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sábado, 23 de agosto de 2014

Após tensão, Mancini vê equipe mais leve e diz: "Era fundamental vencer"


Técnico não se empolga com rendimento, principalmente no segundo tempo, mas lembra importância de bom fim de turno e destaca evolução de Ramirez, autor do gol




O técnico Vágner Mancini não escondeu o enorme alívio pela vitória conquistada na noite deste sábado. Novamente próximo da zona de rebaixamento, o Botafogo estava a perigo após a derrota no meio da semana. Mas o 1 a 0 sobre a Chapecoense foi o suficiente para dar um pouco mais tranquilidade na caminhada pela evolução do time. Em suas primeiras palavras, o comandante não fez elogios à atuação e admitiu falhas, principalmente no segundo tempo, mas citou a importância de virar bem o turno.

- Sabíamos que era fundamental vencer. Não só pelos pontos, mas também para se afastar da zona debaixo, e também pelo ambiente. Seria importante ter uma sequência de vitórias para ter uma segunda etapa de campeonato melhor, mesmo não sendo ainda segundo turno. Com um time mais equilibrado, que teve pressão fora de campo. Estou satisfeito de ver o time estar mais leve. Fizemos dois tempos distintos, mas merecemos vencer o jogo pelo que mostramos nos 90 minutos - avaliou Mancini.

Autor do gol, o peruano Ramírez caiu nas graças do treinador e assumiu a vaga de Carlos Alberto, que está mais uma vez machucado e perde cada vez mais espaço.

- O Ramírez chegou e fez o quarto jogo. Está em evolução constante. Não tínhamos um atleta com esse estilo. Ele é um organizador, pisa na bola e as vezes até para quebrar esse jogo frenético que fazemos. Está subindo no conceito de todos: treinador, torcida e imprensa, demonstrando que pode ajudar muito a equipe.

Na próxima rodada, o Glorioso encara o Santos, sábado, também no Maracanã. Antes, recebe no mesmo palco o Ceará, quarta-feira, pelas oitavas de final da Copa do Brasil.

Confira os outros trechos da entrevista coletiva:

MUDANÇA DE POSTURA NOS DOIS TEMPOS

A partir dos 25 minutos finais, sim. O time estava tenso pela necessidade de vencer. Fizemos um belo primeiro tempo, com velocidade e troca de passes, que era fundamental para ter hoje contra a Chapecoense, fechada. Tivemos várias chances. Voltamos bem até os 15 minutos do segundo tempo. Após a saída do Daniel houve uma queda. Ele estava bem e o time passou a dar muito espaço no meio de campo. O técnico da Chapecoense recuou o Zezinho, e nós fomos empurrados para trás. Depois das substituições melhoramos, mas ficamos devendo no segundo tempo. Teríamos de ter uma postura mais ofensiva para fazer o segundo gol e finalizar o jogo.

SEGURAR RESULTADO FOI MÉRITO
Se olharmos por outro ângulo, o time passou bem e segurou o resultado, apesar da diferença de atuação nos dois tempos. A Chapecoense lançou bolas na área e fomos bem. Sempre que você é testado e passa, é porque os atletas têm merecimento.

TORCIDA E JOGAR NO MARACANÃ

Será sempre sensacional. Não só pelo estádio belo que é, e também pela história do Botafogo. Sinto o time mais seguro. A presença do público tem de ser exaltada. A torcida fez um belo espetáculo, lotou a parte de trás do estádio e deu demonstração grande de carinho. Agradeço em nome de todos do grupo. Claro que isso repercute de forma positiva em campo. O jogador se sente mais seguro, porque tem o apoio do torcedor.

SIDNEY E ANDRE BAHIA

O Bahia vem muito firme e seguro. Ele está em igualdade de condições com Bolivar e Dória. Temos outros jogadores também. Nenhum atleta deve se sentir dono da posição, porque aí cai o rendimento e a concentração. Daqui a pouco o Dória volta e outro atleta sai. Em outras funções também. Estamos sem Carlos Alberto e Emerson, referências, mas buscando as vitórias. Se não mostra futebol maravilhoso, está atrás dos resultados. O Sidney tem um futuro muito promissor, detectei isso desde que cheguei. Sempre que posso quero que ele participe da equipe nos treinos, porque sei que vou usá-lo. Ele sabe segurar a bola, fazer a sua parte e hoje entrou bem.

