Carlos Alberto faz careta durante exercício na academia do BotafogoVitor Silva/SSPress |
Apesar de uma boa notícia nesta sexta-feira, o clima do Botafogo esquentou de tal forma que a diretoria começa a observar a possibilidade de perder um dos trunfos que tinha para lidar com a crise. O bom ambiente no vestiário alvinegro foi colocado em xeque após pagamento antecipado de salários a Dória e Gabriel. Com aval da diretoria, investidores evitaram o terceiro mês de atraso na carteira de trabalho da dupla – a intenção era evitar a saída dos atletas através de rescisão contratual, sem retorno financeiro.
As cobranças dos líderes do Botafogo eram sempre em cima da diretoria, mas o alvo mudou com a manobra do Botafogo e seus parceiros. Os jovens Dória e Gabriel foram questionados, durante reunião na quinta-feira, sobre o motivo de não terem contado aos companheiros sobre o acerto de parte de seus salários.
O estafe do zagueiro, observado por clubes europeus desde 2013, confirma a chance de haver focos de insatisfação. "Como o jogador poderia fazer em uma situação dessas? Falar para tirar o dinheiro da sua conta? É só os jogadores terem a leitura correta que não haverá problema", afirmou o empresário Jolden Vergette ao UOL Esporte.
O agente de Dória ressalta que uma venda poderia aliviar alguns dos problemas do clube, mas nega propostas no momento. Vergette, por outro lado, admite situação "insustentável" no clube de General Severiano e prevê uma saída em caso de uma oferta oficial ao seu cliente. "A decisão de sair é dele, da família e do clube. A situação é insustentável, crítica. Existem várias conversas, mas nada concreto".
Gabriel é outro jogador visto como promissor. Também teve o salário depositado antes dos demais companheiros para que não houvesse chance para rescisão unilateral de contrato. técnico Vagner Mancini nega desentendimento do grupo pelo caminho tomado pela alta cúpula alvinegra.
"Não existe grupo rachado. Se existisse, eu não estaria e nem muitos atletas. O que aconteceu é que o grupo ficou sabendo que dois atletas receberam um mês de CLT. Naquele momento, eles acharam melhor se reunir e perguntar. O Gabriel e o Dória disseram que receberam o depósito, mas que não sabiam do que era. Como eu já tinha a informação, avisei a eles que houve o pagamento através dos investidores", ressaltou o treinador, que defendeu a iniciativa.
"Eles estariam livres se não fosse o depósito. Aqui nós conversamos sem sacanagem. Mais uma vez foi feito assim, só que desta vez a conversa foi no campo. Gabriel e Dória são adorados por todos. Colocamos uma pedra em cima e fomos treinar", desconversou.
Com 100% de suas receitas bloqueadas, o Botafogo sofre para respirar financeiramente. Com a ajuda do Sindeclubes (Sindicato de Empregados de Clubes do Rio), verba de R$ 2,5 milhões foi liberada para pagamento de jogadores e funcionários. O clube, porém, ainda tem que acertar dois meses de salários em carteira e seis de direitos de imagem, além do FGTS.
Em meio aos problemas extracampo, o Botafogo se preparou para confronto importante no Campeonato Brasileiro. Neste sábado, a equipe realiza o último treino antes do duelo fora de casa contra o Atlético-PR, às 16h do domingo. O Alvinegro está na beira da zona de rebaixamento do torneio, na 16ª colocação com 13 pontos.
GOTTARDO DIZ QUE EXPERIENTES RESOLVEM OS PROBLEMAS DO GRUPO (vídeo)
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