Enquanto faz levantamento interno para calcular prejuízos com interdição do estádio, diretoria alvinegra acompanha os desdobramentos da guerra judicial entre consórcios
O novo estudo que apontou como desnecessária a interdição do Estádio Nilton Santos, por ora, não muda os planos do Botafogo. Na última terça-feira, a rádio CBN divulgou a análise da DFA Engenharia e da Controlatto, que considera as falhas alegadas para a reforma na cobertura como diferenças normais em construções de grande porte e que não havia nenhum sinal de desgaste, sendo até mesmo a suposta ferrugem só falta de manutenção na pintura. O clube ainda pretende processar a Prefeitura do Rio de Janeiro pelo prejuízo gerado, mas a ação acontecerá independentemente da necessidade da obra no estádio, interditado em 2013.
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Obra de reforço na cobertura do estádio inseriu mais 1.500 toneladas de aço no local (Foto: Ale Silva / Agência Estado) |
Internamente, o Botafogo realiza levantamento para calcular o quanto deixou de ganhar sem o Engenhão. Até mesmo no ano passado, quando utilizou o espaço na Série B, o clube não teve o estádio integralmente liberado em momento algum, uma vez que as obras seguiram durante todo 2015. Após três anos e quatro meses, o local começou a ser devolvido ao Alvinegro na semana passada, mas com restrições: funcionários do comitê olímpico ainda desmontam a estrutura utilizada na Olimpíada, como por exemplo as arquibancadas provisórias atrás dos gols. A previsão para terminar o "desmanche" e liberar o Nilton Santos para partidas é em novembro.
Se foram necessárias ou não as obras, é uma questão mais lateral. Seria necessária uma perícia complexa de engenharia para provar isso. Mas é claro que, se esses fatos se tornarem notórios, sem dúvida será mais um elemento favorável na ação de prejuízos de diversas ordens causados pelo município"
Domingos Fleury, vice jurídico do Botafogo
– O objetivo é quantificar o prejuízo do Botafogo com a suspensão do Estádio Nilton Santos. É um levantamento que está em andamento, deliberado pelo conselho diretor, e acredito em ação cobrando prejuízos do município. Até pela maneira que ocorreu a suspensão, com o descumprimento do contrato por parte do município, suspendendo a concessão brutalmente, no meio do campeonato. Só agora nesse mês é que vai haver a devolução oficial ao Botafogo – argumentou Domingos Fleury, vice-presidente jurídico do Botafogo.
Há uma guerra na Justiça entre o Consórcio Engenhão, formado pela Odebrecht e pela OAS, e o primeiro consórcio RDR (Racional, Delta e Recoma). Apesar de não se envolver no mérito da necessidade da reforma, a diretoria alvinegra acompanha atentamente a situação. Caso o novo estudo seja aceito judicialmente, Fleury vê a mudança no cenário como um trunfo à alegação do Alvinegro, que servirá de embasamento para a atual e outras ações cabíveis.
– Se foram necessárias ou não as obras, é uma questão mais lateral. Seria necessária uma perícia complexa de engenharia para provar isso. Mas é claro que, se esses fatos se tornarem notórios, sem dúvida será mais um elemento favorável na ação de prejuízos de diversas ordens causados pelo município.
Novo estudo aponta erro em reforma e supostas ferrugens como apenas falta de pintura (Foto: Agência Reuters) |
A reportagem do GloboEsporte.com procurou o presidente do Botafogo, Carlos Eduardo Pereira, para se pronunciar sobre o caso, mas o dirigente não atendeu às ligações. No início do ano, omandatário alvinegro disse que não esperava uma indenização tão cedo pelo processo.
– Ainda estamos quantificando os prejuízos. Claro que entrar com ação contra a prefeitura quer dizer que este processo leva anos e, em caso de vitória, recebemos por meio de precatórios. Não quero falar em valores, ainda é muito precipitado. Mas tivemos prejuízo claro – disse à época.
Construído para o Pan-Americano de 2007, o estádio custou R$ 380 milhões e completa 10 anos em 2017 cercado de polêmicas. Em 2013, a Prefeitura do Rio anunciou que o Engenhão precisaria passar por um reforço estrutural imediato por conta do risco de queda da cobertura em caso de ventos acima de 63 km/h. O local teve reforço de estrutura calculado em R$ 200 milhões após interdição – custo estimado da reforma que inseriu mais 1.500 toneladas de aço no estádio. O Botafogo só voltou a jogar em sua casa no ano passado, mesmo assim, em momento algum teve a arquibancada liberada integralmente por conta das contínuas obras.
Fonte: GE/Por Marcelo Baltar e Thiago LimaRio de Janeiro
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