente.
Alecsandro decidiu ‘dar um tempo’ nas cobranças, como ele mesmo definiu.
Abriu mão do posto de cobrador oficial. Nos treinos, porém, costuma cobrar
alguns após as atividades. No dia em que Cristóvão pede para que todos
exercitem esse fundamento, é o que mais se dedica, como antes da
semifinal da Taça Rio, contra o Flamengo. O técnico definiu que Diego Souza
terá a missão de bater as penalidades, mas o meia divide o posto com Felipe e
Fagner.
Loco Abreu e Alecsandro vivem momentos parecidos (Foto: Editoria de Arte / Globoesporte.com) |
- Eu determino quem pode bater em cada jogo, e quem estiver melhor bate.
No jogo contra o Flamengo, Diego Souza e Felipe eram os jogadores que eu havia
indicado. O Felipe se sentiu bem e pediu para cobrar. Por isso, ele bateu -
explicou o técnico Cristóvão Borges.
Em General Severiano, mesmo com os seguidos pênaltis perdidos, Oswaldo
de Oliveira continuou liberando Loco Abreu para cobrar. Porém, o treinador já
avisou que isso pode mudar. Contra o Boavista, no último jogo da primeira fase,
ele permitiu que o uruguaio cobrasse porque o time já estava classificado.
Contra o Bangu, na semifinal da Taça Rio, a partida estava tranquila, e Loco já
havia marcado três gols. Mas os erros em série do uruguaio levaram Oswaldo a
garantir que outro atleta deve assumir a responsabilidade numa próxima
oportunidade. Andrezinho e Herrera, se estiver em campo, são os principais
candidatos.
- Sempre bati pênalti, estou acostumado, mas é uma decisão do treinador.
Se houver mesmo essa mudança, estou preparado. Até pedi a bola ao Loco (contra
o Bangu), mas ele estava confiante. Ele se cobra muito, e pênalti é mais
psicológico do que qualquer coisa. Nem adianta treinar tanto. Claro que vale o
jogador saber bater bem na bola, aumenta a possibilidade. Mas acho que a
insistência dele é porque ele é forte nesse aspecto da cabeça. E quer superar
logo esse momento - afirmou Andrezinho .
Oswaldo vai fazer esta semana o que já virou hábito em seus treinos. As cobranças de pênalti serão fechadas à imprensa - para que não se divulgue como cada atleta decidiu chutar - e vão seguir um ritual como o de um jogo oficial. Os jogadores ficam no centro do campo e caminham até a marca da cal, onde esperam o apito do "juiz". Cada um bate apenas um, para evitar o desgaste. No Vasco, os jornalistas podem assistir ao treino, mas pede-se que as câmeras sejam desligadas. Cada atleta treina até achar que deve parar, sob o olhar do técnico Cristóvão Borges. Alecsandro, por exemplo, treinou 19 cobranças antes da semifinal contra o Fla.
Respeito com
artilheiros
Outra semelhança entre Alecsandro e Loco Abreu é o fato de ambos ainda
inspirarem muito respeito nos advesários mesmo quando o assunto é a falta de
eficiência na cobrança de pênaltis. Tanto em São Januário quanto em General
Severiano há a certeza de que os artilheiros podem decidir o título para suas
equipes. Gols em jogos decisivos são suas especialidades. Final da Copa do
Brasil e semifinal e final de turno da competição regional já viram um desfile
de seus gols.
- Para mim, pênalti é mais do que bater na bola, pênalti é fator
psicológico. Pode treinar e acertar todas as cobranças, mas no jogo errar.
Nunca joguei com Loco. Não o conheço, mas pelo que vejo tem personalidade,
tanto que continuou cobrando. É lógico que qualquer pessoa fica abalada com
essa situação. Mas ele é um bom jogador e temos que ter cuidado - analisou o
goleiro Fernando Prass.
- Não podemos achar que vai ser como naquele 3 a 1 (vitória do Botafogo
na Taça Guanabara). O Vasco tem muitas qualidades, principalmente ofensivas, e
vai vir diferente. Felipe, com quem joguei no Flamengo, tem um passe decisivo,
todos conhecem, e Alecsandro está marcando muitos gols. O clima é diferente e
precisamos nos precaver - afirmou Andrezinho.
O jogo decisivo entre Vasco e Botafogo será disputado no próximo
domingo, no Engenhão, a partir das 16h (horário de Brasília). Quem triunfar,
pega o Fluminense pelo título estadual.
Por André Casado e Thiago FernandesRio de
Janeiro
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