Um mês após lançamento, clube vai começar a implementar novidades, como planos com 100% de desconto nos jogos. Para atingir projeção anual, faltam 17 mil adesões
Na última sexta-feira, o novo "Sou Botafogo" completou um mês de lançamento. Em número, os resultados do programa de sócio-torcedor do Botafogo, que aposta em preços mais populares e planos flexíveis, ainda não são expressivos: obteve cerca de 800 novas adesões, perdeu de 10% a 15% no processo de recadastramento e está atualmente com 13 mil sócios aproximadamente, dois mil a menos do que em relação ao ano passado. A diretoria por enquanto não atualizou seus dados no "Movimento Por Um Futebol Melhor", mas de acordo com informações do site a média alvinegra será a mais baixa entre os quatro grandes do estado: o Vasco tem 17.466; o Fluminense, 31.889; e o Flamengo, 60.604 (números colhidos na noite de domingo).
Torcida do Botafogo compareceu em grande número a São Januário contra o Vasco (Foto: Vitor Silva/SSPress/Botafogo) |
Vice-presidente de comunicação do Botafogo, Marcio Padilha vem fazendo um trabalho de convocação e auxílio nas redes sociais. Em sua conta pessoal no Twitter, o dirigente tira várias dúvidas de torcedores em relação ao programa e incentiva novas adesões: "Ontem à noite fechamos o dia com 387 novos STs. Hoje já estamos em 130. Será que vamos superar os 387?", escreveu no último dia 16. Ele admitiu que a diretoria tinha a expectativa de ter uma quantidade maior de inscrições neste primeiro mês, porém, entende os motivos e espera resolvê-los para alcançar a projeção de 30 mil sócios-torcedores em 2016. Faltam cerca de 17 mil.
Vamos ter um compromisso de, a cada um real gerado no programa, colocar mais 50 centavos. Ou seja, se tiver 20 mil sócios-torcedores que geram R$ 800 mil por mês, aí vão ter mais R$ 400 mil e vai dar R$ 1,2 milhão. Aí teríamos uma folha de R$ 4,2 milhões, não mais de três. E não é que o Botafogo vai estar pagando mais, a gente acha que cada real do sócio-torcedor ele acaba gerando mais 50 centavos de compras, despesas..."
Luis Fernando Santos,
vice executivo do Botafogo
- Com a mudança do nosso sistema, a gente teve que fazer coisas drásticas, tirar do ar para poder migrar de um sistema para o outro. Então precisava que todo mundo entrasse novamente no novo sistema e criasse uma nova senha e colocasse o número do cartão de crédito para continuar fazendo parte do programa. Isso gerou um impacto negativo um pouquinho na torcida, mas é algo que estamos resolvendo. (...) Nós esperávamos um pouquinho mais. Mas entendemos que o torcedor está desconfiado. (...) O torcedor reage muito ao momento do futebol. Nós temos plena confiança no Ricardo (Gomes, treinador), no grupo. Essa cobrança da mídia estava repercutindo muito na própria torcida, começou a acreditar que o time do Botafogo é muito inferior aos outros e isso gera um recuo, um certo receio, bronca... (...) A gente quer chegar a 30 mil até o final de 2016. Acho que, com nosso desempenho em campo, vamos provar para a torcida que merecemos o voto de confiança, e mais gente vai aderir.
O programa funciona com um plano básico, que leva o nome de "Botafogo no Coração", custa R$ 13,90 e oferece uma rede de descontos ofertados pelos parceiros. Todo novo sócio começa por ele, mas poderá adquirir outros benefícios a sua escolha no chamado "carrinho de compras". No momento, o único produto disponível no setor é para a aquisição de 50% de desconto nos ingressos para as partidas de mando de campo do Alvinegro. Mas para atrair mais público, o Botafogo se movimenta para implementar já nesta semana dois planos VIP que darão direito a acesso de graça aos estádios. Um irá custar de R$ 150 a R$ 170, e o outro, R$ 250. O mais caro dará ainda direito a brindes e experiências exclusivas, como entrar no ônibus dos jogadores, ir aos vestiários, acompanhar entrevistas coletivas no clube, entre outras coisas.
