A invencibilidade do Botafogo de Oswaldo de Oliveira na temporada precisava ser testada em um jogo grande, decisivo. Os clássicos ao longo das fases de grupos do estadual e mesmo a semifinal da Taça Guanabara, com derrota nos pênaltis, pouco serviram para medir a força do alvinegro.
Enfim, a final da Taça Rio contra o Vasco. Não o time misto e concentrado na Libertadores que levou três gols de Fellype Gabriel no returno, mas a equipe sólida e motivada pela vitória sobre o arquirrival Flamengo na semifinal.
A resposta do Bota aos questionamentos sobre o potencial do time foi a melhor atuação no ano. Simplicidade, eficiência e soluções para antigos problemas, anteriores à chegada de Oswaldo.
O time foi compacto no 4-2-3-1, sem os buracos que separavam a defesa e Marcelo Mattos de Renato, volante que é quase um meia, e o quarteto ofensivo. O treinador, mais uma vez, deve agradecer e exaltar um dos jogadores mais inteligentes do país: Fellype Gabriel recuou para cumprir as funções do lesionado Renato e preencheu o espaço entre as intermediárias com posicionamento e movimentação perfeitos.
Fez mais: marcou Felipe, qualificou a saída de bola com passe certo e ainda apareceu na frente como um quarto meia, formando com Márcio Azevedo e Maicosuel um trio voou pela esquerda, aproveitou a tarde profundamente infeliz do vascaíno Fágner e construiu dois dos três gols.
Dois deles de Loco Abreu, o atacante único que foi beneficiado pela boa atuação coletiva e incomodou a lenta e frágil dupla de zaga adversária. O Botafogo conseguiu o que tentava há tempos: alternar velocidade e bola aérea confundindo a marcação.
O uruguaio fazia o pivô pelo centro com bola rasteira acionando o trio (ou quarteto) de meias e o lateral que descia – mais Márcio Azevedo que Lucas, atento a Diego Souza. Elkeson revezava com Andrezinho à direita e pelo centro e dava profundidade às ações ofensivas com Maicosuel, um azougue para cima de Fágner e autor do terceiro gol em bela conclusão.
Com a ajuda da esperta (e bela) gandula do Engenhão, a reposição rápida para Azevedo encontrar Abreu livre na pequena área para abrir o placar. Na cobrança de falta de Elkeson, a eficiência de uma jogada bem conhecida: centro alto para Fábio Ferreira escorar e Loco completar. Costuma funcionar também com Antonio Carlos. Sem segredos.
O 4-2-3-1 do Bota ganhou força no meio com Fellype Gabriel marcando e jogando. Na frente, velocidade e centros para Abreu; Vasco no 4-3-3 com problemas pela direita e Felipe bem marcado. |
Além do miolo de zaga e de Fágner, Alecsandro, Feltri, Fellipe Bastos, Felipe e Diego Souza estiveram muito abaixo da produção nos melhores momentos do time no ano. Rômulo lutou, como sempre, e Éder Luís correu demais. Mas falhou nas conclusões.
A reação no final – com Carlos Alberto, novamente muito bem e marcando o gol “de honra”, Juninho e Allan nas vagas de Fágner, Alecsandro e Felipe – foi muito mais em função do cansaço alvinegro e da inexperiência dos volantes Gabriel e Jadson, substitutos de Andrezinho e Fellype Gabriel, no combate e na retenção da bola no meio-campo. Herrera, que entrou no lugar de Maicosuel, Abreu e Elkeson ficavam à frente, com o Bota praticamente num 4-3-3 que sofreu com a pressão do oponente.
No final, Bota no 4-3-3 teve problemas para reter a bola no meio e conter a pressão vascaína comandada por Carlos Alberto. |
Mas a combinação da base mantida com quem chegou em 2012 deu liga e começa a apresentar consistência em resultados e desempenho. O Bota faz o simples bem feito e, por isso, merece atenção e respeito.
Por André Rocha/GE
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Seu comentário é sempre bem vindo. Participe com suas opiniões!