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sábado, 16 de agosto de 2014

Mancini agradece ajuda e prevê que pior passou: "Botafogo voltou a sorrir"


Técnico fala que envolvimento com questão financeira aumentou sua identificação com o clube: "Parece que estou aqui há dois anos"




Mancini sorri em conversa com jogadores: ambiente melhor
 após ajuda de torcedores (Foto: Vitor Silva / SSPress)
No início da tarde da última quarta-feira, Vagner Mancini esteve reunido com integrantes de sua comissão técnica e alguns jogadores para um compromisso que nada a tinha ver com plano tático ou até mesmo análise de uma possível contratação. O encontro era com representantes de torcedores que se dispuseram a salvar o ambiente do Botafogo contribuindo financeiramente para o pagamento de parte dos salários devidos pelo clube. Ao chegar ao Engenhão naquele mesmo dia, convocou um encontro de todo o grupo para comunicar a boa notícia. Quase que de forma imediata, viu o clima modificar. No lugar do semblante de desânimo, observou olhares de esperança e, portanto, motivação. Sentiu que, a partir daquele momento, seu trabalho ganhou nova perspectiva.

Obrigado diariamente a tratar de assuntos que passam longe do campo, Mancini está cada vez mais inserido no contexto do Botafogo. Tanto é que, em entrevista ao GloboEsporte.com, admitiu que as dificuldades o fizeram sentir-se muito identificado, a ponto de projetar uma longa passagem pelo clube.

GloboEsporte.com - O que se diz nos bastidores é que houve uma mudança de ambiente quase que imediata quando os jogadores foram comunicados da ajuda financeira de um grupo de torcedores. Como isso ocorreu?

Vagner Mancini - Realmente houve uma mudança, porque todo mundo esperava uma luz no fim do túnel, e isso aconteceu nesta semana. Então é óbvio que agora temos um ambiente mais leve e a esperança de que tudo se resolva rapidamente. É importante quando se vê um ambiente com as pessoas sorrindo, felizes. Nós não tínhamos isso, embora sempre tenha existido muita amizade entre jogadores, comissão técnica e funcionários. Existia em alguns momentos uma falta de concentração, e tínhamos que ter sensibilidade para entender isso e às vezes alterar o que havia sido planejado. Hoje existe uma mudança que ainda não é a ideal. O ambiente do Botafogo vai ficar mais leve quando as vitórias começarem a aparecer e a confiança voltar para todos. Nesta semana tivemos uma alteração bem grande e que está fazendo bem a nós.

São pessoas que não fazem parte da diretoria, mas que fazem parte da história do Botafogo. Pessoas que se incomodaram com a situação e quiseram ajudar. É um momento de aflição, pesado e difícil na história do clube, que vem derrapando na parte financeira nos últimos anos. Ficamos felizes porque sabemos que existem pessoas que observam isso

Mancini, sobre a ajuda financeira de torcedores alvinegros ao clube

E como foi ver o reflexo disso no dia a dia de trabalho a partir do momento em que você comunicou a novidade aos jogadores no vestiário?

Foi uma sensação maravilhosa, pois pude dar uma notícia que todos queriam. Óbvio que mudar uma situação que vem de quatro, cinco meses não vai ser num dia. É necessário um tempo para que o grupo absorva e para que isso possa ir encobrindo os problemas que os salários atrasados causaram. É importante dizer que todos que fazem parte do grupo estão mais leves porque sabem que a solução está por chegar. O sorriso voltou ao Botafogo, e uma sequência de vitórias vai fazer com que a gente volte ao nosso normal.

Como é para um treinador ter que se envolver em questões que fogem completamente de suas funções habituais, como no caso dessa reunião?

O futebol brasileiro, pela falta de planejamento e estrutura, acaba te dando a condição de fazer coisas que fogem à sua alçada. Foi uma reunião de emergência, e nós agradecemos imensamente a todas essas pessoas que têm se preocupado, porque sem o auxílio deles seria muito difícil. O Botafogo talvez entrasse em colapso. Mas é óbvio que é diferente daquilo que um treinador deveria fazer. Alguns atletas também estavam ali sentados num ambiente que não era para eles. A gente tenta se adaptar.

Estou aqui há quase cinco meses e meu envolvimento é tamanho que parece que estou aqui há dois anos. Em poucos clubes criei tanta identificação tão rapidamente. Espero que isso signifique um longo tempo no Botafogo. Claro que estamos num período de turbulência, mas espero que sol volte a brilhar, como há mostras de que isso vai acontecer. O trabalho é para que o Botafogo possa subir na classificação e tenha um fim de ano maravilhoso

Vagner Mancini

O episódio o fez de alguma forma enxergar o Botafogo sob uma nova perspectiva e observar o tamanho do clube por conta dessa mobilização?

É impressionante. São pessoas que não fazem parte da diretoria, mas que fazem parte da história do Botafogo. Pessoas que se incomodaram com a situação e quiseram ajudar. Muitas vezes isso não acontece fora do futebol porque é um esporte dotado de paixão, e o apaixonado pelo futebol acaba passando dos limites do carinho pela instituição. Eu sabia que o Botafogo tinha gente por trás, assim como ocorre em outros clubes. É um momento de aflição, pesado e difícil na história do clube, que vem derrapando na parte financeira nos últimos anos. Ficamos felizes porque sabemos que existem pessoas que observam isso. Seria importante que os apaixonados pelos seus clubes enxergassem neles uma estrutura capaz e um planejamento decente. Um caminho mais profissional para que no futuro não voltemos a falar sobre isso. Treinador e atleta têm que falar de campo e jogo.

Seu alto grau de envolvimento em toda essa questão de atraso de salários o fez sentir uma identificação maior com o Botafogo?

Obviamente que acaba havendo esse sentimento. Estou aqui há quase cinco meses e meu envolvimento é tamanho que parece que estou aqui há dois anos. Em poucos clubes criei tanta identificação tão rapidamente. Espero que isso signifique um longo tempo no Botafogo. Claro que estamos num período de turbulência, mas espero que sol volte a brilhar, como há mostras de que isso vai acontecer. O trabalho é para que o Botafogo possa subir na classificação e tenha um fim de ano maravilhoso.

Por Gustavo Rotstein*Rio de Janeiro/GE

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