- Em função de alguns sócios mais incisivos, estamos criando dois pacotes novos com acesso ao jogo. A gente está chamando de VIP e Super VIP, ainda não foram batizados, mas seria alguma coisa desse tipo. É um plano que o torcedor vai colocar no carrinho dele, mas vai estar lá no regulamento que ele sabe que, se vender o jogo (outro local), ele pode até ir, agora passagem, estadia, alimentação... É por conta dele - explicou Padilha.
Imagem do programa Sou Botafogo (Foto: Divulgação) |
- Vamos ter um compromisso de, a cada um real gerado no programa, colocar mais 50 centavos. Ou seja, se tiver 20 mil sócios-torcedores que geram R$ 800 mil por mês, aí vão ter mais R$ 400 mil e vai dar R$ 1,2 milhão. Aí teríamos uma folha de R$ 4,2 milhões, não mais de três. E não é que o Botafogo vai estar pagando mais, a gente acha que cada real do sócio-torcedor ele acaba gerando mais 50 centavos de compras, despesas...
Para se associar, os alvinegros podem se recadastrar ou fazer novas adesões pelo site oficial ou na sede de General Severiano. A diretoria disponibilizou uma central de atendimento, de número 4003-9979, para esclarecer dúvidas.
Confira a entrevista completa com Marcio Padilha e Luis Fernando Santos
GloboEsporte.com: Qual o panorama deste primeiro mês do programa?
Padilha: Com a mudança do nosso sistema, a gente teve que fazer coisas drásticas, tirar do ar para poder migrar de um sistema para o outro. Isso realmente não foi bom, mas precisávamos pagar esse preço. Porque do sistema anterior não vieram as senhas e os números do cartão de crédito. Então precisava que todo mundo entrasse novamente no novo sistema e criasse uma nova senha e colocasse o número do cartão de crédito para continuar fazendo parte do programa. Isso gerou um impacto negativo um pouquinho na torcida, mas é algo que estamos resolvendo. Reforçamos o nosso atendimento presencial, telefônico...
As adesões atenderam às expectativas?
Nós esperávamos um pouquinho mais (por causa do valor mais baixo). Mas entendemos que o torcedor está desconfiado. Tem o problema do boleto também que a nova operadora está negociando com o banco ainda. A gente acredita que, quando implantar o boleto, vai dar um boom de adesões porque tem muita gente esperando"
Marcio Padilha,
vice de comunicação do Botafogo
Padilha: Nós esperávamos um pouquinho mais (por causa do valor mais baixo). Mas entendemos que o torcedor está desconfiado. Tem o problema do boleto também que a nova operadora está negociando com o banco ainda. A gente acredita que quando implantar o boleto vai dar um boom de adesões porque tem muita gente esperando o boleto bancário.
Santos: Principalmente porque não podemos oferecer o jogo. O torcedor tem o plano do jogo, agora começa a dificuldade de renovação. Ele quer renovar com o jogo, aí chega lá e não encontra. Aí ele fica em dúvida se ele não sabe fazer. Aí começa o processo, liga, a gente diz que não tem o jogo por enquanto...
Tiveram mais renovações ou novas adesões?
Padilha: Tem os dois casos. Quem está renovando, estamos entendendo como nova adesão porque tem que cadastrar tudo de novo. Mas para quem tem a carteirinha ativa não cobramos taxa de adesão; se o cara parou de pagar em outubro e quer voltar agora, não se está cobrando os atrasados; estamos fazendo tudo para incentivar o pessoal a aderir. Adesão nova foi em torno de 800. O resto é pessoal que está renovando. A gente tinha 15 mil ano passado e acredita que esses dois mil vamos recuperar e continuar subindo.
Qual é a influência do time em campo sobre o ST?
Padilha: O torcedor reage muito ao momento do futebol. A diretoria, nós temos plena confiança no Ricardo, no grupo. Essa cobrança da mídia estava repercutindo muito na própria torcida, começou a acreditar que o time do Botafogo é muito inferior aos outros e isso gera um recuo, um certo receio, bronca... A gente precisa desse voto de confiança. Se chegar a R$ 50 mil sócios-torcedores, vai ser bom para o Botafogo. E vai ser bom para o sócio-torcedor, aumenta nossa capacidade de investimento, dará para fazer mais promoções, criar mais eventos... Uma coisa leva à outra. Os clubes de maiores investimentos estão com a folha de pagamento de futebol muito superiores a nossa. Estamos com cerca de 25% deles. Para chegar em um investimento intermediário tem que aumentar muito a nossa base de sócios-torcedores. E aí tem um apelo para a torcida. É o efeito "Tostines" (marca de biscoito que tinha o slogan "fresquinho porque vende mais, ou vende mais porque é fresquinho"), que eu sempre brinco: a gente monta o time para a torcida aderir ao sócio-torcedor ou a torcia adere ao sócio-torcedor para podermos melhorar o time?
