Jovem de 19 anos é o principal destaque do time de juniores e revela que amizade com camisa 1 do Botafogo será importante para vencer na carreira
Aos 30 anos, Jefferson tem uma carreira vencedora. Foram títulos, várias convocações para a seleção brasileira e uma grande identificação com a torcida do Botafogo. Tudo isso faz com que os olhos do jovem goleiro Andrey, de 19 anos, brilhem. Um espelho e tanto para quem é o principal jogador do time de juniores e está apenas começando no profissional do Alvinegro.
Andrey e Jefferson, reserva e titular se admiram e são amigos fora do clube (Foto: Globoesporte.com) |
Em tão pouco tempo, o novato Andrey já mostrou qualidade para um dia, quem sabe, ocupar o posto do ídolo no gol do Botafogo. Ele é o principal jogador do time sub-20 e inclusive foi convocado recentemente para a seleção da categoria. Curiosamente, o fã e o ídolo, que hoje são companheiros de trabalho, tem muitas semelhanças. Além de fisicamente se passarem facilmente como irmãos, os dois são capitães e pegadores de pênaltis.
Nos últimos dois jogos na Taça Guanabara de juniores, Andrey defendeu três cobranças. Foram dois na semifinal contra o Flamengo, no empate em 1 a 1, e um na derrota na decisão por 1 a 0 para o Fluminense. Já Jefferson teve seu maior brilho em 2010, quando defendeu o pênalti de Adriano na final da Taça Rio na vitória por 2 a 1, que deu o título carioca ao Alvinegro.
- Quando cheguei era chato mesmo, queria saber de tudo (risos). Tinha o Jefferson como um grande ídolo e ficava até impressionado. Eu quero chegar onde ele chegou. Um homem digno, batalhador e um goleiro de Seleção brigando para disputar a Copa do Mundo. Torço muito para ele ir para a Copa - disse Andrey.
Eu quero chegar onde ele chegou. Um homem digno, batalhador e um goleiro de Seleção brigando para disputar a Copa do Mundo. Torço muito para ele ir para a Copa"
Andrey, sobre Jefferson
Goleiros do Botafogo com preparador em um churrasco (Foto: Divulgação / Arquivo Pessoal) |
- Eu estava decendo a escada e ele subindo. Depois eu parei e vi que era o Jefferson. Voltei e falei com ele que estava chegando, fiquei meio sem graça de falar com ele. Fiquei três meses parado e comecei a trabalhar de servente de pedreiro e não queria mais saber de futebol. O Christiano, treinador de goleiros da base com quem trabalhei no Fluminense, foi a única pessoa que pensou em mim e fez muito para me ajudar - lembrou Andrey.
Jefferson recordou do primeiro encontro e lembrou do recado da mãe do Andrey, dona Dulcenea, que pediu para que o goleiro cuidasse do jovem. O camisa 1 alvinegro rasgou elogios a Andrey e garante que faz o máximo para ajudá-lo:
- Estava alí embaixo, no Jurídico, e chegou o Andrey e a mãe dele. Aí ele me parou e falou que era goleiro e estava vindo para o Botafogo. Desejei sorte e a mãe dele até brincou comigo pedindo para eu cuidar dele (risos). De potencial não preciso falar nada. É um dom que Deus deu para ele. Ele já não é mais uma promessa, já é uma realidade. Se mantiver os pés no chão, tem tudo para brilhar. Ele é o cara dos juniores.
'Família' de goleiros
Curiosamente os quatro goleiros do elenco principal são amigos e fazem programas quase sempre juntos. A disputa por posição existe, mas é deixada de lado quando o trabalho termina. Jefferson revelou que os programas fora de campo entre a 'família' dos goleiros são dos mais diversos. Churrascos, paintball e encontros dos mais
variados:
Flavio Tenius e os quatro goleiros alvinegros com a Taça GB (Foto: Divulgação / Arquivo Pessoal) |
Andrey já foi batedor de faltas
Umas das particularidades de Andrey é que ele já foi batedor de faltas nos juniores. Em uma vitória na Copa São Paulo de Juniores, em 2012, ele bateu uma falta no fim da partida, quando o time vencia por 4 a 2, e acertou o travessão. Porém, um pênalti perdido por ele, na decisão do Taça Octavio Pinto Guimarães (OPG) do ano passado contra o Flamengo (o tempo normal terminou 3 a 2 para o Rubro-Negro), desanimou o jovem a seguir arriscando.
- Gostar de bater falta todo goleiro gosta, o negócio é saber bater falta. Foi meio que uma arma que o Duda, dos juniores, usava, porque o meu chute era muito forte. Eu fiquei abalado na OPG, no momento decisivo eu perdi. Eu vinha muito confiante, nunca tinha perdido. Sempre batia e era sempre nos momentos decisivos. Aconteceu isso e dei uma segurada. Já é difícil agarrar, e se você se preocupar com duas coisas, é mais difícil.
Recordação da primeira vez na Seleção
Se Jefferson já teve a experiência de defender a Seleção algumas vezes, Andrey foi convocado pela primeira vez no fim do ano passado, na véspera do Sul-Americano sub-20, disputado na Argentina. Porém, ele não participou da competição, mas a sensação de defender o país o deixou emocionado:
- Tinha o sonho de ir há muito tempo. Todas as vezes que eu abria o site para ver, eu ficava abatido. Foi coisa de louco. O Christiano (preparador de goleiros) chegou para mim e falou que eu tinha sido convocado. Eu cheio de fome para tomar café, ele foi falando e a fome foi passando (risos). Peguei duas bananas, um copo de água e me tranquei no quarto. Chorei muito e rezei - lembrou.
A primeira vez de Jefferson na seleção sub-20 já foi mais descontraída. Ele lembrou que no dia que recebeu a notícia, o ex-atacante Oséias combinou com ele para pegar um pênalti no treinamento:
- Tinha 17 anos e foi em 2000. Lembro que eu estava no treino, aí o Oséias era muito palhaço e o treinador da sub-20 estava lá. Ele ficava brincando comigo e falava: "Eu vou bater o pênalti no canto direito e você pula lá. Pega lá". (risos). Cada defesa que eu fazia, o Oséias vibrava. Foi muito engraçado - recordou Jefferson.
Raphael Bózeo, sob a coordenação de Fabio Leme
Por GLOBOESPORTE.COM (*)Rio de Janeiro
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