Apaixonado pelo Glorioso, Sérgio Coelho investe pesado para deixar tudo com a cara do Fogão em Juiz de Fora. "Não me arrependo do que gasto com o Botafogo", diz
TAL PAI, TAL NORA
Sérgio tatuou o escudo do Botafogo no braço (Foto: Bárbara Almeida) |
O bar de Sérgio é reduto de alvinegros em dia de jogo e não por coincidência leva o nome de uma criatura presente na história do clube: Biriba, o cachorrinho do presidente Carlito Rocha, mascote do título carioca de 1948. Nas paredes, vários artigos remetem ao clube. Orgulhoso, o proprietário mostra a tatuagem do escudo do Glorioso no braço e conta que já gastou R$ 500 mil decorando a casa e o bar com quadros, fotos e objetos nos muitos anos acompanhando o time do coração.
– Não me arrependo do que gasto com o Botafogo. Tenho um cordão em ouro para homenagear o time que custou R$ 20 mil. Eu nem uso, mas tenho guardado comigo. Uma vez, um garoto passava pela rua com uma camisa do time que eu ainda não tinha, então eu o chamei e comprei a camisa que ele vestia. Depois eu dei outra camisa a ele. É um amor sincero, eu não sofro se o time perde, nunca passei mal em jogos. É um gostar sem esperar algo em troca, sabe? – contou.
Teto da casa foi planejado com escudo do alvinegro (Foto: Bárbara Almeida) |
Sérgio acredita que o título alvinegro já poderia ter vindo nas rodadas anteriores. Mesmo chateado com a goleada diante para Santa Cruz no Engenhão, o botafoguense enxerga um lado positivo no adiamento da confirmação do título, que pode sair na sexta-feira, às 21h30, contra o ABC, no Mané Garrincha.
– Deus escreve certo por linhas tortas. Vai ser muito justo o time confirmar o título com o Jefferson no gol. Ele foi o único jogador mantido no elenco do rebaixamento, sempre foi grato ao Botafogo e não esteve presente no jogo do acesso por estar na Seleção. Sexta ou depois, se a gente levantar o título com o Jefferson, vai se fazer justiça a quem escolheu permanecer no clube – elogiou.
Nascido no Rio de Janeiro e há 40 anos morando em Juiz de Fora, Sérgio demorou cinco anos para construir a casa e o bar do jeito que pretendia. Sauna, quartos, banheiros, viveiro e teto foram decorados a dedo.
– Aqui em casa tudo tem que ser preto e branco. O Botafogo é o amor da minha vida. Eu planejei essa casa por muitos anos e hoje ela está quase do jeito que eu quero. Falta só colocar o escudo na piscina e pintar a fachada da casa, que hoje é verde – detalhou.
Banheiro e sauna não escapam: tudo na casa de Sérgio leva as cores do clube (Foto: Bárbara Almeida) |
Sérgio mora com a esposa, Rosane Nery de Castro Sarte, na residência acima do bar que ele administra em Juiz de Fora. Apesar de não ser torcedora do Botafogo, ela diz que acha a decoração preta e branca de muito bom gosto e que nunca se opôs às vontades do marido. A única coisa que ela não quer é a fachada toda alvinegra.
– Ah, eu fico com o trabalho pesado, que é limpar todos os milhares de objetos do Botafogo que tem aqui em casa. Mas eu gosto, faço com prazer. Acho bonita a decoração preta e branca, eu nunca coloquei empecilho quanto a isso. Só não queria que a fachada fosse preta e branca porque tenho medo do pessoal dos time rivais jogar tomate e ovo nas paredes – disse a dona de casa de 52 anos.
Enquanto passa o tempo no bar, Sérgio aproveita para receber os amigos. O casal também tem um cachorro. O nome? Garrincha.
– O bar é mais um hobby mesmo. Aqui o pessoal vem e assiste comigo a todos os jogos. Já o Garrincha é o meu amor, ele late quando o Botafogo faz gol e é preto e branco também. Ele é filho de um antigo cachorro que eu tinha que chamava Foguinho – lembrou.
Bar recebeu o nome de Biriba em homenagem ao mascote do time (Foto: Bárbara Almeida) |
O amor pelo Botafogo também passou para o único filho do casa, Victor de Castro Sarte, de 31 anos. Funcionário público, ele também sabe tudo sobre a história do time e se declara fã de Loco Abreu. A paixão é tão grande, que até a esposa Ariela teve que ser convertida antes do casamento.
– Quando ele foi casar, a única coisa que eu pedi foi que a esposa dele, que era flamenguista, torcesse pelo alvinegro. Seria muito ruim se nas reuniões de família e durante os jogos ela ficasse torcendo contra o Botafogo. Ela entendeu e hoje ama o Botafogo também – declarou Sérgio.
Ariela Rocha Sarte confirma a versão do sogro e afirma que, quando decidiu virar a casaca, deixou o pai chateado.
– Quando eu conheci o Victor, eu era Flamengo. Na verdade, a minha família inteira era e eu também torcia, tinha camisa e tudo. Foi aí que eu conheci o Victor e a família dele me influenciou. O seu Sérgio me disse que para entrar para a família, teria que virar botafoguense. Acabou que eu virei. Na época, meu pai não gostou muito, mas acabou aceitando (risos) – brincou Ariela.
Quem se deu bem com tudo isso foi Victor, que conseguiu uma esposa botafoguense para a família. A criação junto do pai e o fanatismo pelo Botafogo trazem boas recordações ao alvinegro, que destaca um momento e um ídolo especial na história do Glorioso.
– Aqui em casa todos nós amamos o Botafogo. Tenho muito orgulho de ter nascido em um lar botafoguense. Eu nasci vendo e ouvindo as histórias do meu pai com o time. Sei toda história do clube, e o jogador que passou pelo time que mais gosto é o Louco Abreu. A cavadinha dele é inesquecível – lembrou.
Anjo das pernas tortas: foto fica na área de lazer da casa (Foto: Bárbara Almeida) |
Victor aprendeu a amar Botafogo com o pai (Foto: Bárbara Almeida) |
Para casar, noiva de Victor teve que se converter ao Botafogo (Foto: Bárbara Almeida) |
Escova de dente também é em homenagem ao time (Foto: Bárbara Almeida) |
Torcedor fanático perdeu as contas de quantas camisas tem do clube (Foto: Bárbara Almeida) |
Por Bárbara Almeida e Bruno Ribeiro Juiz de Fora, MG/GE
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