SORTE E DEFESAS JEFFERSON

A sorte faz parte e é um detalhe. Só é favorável quando merece, e a falta de sorte também castiga. Tivemos sorte nesse lance, mas no primeiro tempo também acho que houve dois impedimentos mal marcados que poderiam virar gols do Botafogo. No jogo acontece. Quem está vencendo por 1 a 0, nos minutos finais, sofre, porque o outro time se lança a frente. Esse lance, de onde vi, o Jefferson tocou a bola, que correu o gol inteiro e felizmente saiu. Quando tudo funciona no clube, a sorte também vem e dá uma força.

REPETIR ESCALAÇÃO

Sim. Hoje infelizmente tivemos a saída do Daniel, que sentiu lesão muscular na coxa. Não sei se recupera para quarta-feira. Repetir o time ajuda, porque os atletas vão se conhecendo. Alguns ainda estão tímidos e nesse sentido também é importante. Ainda vão chegar outros atletas de fora, mas é interessante manter o time. Dos últimos nove pontos, fizemos seis.

CEARÁ COPA DO BRASIL

Vamos ter de virar a chave. É uma disputa diferente. São dois jogos, ou um de 180 minutos. É muita coisa envolvida. Aspecto emocional fala muito. Um time maduro e que sabe jogar a Copa do Brasil caminha bem, mas preparado emocionalmente vai mais. O Ceará é traiçoeiro, tem uma defesa sólida e pude acompanhar. Tenho amigos lá dentro. O Ceará será tão difícil quanto qualquer outro de Série A. Estão liderando a Série B e poderiam estar na Série A. É importante não tomar gols em casa, para ter vantagem no segundo jogo. Isso ajuda emocionalmente.

SEQUÊNCIA NO MARACANÃ TORCIDA LOTAR ESTÁDIO

Sem dúvida. Pelo sistema de disputa, o torcedor vai vir. E se quer ver um time lutador, que apesar de ter uma série de dificuldades, as quais estão sendo resolvidas, vai vir ao Maracanã. Teremos mais gente do que hoje. Espero o dobro quarta-feira, e que domingo contra o Santos tenhamos lotação máxima, fazendo do Maracanã um caldeirão. Quando o time sente que está incentivado, se enche de brio. Falei para eles que era uma semana de nove pontos. Faltam seis e contamos com o torcedor para isso.

SANTOS

Teve a chegada do Robinho e é diferente. O Santos é bem dirigido, mas dentro do Maracanã terá de sofrer. O Botafogo tem de tornar o jogo desconfortável desde o primeiro tempo. Se não tenho Ferreyra, tenho a volta do Sheik. Não sei se terei o Daniel para domingo, o Airton também sentiu lesão. Não só nós, mas todos times passam a ter problemas para escalação, mas tentaremos achar as soluções.

COPA DO BRASIL PODE ATRAPALHAR O BRASILEIRO E VICE-VERSA

Pode sim. No Atlético-PR vivi isso e uma hora os atletas se esgotaram. Tivemos 41 jogos sequência de quarta e domingo. Chega uma hora o cara está desgastado. Nós dirigimos seres humanos. Mas enquanto tivermos perna, temos de seguir em frente. Precisamos honrar essa camisa. O torcedor quer ver o melhor time possível. Neste momento, entraremos com força máxima em todos os jogos.

JEFFERSON GOLEIRO DE SELEÇÃO

Quando você vê o jogo de fora, que é o meu caso, e olha o Jefferson no gol, a chance do adversário fazer um gol diminui muito. Ele preenche o gol, não só pela técnica e postura, mas por como conduz o sistema defensivo. Sempre está orientando os atletas. O Jefferson tem salvado o Botafogo várias vezes. Ter um jogador de Seleção no elenco é muito bom.

FALTA DE CONTRA-ATAQUES NO SEGUNDO TEMPO


Citei que o posicionamento do Zeballos no segundo tempo foi diferente do que deveria fazer. Ele ficou adiantado, então a saída de bola da Chapecoense, com o Wanderson, acabava neutralizando a nossa marcação. O nosso time ficou afastado. Perdemos o Daniel, jogador que representava perigo sendo veloz. Tudo isso contribuiu para que no momento final fosse necessário segurar o 1 a 0, mas é uma maneira de jogar que não me agrada. É importante ser perigoso o jogo inteiro, mesmo quando adota uma postura de marcação. Se você abdica do ataque, chama demais o adversário para cima.


Por Marcelo Hazan Rio de Janeiro/GE

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