Você falou em 50 mil sócios-torcedores. É uma expectativa real?
Padilha: É. Queremos chegar a 30 mil até o final de 2016, acho que com nosso desempenho em campo vamos provar para a torcida que merecemos o voto de confiança. Mais gente vai aderir. Existe uma possibilidade de ter o mando de campo definido, e aí poder voltar com o acesso 100% nas condições normais. A gente aposta nisso aí, que até o final do ano chegue nos 30 mil. Torcida tem que dar um voto de confiança.
Jefferson é mais uma vez o garoto-propaganda do programa de sócio-torcedor do Botafogo (Foto: Divulgação / Botafogo) |
Quais serão as próximas novidades do programa?
Padilha: Em função de alguns sócios mais incisivos, estamos criando dois pacotes novos com acesso ao jogo. A gente está chamando de VIP e Super VIP, ainda não foram batizados, mas seria alguma coisa desse tipo. É um plano que o torcedor vai colocar no carrinho dele, mas vai estar lá no regulamento que ele sabe que, se vender o jogo (outro local), ele pode até ir, agora passagem, estadia, alimentação... É por conta dele
Em função de alguns sócios mais incisivos, estamos criando dois pacotes novos com acesso ao jogo. A gente está chamando de VIP e Super VIP, ainda não foram batizados, mas seria alguma coisa desse tipo. É um plano que torcedor vai colocar no carrinho dele, mas vai estar lá no regulamento que ele sabe que, se vender o jogo, ele pode até ir, agora passagem, estadia, alimentação... É por conta dele"
Marcio Padilha,
vice de comunicação do Botafogo
Santos: Tem direito a acesso a qualquer jogo do Botafogo com mando nosso. Não importa onde, até mesmo no Mundial de Clubes. Vai premiar a pessoa que quer participar muito mais de um plano melhor entregando mais dinheiro.
Padilha: Tem um monte de coisa para entrar no carrinho. Vai ter curso de mergulho, plano de previdência, dependentes já estão podendo ser incluídos, vão ter três universidades que vamos oferecer promoções, os dois planos VIP... E temos um projeto agora de experiências digitais, como o bastidor que a gente vê depois na edição talvez vai ver ao vivo, sócio-torcedor vai ter acesso diferenciado à entrevista coletiva... Por mais que as pessoas achem que não tem benefícios, hoje por exemplo você faz duas corridas de taxi na "Easy Taxi" e economiza R$ 20 reais. E paga R$ 13,90 no plano básico, então você ainda tem R$ 6 de lucro. Pode ajudar o clube sem gastar nada, pelo contrário, você economiza mais do que gastou.
Santos: Vamos ter um compromisso de, a cada um real gerado no programa, colocar mais 50 centavos. Ou seja, se tiver 20 mil sócios-torcedores que geram R$ 800 mil por mês, aí vão ter mais R$ 400 mil e vai dar R$ 1,2 milhão. Aí teríamos uma folha de R$ 4,2 milhões, não mais de três. E não é que o Botafogo vai estar pagando mais, a gente acha que cada real do sócio-torcedor ele acaba gerando mais 50 centavos de compras, despesas...
Por que o número não está atualizado no "Movimento Por Um Futebol Melhor"?
Padilha: Está congelado, diferença muito pouca. Integração sistêmica, está definindo o prazo desses 30 dias, antigamente era 90, está integrando com a Ambev. Tem uma fila de ajustes, mas em breve vai estar normal. Alguns clubes, não vou falar nomes, mas deixam o inadimplente por seis meses lá ainda. Nós deixamos por 30 dias, é uma média que a gente acha normal para ser inadimplente, porque em 30 dias ele pode ter tido um problema, cartão não passou, trocou o número do cartão e esqueceu de se recadastrar no programa... Mas depois disso não tem porque. Tenho informações extraoficiais que tem clube aí com 50% de adimplentes do que está divulgado lá.
Por Thiago Lima/Rio de Janeiro/GE