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quarta-feira, 28 de novembro de 2018

Liderança, longevidade e lealdade: desafios de Gatito para suceder Jefferson como ídolo do Botafogo


No caminho certo, goleiro, após duas temporadas, pela primeira vez tem espaço para reinar de forma absoluta na posição





Vitor Silva/SSPress/Botafogo


Gatito Fernández conseguiu algo improvável em apenas duas temporadas pelo Botafogo. Mesmo diante de uma lesão grave do ídolo Jefferson, agora ex-jogador desde a última terça-feira, o paraguaio foi titular na maior parte do período enquanto o companheiro teve condições de jogo, acumulou atuações decisivas, sobretudo em disputas de pênalti e ganhou espaço especial no coração dos botafoguenses.


Se tornar um dos grandes goleiros do Glorioso parece uma meta alcançável. Mas há desafios para se colocar perto de Jefferson, Manga, Wagner e outros expoentes da posição. O GloboEsporte.com listou alguns exemplos deixados pelo legado de Jefferson.


1) Chance de virar um dos líderes

Que Gatito já exerce liderança técnica, ninguém discute. Ele acumula atuações importantes pelo Botafogo, e o retorno aos jogos após seis meses sem atuar provou isso. Na vitória por 1 a 0 sobre o Corinthians, em 4 de novembro, fez defesaça no último minuto do duelo.


Mas também é inegável a personalidade introvertida do goleiro. Não que isso o atrapalhe nos jogos e treinamentos, mas, conquistada a confiança de elenco e torcida, o paraguaio, que fala português fluentemente, tem a oportunidade de se afirmar como um dos principais líderes do Alvinegro.


2) Longevidade

Como Gatito disputou a posição com Jefferson, ainda não chegou nem a 100 jogos pelo Botafogo nestes dois anos, mas oportunidade não falta para ficar muito tempo no clube.


É novo para a posição - faz 31 anos em 29 de março - e já recusou propostas do exterior. Com os times atuando em média de 60 a 70 partidas por ano, é difícil chegar aos 459 jogos de Jefferson, terceiro jogador que mais vestiu a camisa alvinegra. Mas é possível acumular centenas de duelos como botafoguenses.


3) Lealdade

Gatito pode absorver de Jefferson, de quem se aproximou muito no momento em que ambos lutavam contra contusões, a lealdade. O goleiro deu exemplo de amor à camisa alvinegra em 2014. Meses após fazer parte do grupo que jogou o Mundial do Brasil, o Botafogo foi rebaixado à Série B.


Propostas aos montes chegaram para Jefferson, mas ele escolheu ficar. Sabia que isso poderia atrapalhar seus planos de continuidade na Seleção, mas optou pela paixão, conforme o próprio relatou na segunda-feiram após a despedida.


- O ano de 2014 foi difícil para o Botafogo, mas eu tive um ano positivo. Tinha tudo para deixá-lo, mas o via como uma paixão. Coloco o Botafogo acima da Seleção. Não me arrependo. A história de caráter e lealdade vai ficar como um exemplo. Nem tudo na vida é dinheiro.


4) Parar craques mundialmente conhecidos

Além das grandes atuações nos tempos regulamentares dos jogos, Gatito Fernández tem duas participações antológicas pelo Botafogo em disputas de pênaltis. Pegou três contra o Olímpia em 2017 e classificou o time para a fase de grupos da Libertadores. Na final do Carioca 2018, parou Werley e Henrique e garantiu uma conquista que parecia improvável em janeiro, mas o paraguaio ainda não teve a chance de defender penalidades cobradas por estrelas internacionais. Jefferson parou Messi e Adriano Imperador, por exemplo.


É torcer para o Paraguai voltar a ser competitivo no continente e para o Botafogo voltar a enfrentar grandes jogadores em decisões importantes.


5) Brilhar pela seleção paraguaia

Convocado pelo Paraguai desde 2011, Gatito tem contra si o momento negativo do país onde nasceu no futebol, fora das últimas duas Copas do Mundo.


As próximas eliminatórias darão oportunidade de o goleiro do Botafogo enfrentar estrelas como Messi, Neymar, Suárez e Cavani, por exemplo. É a chance de ver seu nome nos holofotes.




Gatito tem tudo para se firmar como goleiro da seleção no próximo ciclo — Foto: Divulgação / Paraguai



APOIO DE ÍDOLO E DE DIRIGENTE


Outro dos maiores goleiros alvinegros, Wagner, campeão brasileiro em 1995, vê Gatito muito próximo de se consolidar como um dos grandes nomes do clube na posição. Mesmo com apenas 76 jogos.


- Eu já acho que o Gatito está no caminho certo, já vem fazendo bons jogos e tem confiança da torcida há bastante tempo. Pelo trabalho que vem desempenhando.


- As dificuldades do Jefferson dentro do clube deram espaço para ele poder conquistar aos poucos a confiança da torcida. Tem grandes possibilidades de ser o próximo goleiro do Fogão.


Questionado se Gatito deve apostar na permanência para se firmar na história do Botafogo, Wagner não considera isso como condição indispensável e entende uma eventual saída.


- Não sei nem ele se fica muito tempo no Botafogo. Quando aparece um talento assim com a idade dele, acho que fica difícil para o Botafogo, caso venha a receber proposta por ele, não pensar em fazer negócio.


- A gente sabe que o clube está com problemas financeiros. Caso aparece um proposta que agrade aos dois lados, a gente não sabe o que pode acontecer. Mas a torcida é grande para que ele tenha a satisfação de continuar vestindo a camisa do Botafogo e que o clube possa dar condições também. Não adianta só ele querer, e o clube não ter para corresponder.


Quem espera dar essa contrapartida para Gatito é o vice de futebol do Botafogo, Gustavo Noronha, que, inclusive, já classifica o paraguaio como um ídolo botafoguense.


- Sem dúvida (Gatito pode ser novo Jefferson). É um atleta também super dedicado, nisso eles são muito parecidos, a concentração dos dois é algo impressionante. Vemos nos momentos pré-jogo como eles se preparam para as partidas, durante os jogos também. Ele tem todo o potencial para isso, para se tornar um novo Jefferson. Ídolo ele já é, eu acho. Mas a gente espera que ele se firme e siga esse caminho que o Jefferson trilhou com tanto sucesso aqui no Botafogo - concluiu Noronha.


Fonte: GE/Por Fred Gomes e Thiago Lima — Rio de Janeiro

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