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segunda-feira, 8 de abril de 2013

Comissão faz vistoria no Engenhão e quer vetar verba pública na reforma


Deputados federais relatam problemas no estádio depois de visita ao lado de presidente do Crea e representantes do Botafogo



A prefeitura do Rio ainda não sabe como e quando vai resolver o problema da cobertura do Engenhão. Mas, se depender da Comissão de Legado da Copa do Mundo e das Olimpíadas da Câmara dos Deputados, há uma certeza: não haverá emprego de dinheiro público nas obras. Integrantes da comissão visitaram o estádio nesta segunda-feira e se reuniram com o presidente do Crea (Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia), Agostinho Guerreiro, e o gerente executivo do Botafogo, Sérgio Landau, para entender os problemas ocorridos no local e buscar opções para resolução.

Comissão faz vistoria no Engenhão na tarde desta segunda-feira (Foto: Fernando Rabelo)
O Botafogo não autorizou o acesso dos jornalistas à vistoria, alegando que o clube ainda não recebeu qualquer laudo explicando os motivos da interdição do Engenhão. Estiveram no estádio os deputados federais Alessandro Molon, Arolde de Oliveira, Lilian Sá e Marcelo Mattos. Ao fim do encontro, eles falaram com os repórteres na porta do estádio. Molon, que é presidente da comissão, afirmou que o grupo vai lutar para impedir o uso de dinheiro público.

- Vamos requisitar todas as informações necessárias, todos os laudos, e tornar isso público, porque é importante a população saber disso. Vamos pedir para que os responsáveis respondam pelos erros cometidos e pelo mau uso do dinheiro público. Numa obra que custou quatro vezes o valor previsto, é inaceitável que o dinheiro para consertar seja novamente público. É necessário que quem é responsável responda. Se foi um erro de projeto, responda quem fez o projeto. Se for um erro de execução, quem a fez. E sobretudo as empresas que entregaram a obra. Alguém tem que responder por isso. O que não pode é mais uma vez a população pagar a conta - disse Molon.

Se foi um erro de projeto, responda quem fez o projeto. Se for um erro de execução, quem a fez. E sobretudo as empresas que entregaram a obra. Alguém tem que responder por isso. O que não pode é mais uma vez a população pagar a conta"
Alessandro Molon

Além disso, Molon relatou alguns problemas que o estádio enfrenta desde a inauguração, em 2007. O deputado revelou que ficou impressionado com a ausência de uma comunicação oficial ao Botafogo até o momento. Segundo ele, a diretoria recebeu apenas informações em conversas informais.

- Na reunião, houve um relato do histórico de problemas no Engenhão. São de duas ordens, que atrapalham o funcionamento desde o início do estádio. Na energia elétrica, há problemas no suprimento elétrico, geradores que não funcionam, baterias inadequadas, problemas com infiltração de água e no suprimento de água para os andares superiores nos dias de jogo. Não é possível dizer em que ponto está o problema. E a segunda é um problema estrutural na cobertura do estádio. A cobertura teria se deslocado 50% desde a inauguração. Um vento de 63 quilômetros por hora colocaria em risco a estrutura e pode até desabar. O Botafogo tem recebido apenas informações verbais, não tem laudo.

Engenheiros responsáveis podem ter registro cassado

Deputado Molon (em primeiro plano) observa maquete do estádio (Foto: Fernando Rabelo)
Segundo o presidente do Crea, Agostinho Guerreiro, se for comprovado que houve má-fé dos engenheiros responsáveis pelas obras do Engenhão, os mesmos poderão ter o registro no orgão cassado. Ele informou ainda que a instituição não tem poderes para exigir uma documentação da prefeitura sobre o caso e nem da concessionária responsável pela interdição.

- Se da parte dos profissionais e empresas envolvidas ficar comprovado que houve leniência ou algum comportamento que fere a ética, certamente o Crea entrará com um processo para a perda do registro. Se ficar comprovado, será punido. A lei é madrasta com o Crea, não podemos fazer nada que se relacione com obras, só com o profissional envolvido. Isso já foi feito e fizemos o que deve ser feito. Nos dá a tarefa de fiscalizar, mas não temos o poder de exigir que os poderes públicos nos enviem projetos.

Inaugurado em 2007 para o Pan do Rio de Janeiro, o Engenhão custou cerca de R$ 380 milhões ao cofres públicos.

* Texto de Raphael Bózeo, estagiário, sob a supervisão de Luciano Mello/GE

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